Análise Arkade: encare zumbis, solidão e a vida de maquinista no mundo pós-apocalíptico de The Final Station

8 de outubro de 2016

Análise Arkade: encare zumbis, solidão e a vida de maquinista no mundo pós-apocalíptico de The Final Station

Ok, vamos combinar que zumbis em games (e na cultura pop em geral) já são assunto um pouco ultrapassado. Temos ótimos e péssimos games sobre o tema, desde os mais aterrorizantes até os repletos de pura ação, com diversas origens para as infecções e os mais diferentes finais para as histórias (saudades The Last of Us).

Em meio a diversos lançamentos de games de zumbis, surge The Final Station, game da desenvolvedora Do My Best, que une gerenciamento de recursos/personagens com combate e exploração 2D e muitos mistérios a desvendar (e entender).

A primeira visita

O cenário apresentado em The Final Station é catastrófico: A cerca de 100 anos atrás, cápsulas gigantes caíram do céu, liberando um gás que transformava as pessoas em seres sombrios e mortíferos. O evento foi chamado de A Primeira Visita, e mesmo com os esforços dos governos, pouco da humanidade sobreviveu.

O problema é que agora está ocorrendo uma “Segunda Visita” de forma muito sorrateira, e a humanidade não está tão preparada quanto deveria. No papel de um simples maquinista, sem voz e com um visual genérico (similar a todos os maquinistas do game), você deve transportar alguns artefatos que podem fazer toda a diferença nessa nova guerra contra o desconhecido. Afinal, manter-se em movimento é vital para continuar vivo, e nada melhor que um trem para isso, não é mesmo?

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Esse é você, seu trem e sua galera.

Sobrevivendo e mantendo todos vivos (ou tentando)

As dinâmicas do gameplay dividem-se em três momentos diferentes para contar a solitária história do maquinista:

Temos o momento do trem em si, onde os personagens que você resgatou nos cenários estarão sentados, com fome e doentes, e você deverá cuidar de sua alimentação com suprimentos e de sua saúde com os bons e velhos medkits.

Os personagens muitas vezes estão sangrando, o que torna o desafio ainda maior, pois esta condição exige uma monitoria constante. É importante mantê-los vivos, pois cada um gera uma recompensa caso chegue a sua estação final. Somado a isso, é importante também cuidar da “saúde” do trem (que reflete na dos passageiros também), cuidando da temperatura dos motores, ventilação, carga, etc. Conseguir manter tudo em ordem é bem difícil, principalmente porque os suprimentos são bem escassos, e você vai ter que escolher algumas vezes quem irá sobreviver até o final da viagem.

Esta etapa é interessante porque você consegue também interagir por chat com outros personagens, descobrindo mais informações sobre sua jornada. Os NPCs que ficam sob sua responsabilidade também interagem bastante entre si, mostrando suas percepções, histórias e papéis nessa epidemia. Além disso, é nessa etapa que você consegue criar mantimentos e munições com os materiais encontrados na exploração dos cenários.

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Clique, arraste, mexa e mantenha tudo em ordem no seu trem!

Quando você desembarca (e “atraca” seu trem) em uma estação, o game pode dividir-se em dois momentos de exploração: nas estações habitadas, você conversa com pessoas, obtém dados, realiza transações e descobre mais detalhes da história, de forma pacífica.

Já nas estações abandonadas, os zumbis encontram-se espalhados pelo cenário, e você deve utilizar armas e recursos do ambiente (cadeiras, caixas, barris) para passar pelos inimigos e sobreviver até obter o código de passe que libera seu trem para seguir viagem. Os inimigos possuem diversos tamanhos e ataques diferentes, apesar de terem um design bem simplista (totalmente pretos, apenas com olhos brancos e vazios).

A administração de recursos é importante, principalmente porque os medkits que você utilizar são os mesmos que deverão ser usados para os tripulantes do trem, o que aumenta a preocupação com sua barra de saúde. Explorar o cenário é vital, pois é nele que você encontra materiais para criar mais suprimentos e munições quando estiver no trem.

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Só mais um dia na cidade.

