Análise Arkade: e o “modo história cinematográfico” de Street Fighter V, é legal?

9 de julho de 2016

Análise Arkade: e o "modo história cinematográfico" de Street Fighter V, é legal?

Mais de 4 meses após seu lançamento, Street Fighter V enfim recebeu recentemente seu “modo história cinematográfico”, intitulado A Shadow Falls. Mas e essa história é boa? Vamos descobrir!

Contextualizando

História em jogos de luta não era exatamente um fator determinante. Ok, há quem goste da trama de Tekken ou The King of Fighters, mas um jogo de luta com uma campanha propriamente dita não era muito comum… pelo menos até Mortal Kombat 9, que chegou com os dois pés no peito, reinventando a franquia e reapresentando sua mitologia com um modo história elaborado e interessante.

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Depois, veio Injustice Gods Among Us — também da NetherRealms — e trouxe outra narrativa empolgante, desta vez envolvendo heróis e vilões da DC Comics. E no começo do ano, Street Fighter V chegou… “pelado”. O jogo é excelente na pancadaria, mas tem pouquíssimo conteúdo para quem busca algo além de partidas online.

Peças de Xadrez

A Shadow Falls chegou para tentar remediar esta situação, com uma trama que envolve a Shadaloo, a “ressurreição” de Charlie Nash e os planos malignos de Bison e seu (novo) fiel escudeiro, F.A.N.G. para tocar o terror no mundo. Personagens como Karin, Zagief, Rashid, Cammy e, claro, Ryu, também possuem relevância na trama.

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Basicamente, a Shadaloo está com um plano de usar “luas” artificiais para explodir diversas cidades ao redor do globo. A máquina que controla estas luas foi programada por uma garotinha de uns 8 anos (?!) e só pode ser operada depois que algumas “peças de xadrez” (?!) forem colocadas no computador. Assim, a treta toda rola enquanto mocinhos e bandidos buscam essas peças.

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Parece uma história boba? Pois é mesmo. Eu não tenho inveja do responsável por criar o roteiro deste modo história. Street Fighter nunca foi uma série super preocupada com narrativa, e o elenco de Street Fighter V é tão eclético que juntar tudo em uma história coesa deve ser um desafio e tanto.

Pare para pensar: temos militares (Guile) misturados com gurus indianos (Dhalsim), policiais (Chun Li), , boxeadores (Balrog), cobaias programadas para matar (Cammy e suas amigas) e uma divindade raivosa que se alimenta da alma de seus inimigos (Necalli).  Temos ainda uma ninja (Ibuki) que vive se atracando com uma wrestler (R. Mika) que admira outro wrestler (Zangief) e um guarda-costas punk acima do peso que parece só está interessado em comer (Birdie). E isso para nem citar os que são simplesmente esquisitos, como F.A.N.G.

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O fato é: não deve ser fácil criar uma história decente que misture personagens tão diferentes. Então, já que não saía uma história decente, o que lançaram foi uma história meia-boca, com uma narrativa fraca e desinteressante cheia de momentos piegas, clichês e alívios cômicos desnecessários.

Ou você consegue levar a sério uma história que tem momentos como esse:

Complicado, né? Não tenho nada contra uma dose de fanfarronice sem noção, o problema é que a história de Street Fighter V não foi só por esse caminho, também existem momentos mais sérios, e a mistura do nonsense com as lições de sabedoria, perseverança e auto-conhecimento simplesmente não funciona bem.

Pancadaria e confusão

Um dos méritos de Mortal Kombat é dividir sua história entre vários personagens: cada lutador tem o seu próprio capítulo, que é composto por 3 ou 4 lutas, depois vem outro, e assim sucessivamente. Street Fighter vai por um caminho mais dinâmico, mas que deixa tudo bem mais confuso.

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Você dificilmente vai jogar 2 vezes seguidas com o mesmo personagem. Se jogou com o Ryu agora, na próxima luta você pode estar com o Zangief, ou o Rashid. Cada luta dura apenas 1 round, e salvo pela batalha entre Nash e Bison, todas são bem fáceis (e talvez essa só tenha ido difícil porque eu não jogo bem com o Nash).

O negócio fica ainda mais confuso quando o jogo nos coloca do “lado errado da tela”: como vemos a história de 2 pontos de vista diferentes, pode acontecer de você assumir o controle de F.A.N.G., Necalli ou Bison sem esperar por isso, ou simplesmente começar uma luta do lado direito da tela com o personagem que você achou que seria seu oponente. Não é nada assim tão grave, mas a maneira como isso é simplesmente jogada na cara do jogador — se vira! — é estranha.

