Análise Arkade: Remothered Broken Porcelain e seu terror problemático

6 de novembro de 2020
Análise Arkade: Remothered Broken Porcelain e seu terror problemático

A série Remothered se iniciou lá em 2018 com Tormented Fathers, o primeiro capítulo de sua trilogia, que começou de forma bem interessante, mas confusa. E agora o segundo capítulo, Broken Porcelain enfim está aqui, dando continuidade à história!

Vamos então ver como esse segundo episódio acabou se saindo, em sua história sobre o misterioso desaparecimento de Celeste Felton e os mistérios envolvidos em tudo isso!

Um segundo episódio com vários esclarecimentos

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Em minha análise de Remothered: Tormented Fathers, uma das críticas que fiz ao game era como sua história era muito confusa. Você vai acompanhando e entendendo os eventos, até que 5 segundos depois uma nova informação bagunça tudo. E com isso, o game chegava a um final aberto em que não fui capaz de entender o que aconteceu de forma plena.

Felizmente, Remothered: Broken Porcelain oferece uma recapitulação dos eventos do episódio passado, recontando sua história de forma coerente e fácil de entender. Com isso (e aconselho muito que você assista a recapitulação), entramos nessa nova história já ambientados, prontos para acompanhar seus novos desenrolares.

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Dessa vez a história é contada em dois pontos de vista. Acompanhamos a busca de Rosemary Reed pelo paradeiro de Celeste Felton, em meados da década de 80. Sua busca a leva ao Hotel Ashmann, para desvendar os mistérios que ocorreram no lutar, que estão de alguma forma relacionados ao desaparecimento de Celeste.

E então o game volta no tempo, para o ano de 1973, em que acompanhamos a jovem Jennifer, uma adolescente enviada ao hotel pelo reformatório em que estava, como punição por mal comportamento. E no hotel, Jennifer enfrentará terríveis perigos e segredos dos Ashmann e dos Felton.

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O ponto principal é que a narrativa dessa vez não é confusa e oferece várias respostas sobre toda a trama. Ao final, o jogador enfim adquire conhecimento pleno sobre tudo o que aconteceu. Sobre Celeste, sobre a busca de Reed e sobre a droga Phenoxyl, elemento central da narrativa.

Porém, foi anunciado originalmente que Remothered seria uma trilogia. E Broken Porcelain amarra basicamente todas as pontas soltas deixadas pelo primeiro game. Ainda assim, parece que há mais história a ser contada num terceiro game, resta saber que direção a série ira tomar agora.

Um game que até assusta, mas tem muitos problemas

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Broken Porcelain segue a receita de seu antecessor: Você está preso em uma casa, nesse caso no hotel Ashmann, e deve explorá-lo para coletar informações e itens para progredir. Tudo isso enquanto foge de inimigos que o perseguirão.

Na maior parte do game controlamos Jennifer, que está tentando fugir do hotel após testemunhar seus funcionários perderem a sanidade quando uma estranha música começa a tocar, tornando-se desfigurados e extremamente violentos. E se isso não fosse o bastante, há um inimigo ainda mais perigoso escondido no hotel: Porcelana, um gigante misterioso e incrivelmente forte.

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O macabro “Porcelana”

E quando Jennifer alcança algum ponto importante na narrativa, a história avança alguns anos para mostrar a investigação de Reed. Fazendo com que as cenas de Jennifer contextualizem os diálogos que acontecem entre Reed e outros personagens. Dessa forma, narrativamente o game se sai bem, ainda que aconteçam muitos cortes e alguns atropelamentos na história de vez em quando.

Já na parte de terror e gameplay, existem muitos altos e baixos. Mecanicamente, o game segue a mesma receita de Tormented Fathers. Você controla uma personagem frágil, que não pode enfrentar seus perseguidores, mas pode se defender. Você pode coletar diversos itens pelos cenários, como garrafas, caixas de música, bonecas, cordas e etc, que são usados de diferentes maneiras.

Análise Arkade: Remothered Broken Porcelain e seu terror problemático

É possível jogar objetos nos perseguidores, atordoando-os brevemente, usar itens de distração no chão, bloquear portas com cordas e etc. Há ainda os itens de defesa: Facas, tesouras, etc. Usadas para atacar os perseguidores. No primeiro game era possível se livrar de seus ataques ao apunhalá-los, mas aqui, esses itens acabam sendo úteis somente em ataques furtivos.

Se você se aproximar dos perseguidores pelas costas, poderá atacá-los, conseguindo até mesmo deixá-los inconscientes por um bom tempo, algo que é necessário de se fazer em determinado trecho da aventura. Porém, não é uma tática vantajosa em nenhuma outra situação. Dessa forma, o stealth continua sendo a tática principal de jogo.

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Assim como no primeiro game, os inimigos são muito bons em procurar você. Se eles te perderem de vista em um local, continuarão ali perto te procurando. E assim como no primeiro game, a movimentação das personagens controláveis é lenta, principalmente ao andar agachado. Ao tentar distrair os inimigos, por exemplo, eles ficarão pouco tempo vulneráveis, retornando a seus postos muito rapidamente.