Audiovisual (e ambientação)

The Final Station é um game sinistro. É uma jornada silenciosa, tensa, assustadora às vezes e solitária sempre (apesar de quase sempre ter gente junto ao maquinista). Os ambientes são geralmente pretos e cinzas, há sangue e pessoas infectadas por todos os lugares, o ambiente é triste, pesado e opressor. A humanidade claramente perdeu essa guerra e nada que você vê muda a impressão de que os esforços para resistir são em vão.

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Ainda bem que tem munição de sobra! #sqn

Os recursos de mudança de cenário são muito interessantes, geralmente utilizando de um obstáculo passando na frente da visão do jogador para fazer a transição de forma bem dinâmica. É claro, isso durante as cenas de movimento com o trem, onde uma árvore ou montanha passa pela câmera, mudando todo o fundo.

É interessante como o estilo pixelado consegue manter uma tensão e até mesmo ser assustador. As coisas vão piorando com o tempo, e os gráficos simplificados conseguem deixar isso ainda mais perturbador. Muito sangue e personagens se transformando habitam os ambientes, e você nunca sabe o que te espera ao abrir uma porta.

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Descer não parece uma boa ideia, não é?

Os sons também auxiliam muito na ambientação. Ainda que possuam pouca variedade, eles impactam de forma muito intensa. Cada abrir de porta, cada tiro dado, cada vidro quebrado é ouvido de uma forma “seca”, como se fosse um restinho de vida em um mundo destruído (sim, o game não é um game feliz). O resultado é uma imersão maior do que a experimentada em muitos games AAA em primeira pessoa.

Controles

Para sobreviver ao cenário de The Final Station, controles simples e eficazes fazem um bom trabalho. Temos o clássico WASD para caminhar, descer e subir escadas, Q para usar medkits, E para interagir com os NPCs e itens no cenário, R para recarregar, clique esquerdo para atirar, clique direito para bater. Uma boa alternativa é utilizar o golpe melee com o clique direito para economizar munição. Apesar de ser um recurso um pouco mais demorado, resolve bem em combates contra inimigos lentos e solitários.

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É tanto soco que parece Final Fight!

Continuando a saga do Maquinista

A história do game desenvolve-se principalmente por meio de documentos encontrados pelo cenário. Vale de tudo: bilhetes deixados para trás, e-mails trocados, recadinhos rabiscados, tudo consegue adicionar conteúdo e contexto para a história. O progresso só é aproveitado conversando com os NPCs encontrados e observando os documentos achados.

A história não é explicada por completo, e muitas das conclusões sobre a infecção, sobre a corporação que comanda o trem, as igrejas que encontram significados para os símbolos deixados pela Primeira Visita e muitos outros mistérios e conspirações só são aprofundados (mas não necessariamente explicados) com a leitura dos arquivos complementares encontrados pelo cenário.

Ainda que tenha este viés solitário e triste, o game apresenta bastante bom humor nas interações entre personagens. Não é raro encontrarmos um diálogo hilário entre personagens, o que aumenta a dose de realidade, pois a conversa entre os NPCs e até mesmo os textos encontrados no cenário são similares ao que conversamos no cotidiano entre os colegas de trabalho ou familiares. e o melhor é que tudo está em português, ou seja, todo mundo consegue entender sem problemas!

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Quem nunca teve um colega assim?

Conclusão

The Final Station é um game de zumbis e gerenciamento de recursos com alta dificuldade, um ambiente solitário e sinistro, assustador e cheio de mistérios. É uma jornada não tão repleta de ação quanto a maioria dos games que possuem o mesmo tema entrega.

O que temos aqui é mais uma história sobre perseverança e solidão do que realmente um jogo de matança com zumbis. É sobre esperança e força de vontade em uma realidade da qual não há como fugir. É um jogo melancólico e pesado, mas que oferece uma experiência única de sobrevivência em um mundo pós-apocalíptico.

The Final Station está disponível para PC, XOne e PS4.

Uma resposta para “Análise Arkade: encare zumbis, solidão e a vida de maquinista no mundo pós-apocalíptico de The Final Station”

  • 8 de outubro de 2016 às 19:21 -

    mattbewolf

  • Boa análise, me animou a comprar.

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