Análise Arkade – Need for Speed Unbound e as boas vindas para a nova geração

15 de dezembro de 2022

Em 2020, Xbox Series X|S e PlayStation 5 chegaram, com a promessa de serem a nova geração. Entretanto, ambos os consoles chegaram em um momento muito difícil, não apenas no mundo dos games, mas em todo o mundo: a pandemia de covid-19 fez com que Sony e Microsoft mudassem suas estratégias, assim como seus parceiros.

A Sony, por exemplo, viveu pela primeira vez o fato de manter seus games exclusivos na geração anterior, pois as dificuldades de produção do PS5 poderia ser ruim para as vendas de seus jogos. Já pelos lados da Microsoft, foram dois anos sem grandes anúncios, mas também com jogos lançados para sistemas novos e anteriores. A maioria da indústria também trabalhou assim.

Por um lado, acho bom isso. Muito se diz sobre “gráficos de nova geração”, mas ainda prefiro que mais pessoas possam aproveitar os games, então sim. Prefiro jogos mais limitados graficamente (não feios, entenda), mas que permita que jogadores de sistemas mais antigos, que ainda não podem arcar com um console atual, possam aproveitar. Ao menos no início de geração, isso vale muito a pena.

Mas, por outro, demora-se muito para ver para quê tais sistemas chegaram. A boa notícia é que, às vésperas de 2023, os primeiros games “puramente” de nova geração começaram a chegar, entre eles Need for Speed Unbound. O novo game da franquia traz a Criterion de volta, uma evolução da ideia de itens visuais no jogo e, enfim, gráficos e gameplay de nova geração.

Falando em Criterion, já dá pra sentir a “alma” do estúdio na primeira cacetada que você dá num poste. Unbound é cheio de energia, e conta, logo de cara, com um trabalho estético que achei interessante. Por um lado, carros bonitos e brilhantes, com o máximo de realismo possível, mas por outro, personagens no estilão cel-shading contrastando o “real do artístico”. Constraste muito bem feito também com os efeitos que os carros soltam a cada manobra, como drifts ou saltos.

Por outro lado, muito de NFS Heat, de 2019, continua: as corridas de dia e de noite, com a noite oferecendo maiores oportunidades com maiores riscos, as garagens e o formato de corridas. O que mostra que a Criterion recebeu a seguinte “missão” da EA: trazer o que deu certo do último game, atualizando o game para o que há de mais interessante no mundo dos jogos de corrida arcade, com a liberdade de dar o “toque Criterion” no game.

Assim, temos um “pouco de tudo” no game: o jeitão Burnout de se jogar (e de ver acidentes espetaculares), as questões visuais e estéticas de Forza Horizon como roupas e elementos para o carro, um pouco da lendária série Underground e até um pouco de Most Wanted, game de 2013 que também foi feito pelo estúdio. A ação da vez é em Lakeshore City, com mais corridas pelas ruas e estradas da cidade. E como estamos em mais um submundo das corridas, mistura velocidade com estilo.

E, como estamos em 2022, as possibilidades se tornaram maiores. Se em Underground era possível colocar neon e adesivos no carro, agora é possível colocar até efeitos visuais e muito mais alternativas de personalização. Vale lembrar que os pilotos também recebem muito visual, com parcerias com marcas como Puma ou Vans, que vestem os personagens trazendo mais apelo visual.

E este visual faz mesmo a diferença, fazendo de Unbound um game muito bonito, seja na parte “realidade” ou na parte “fantasia”. A mistura dos dois elementos deixa o game com uma aura única, e deixa as corridas mais agradáveis. Corridas estas que seguem o que Heat e Payback deixaram, com o princípio de explorar a cidade, correr e ganhar dinheiro e fugir da polícia ocasionalmente.

Basicamente o game é sobre chegar na garagem, mexer no carro, sair pra rua, correr de dia, ou de noite, evitar a polícia para não perder a grana acumulada e voltar para a garagem ou algum esconderijo desbloqueado e seguir assim até terminar o game, no modo principal. E, para curtir o game, temos um gameplay bem interessante.

Apesar de ser um game arcade, o controle dos carros não são tão fantasiosos assim. Sim, ainda é possível “atravessar” árvores e guard-rails, mas o controle dos carros está um pouco mais “simulador”. Não muito, mas o suficiente para assustar alguns jogadores mais casuais no começo. Mas é possível entender o jogo e curti-lo sem maiores problemas, até pelo fato de ter uma cidade aberta pronta para dirigir a toa, sem preocupações.

A dificuldade também está um pouco mais elevada do que o normal, mas também não é nada que estrague a experiência. Assim como a polícia, que literalmente brota de vários locais, e dependendo da situação, vai exigir muito de você. Porém não é nada que faça o jogador “desistir” do game por ser “muito difícil”.

A Criterion entregou um game caprichado. Heat, embora não tenha sido “histórico”, agradou, e Unbound segue uma interessante evolução. Trata-se de um game bonito, com “cara de nova geração”, um gameplay robusto e muito apelo visual. Se você ainda “está de mal” de Need for Speed devido ao seu passado recente, vale a pena dar uma chance para Unbound. E se você curte bons jogos de corrida, sejam eles arcade ou simulador, vai ficar satisfeito curtindo o novo game da Criterion.

Need for Speed Unbound já está disponível, com versões para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. Por ser focado na nova geração, não há versões para PlayStation 4 e Xbox One. Você pode comprar a versão para PlayStation 5 aqui.

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