Análise Arkade: FRU é o melhor jogo de Kinect que você vai jogar no seu Xbox One

Se você tem um Kinect, chegou a hora tirar a poeira dele. FRU é o jogo mais criativo e interessante para este famigerado acessório do Xbox One, e você confere na sequência nossa análise completa dele!

Contextualizando

FRU começou a ser desenvolvido lá em 2014. O conceito básico do game foi criado durante uma Global Game Jam — aqueles eventos onde desenvolvedores precisam criar um game em 48 horas, sabe? — e o resultado foi muito bem recebido.

Confira abaixo esta versão “embrionária” do game (é meio “rústico”, mas lembre-se que ele foi produzido em 48 horas):

Como o conceito é muito legal, a ideia seguiu adiante. Agora, em 2016, a Through Games lança esta versão muito mais polida, melhorada e estruturada desta ideia.

A questão é: mesmo com esses dois anos que se passaram, a Microsoft ainda não sabe o que fazer com o Kinect. Ela começou a geração “obrigando” todo mundo a ter o negócio… mas logo lançou uma versão do console sem Kinect, e, atualmente o periférico está pegando pó na prateleira de muita gente.

Se este é o seu caso, chegou a hora de tirar o pó do seu Kinect, pois FRU é um game que só pode ser jogado com Kinect, e ele é simplesmente muito legal!

Combo Kinect + controle

FRU é vendido como um “puzzle platformer” que precisa ser jogado com o controle e o Kinect ao mesmo tempo. Com o controle, você controla a personagem, uma garotinha que usa uma máscara de lobo. Com o Kinect, você interage com o ambiente, usando seu corpo para “criar” caminhos para ela superar os obstáculos do game.

Ao invés de me alongar explicando acho mais fácil mostrar como isso funciona na prática. Confere aí:

Parece complicado, mas na verdade é bem simples, pois você só precisa caminhar e pular com a garotinha, podendo usar qualquer uma das alavancas analógicas ou gatilhos para isso. Ou seja, dá pra segurar o controle e comandar a personagem com uma mão só sem problemas, e o próprio jogo sugere que você faça isso.

Na prática, cada tela de FRU é um pequeno puzzle: você começa no canto esquerdo da tela e precisa chegar ao lado direito. A questão é: como fazer isso? Você precisa usar seu corpo de formas criativas para fazer plataformas aparecerem ou desaparecem do cenário, criar pontes, sumir com espinhos, rios de lava e muito mais!

Levanta do sofá e joga!

É impossível jogar FRU sem o Kinect. Também é impossível de jogá-lo esparramado no sofá, simplesmente movendo os braços ocasionalmente. Você vai precisar realmente levantar e usar o corpo inteiro para superar alguns desafios, e quando nem isso for o bastante, sugiro que você chame outra pessoa ou segure algum objeto (um travesseiro, por exemplo) para ganhar mais “área de contato”.

Usando um travesseiro…

E contando com uma ajuda da patroa para aumentar a área do “portal” da sua silhueta. :)

O que acontece é que sua silhueta se torna uma espécie de portal, e dentro dela muitas coisas podem acontecer: alguns tipos de plataformas só aparecem dentro da sua silhueta. Você também pode usar seu corpo para “tapar” poços de lava, ou “esconder” partes do cenário, criando passagens. Em um dos capítulos do game, sua silhueta vira uma “piscina”, de modo que a personagem pode simplesmente nadar através dos obstáculos.

Pode parecer repetitivo, mas o jogo dá um jeito de manter as coisas interessantes ao longo das mais de 100 telas, acrescentando diferentes mecânicas no decorrer da campanha: logo você precisará usar seu corpo também para acionar botões que criam passarelas, ou se contorcer para que sua silhueta NÃO “apague” uma plataforma que a personagem deve usar.

Nesta tela você NÃO deve encostar nos botões para manter as plataformas tangíveis!

E se isso não é o bastante para você, espere até ver os lugares insanos onde os produtores colocaram as 24 máscaras douradas colecionáveis. Em muitos casos você vai queimar a moringa pensando em uma solução, e vai se pegar fazendo as poses mais ridículas para tentar conseguir criar um caminho seguro que leve a personagem até o segredo.

Gravei um vídeo da coleta de um dos segredos mais complicados para se conseguir. Confere aí:

Um jogo com cara de fábula

Pode não parecer, mas FRU tem sim uma história. E — embora não envolva animais falantes — ela tem a maior cara de fábula, aquelas histórias simples que sempre carregam uma lição de moral, sabe? A lição de moral aqui envolve vaidade e coragem, e ainda que seja narrativamente simples, cumpre seu papel de dar um pano de fundo para o game. A trilha sonora instrumental reforça esta característica simpática do game, e combina bem com a estética do game como um todo.

A narrativa é minimalista, mas interessante.

O visual mantém uma estética fofinha que também é bem característica das fábulas. A protagonista é pequenina, gorduchinha e tem um visual simpático, e os cenários são bem coloridos e variados. É interessante como a sua silhueta afeta diretamente o visual do background, “revitalizando” os ambientes, dando-lhes novas cores ou até acrescentando elementos completamente novos.

Conclusão

Para mim, FRU é o melhor jogo de Kinect disponível no mercado. Carismático e bem executado, ele é o jogo que o Kinect merecia desde o começo, pois comprova que o Kinect pode sair do lugar comum (e dos jogos de dança) e oferecer experiências de gameplay diferentes e criativas. É realmente uma pena que ele esteja chegando tão tarde, quando a própria Microsoft parece já ter perdido a fé no acessório.

Independente disso, se o seu Kinect está aí pegando pó na estante, acho que você deveria baixar FRU para perceber um pouco do potencial desperdiçado do Kinect. Talvez FRU esteja chegando meio tarde demais… mas nunca é tarde para “desencostar” o seu Kinect e se divertir com este joguinho simples, mas extremamente criativo.

Engenhoso, cativante e muito bem executado, FRU é um “pequeno grande jogo” que merece ser experimentado. Aliás, seu precinho mais do que camarada (menos de 30 reais na Live BR) só o torna ainda mais interessante. Não deixe de conferir!

FRU foi lançado no dia 13 de julho. O game é exclusivo para Xbox One, e precisa do Kinect para ser jogado.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, podcaster e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.
Contato: rodrigo@arkade.com.br