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Por fim, temos ainda um excesso de loadings que irrita um pouco. Sendo justo, todos são bem curtos… mas são TANTOS pequenos loadins entre uma cutscene e outra que acaba aborrecendo.

Tá, mas tem algo de bom?

Na verdade tem sim. O visual das cutscenes como um todo é nada menos que espetacular — ainda que as “atuações” dos personagens muitas vezes deixem a desejar. Temos algumas áreas novas aqui, e mesmo as arenas já conhecidas ganham uma nova camada de beleza e profundidade quando mostradas nas cutscenes que desenvolvem a narrativa.

Se liga nesta cena entre Ryu e Necalli que incrível. A “reunião de heróis” que rola no fim do vídeo é muito boa:

Além disso, o modo história permite que mesmo quem não adquiriu os personagens lançados via DLC possa jogar com eles. Mais do que isso, aliás, pois mesmo os personagens que ainda nem foram lançadosJuri e Urien — possuem suas batalhas, o que é bem legal.

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Outra coisa bacana: certas lutas rolam contra inimigos diferentes, como os guardas da Shadaloo ou as guerreiras do projeto Doll, as assassinas de elite de M. Bison. Cammy obviamente é a mais famosa, mas temos ainda Juri, Juni, Decapre, entre outras.

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Alguns personagens nem lutam, mas é bom vê-los de volta nas cutscenes, como o Sean, de Street Fighter III, que, para quem não sabe, é irmão da novata Laura:

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Por fim, outro detalhe interessante é a ponte que o final da história faz com Street Fighter III. Quem não jogou talvez nem pegue a referência, mas os fãs deste capítulo um tanto obscuro da série sem dúvida vão se amarrar!

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Conclusão

A Shadow Falls cumpre relativamente bem um objetivo: acrescenta mais conteúdo single player a um game que precisava muito disso lá em fevereiro. Porém, se “contar uma boa história” também era um objetivo desta expansão, aí ela realmente derrapa feio.

Análise Arkade: e o "modo história cinematográfico" de Street Fighter V, é legal?

O fato da história ser fraca compromete o jogo em si? Não necessariamente. Street Fighter V ainda é um fighting game de primeira qualidade, com gameplay refinado e uma comunidade apaixonada que vai movimentar muitos torneios emocionantes nos próximos anos. Porém, para quem não participa ativamente desta cena competitiva, o game sem dúvida ainda deixa a desejar.

A Shadow Falls é uma expansão gratuita que foi lançada no dia 1º de julho. Street Fighter V está nas prateleiras desde fevereiro deste ano, com versões para PC e Playstaiton 4. Leia nossa análise completa do game neste link.

3 Respostas para “Análise Arkade: e o “modo história cinematográfico” de Street Fighter V, é legal?”

  • 10 de julho de 2016 às 22:20 -

    leandro alves

  • .” Street Fighter nunca foi uma série super preocupada com narrativa, e o elenco de Street Fighter V é tão eclético que juntar tudo em uma história coesa deve ser um desafio e tanto.Pare para pensar: temos militares (Guile) misturados com gurus indianos (Dhalsim), policiais (Chun Li), , boxeadores (Balrog), cobaias programadas para matar (Cammy e suas amigas) e uma divindade raivosa que se alimenta da alma de seus inimigos (Necalli).  Temos ainda uma ninja (Ibuki) que vive se atracando com uma wrestler (R. Mika) que admira outro wrestler (Zangief) e um guarda-costas punk acima do peso que parece só está interessado em comer (Birdie). E isso para nem citar os que são simplesmente esquisitos, como F.A.N.G.” se fosse assim, MK9 seria um fracasso em seu modo campanha e Mortal Kombat há personagens MUITO mais esquisitos para trabalhar do que Street Fighter e é um primor em comparação a esse “Shadow Falls” A Capcom fez esse modo nas coxas mesmo só para os fãs pararem de encher, pois somente em Resident Evil que ela se preocupa em tentar dar um motivo para tudo. custava fazer um modo história como o saudoso SF Victory Capcom? sério mesmo? 

  • 11 de julho de 2016 às 11:13 -

    mikemwxs

  • Espera-se mais de uma empresa do naipe da CAPCOM, principalmente num fighting game do gabarito de SF. A Nether Realms desenterrou MK com as inovações que apresentou, incluindo o modo história. A CAPCOM deveria aprender com os acertos da concorrência!

  • 12 de julho de 2016 às 17:10 -

    Paulo Roberto Montanaro

  • Gosto do modo história apresentado. Concordo plenamente que está longe de ser uma narrativa cativante, mas até que cumpre bem o seu papel de ser uma boa – e bela – desculpa para encadear uma luta atrás da outra. Tomara que eles mantenham a proposta, quem sabe com novas pequenas histórias ao longo da vida útil do jogo.

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