Assim, houveram trechos do game em que foi muito mais fácil simplesmente sair correndo, pegando os itens que eu precisava na correria, sofrer alguns danos e depois me esconder e esperar até uma chance melhor de fugir. Isso acaba prejudicando muito o fator terror do game. Pois se no começo ser perseguido é algo que assusta bastante, algumas horas depois se torna algo monótono e muitas vezes inevitável.

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Linn e Jennifer, duas garotas que enfrentam os horrores de Ashmann

E um grande problema do game são alguns bugs e glitches que podem arruinar a experiência. Por exemplo ficar preso entre objetos e perseguidores, sem chance de fugir. Além disso, cheguei a passar por um bug que quase me impediu de continuar a jogar.

Em um certo trecho, controlando Jennifer, eu precisava seguir a personagem Linn para o térreo do hotel, descendo as escadas. Logo em seguida com ela saindo e deixando Jessica sozinha. Para avançar, eu precisava voltar para o primeiro andar e ao subir as escadas, Linn estava ali, de frente para a porta que eu precisava seguir, me impedindo de passar por ela.

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Após essa cena, aconteceu o bug que quase me impediu de continuar a jogar

Eu precisei recarregar meu save várias vezes, em todos Linn bloqueava a porta, até que eu consegui chegar na porta antes dela, assim ela se moveu um pouquinho mais pra frente e eu podia passar por ali livremente. Detalhe: Essa Linn é a mesma que eu tive que acompanhar escada abaixo, o game recarregou o modelo da personagem fora de contexto, por isso ela não se movia.

Outro problema é que certos itens, gavetas e portas só podem ser interagidos se a posição da câmera estiver muito exata. Por exemplo, se você interagir com um móvel com 5 gavetas, é bem difícil se posicionar para abrir cada uma delas e ainda mais para pegar itens dentro dela, se houver algum.

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Esses sãos o problemas principais que me deparei enquanto jogava. De resto, o gameplay, apesar de ser um tanto travado, funciona bem. Aqui ainda há um tímido recurso de evolução de personagem. Por todo o lugar estão espalhadas “Chaves de Mariposa”, que são usadas para comprar melhorias para Jennifer em estranhas caixas verdes. O problema é que existem pouquíssimos pontos para gastar essas chaves e no fim as melhorias não influenciam muito.

Por fim, há um interessante, mas subaproveitado recurso no game, a Visão de Mariposa. Jennifer possui o poder de controlar mariposas, vendo através de seus olhos, por alguns segundos. Ao ativar essa habilidade, a jovem ficará imóvel enquanto você controla o inseto, que pode voar, atordoar inimigos e interagir com alguns objetos.

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Porém, controlar a mariposa é muito difícil. Fazer com que ela vire na direção que você quer é muito devagar e com um controle um tanto “escorregadio”, daqueles em que a câmera ainda se move um pouco mesmo após você soltar o analógico do controle.

Essa habilidade pode ser usada livremente, se estiver carregada, mas acaba não sendo muito útil, exceto em momentos scriptados, em que você precisa realmente usar esse poder.

Audiovisual

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Broken Porcelain possui um visual bonito. Mas como a maior parte do game se passa dentro do hotel e durante a noite, tudo acaba sendo bem escuro. E em alguns trechos escuros até demais. Apesar disso os cenários são bem construídos e cheios de elementos diferentes, como quadros, objetos e etc.

O modelo dos personagens também são bem feitos e detalhados, apesar de suas animações em cutscenes serem muitas vezes robóticas. Mas, quando os inimigos sofrem suas “transformações” quando a estranha música hipnótica toca, seus visuais ficam realmente macabros.

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No departamento sonoro o game possui altos e baixos. Sua trilha sonora é boa e constante, criando um clima de tensão e suspense em cada trecho, com certos momentos de silêncio, normalmente em corredores e áreas vazias.

As vozes de todos os personagens são bem interpretadas. Há porém certos trechos em que as vozes ficam quase inaudíveis enquanto a música fica alta demais, assim o jogador precisa se atentar bastante às legendas para poder entender o que é falado. O game conta com localização em português brasileiro, com um bom trabalho de tradução.

Conclusão

Análise Arkade: Remothered Broken Porcelain e seu terror problemático

Remothered: Broken Porcelain entrega uma experiência interessante, enfim dando as aguardadas respostas levantadas em Tormented Fathers, ainda que sua execução, em termos de gameplay, tenha sofrido bastante.

Resta agora saber como será o terceiro e último capítulo, se é que haverá um, já que Broken Porcelain praticamente fecha todos os plots abertos no primeiro game.

O game peca um pouco na parte do terror e seus bugs definitivamente atrapalham bastante a experiência. Ainda assim, se você jogou e gostou do primeiro game, vale a pena conferir a sequência, pois sua história continua muito interessante.

Remothered: Broken Porcelain foi lançado no dia 13 de outubro com versões para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Uma resposta para “Análise Arkade: Remothered Broken Porcelain e seu terror problemático”

  • 19 de janeiro de 2021 às 11:00 -

    Flávio

  • Será que os bugs foram corrigidos?

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