Análise Arkade – Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons mistura beat ‘em up com roguelite

14 de agosto de 2023
Análise Arkade - Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons mistura beat 'em up com roguelite

Os irmãos Lee estão de volta para uma nova dose de pancadaria e nostalgia! Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons acrescenta uma pitada de roguelite à clássica fórmula do beat ‘em up!

A história de Double Dragon Gaiden é um clichê intencional: em um futuro distópico, a cidade de Nova York foi devastada por uma guerra nuclear. Gangues rivais dominaram diferentes territórios, e as ruas estão tomadas pela bandidagem.

Quando a jovem Marian é levada ferida para o dojo dos irmãos Lee, eles decidem que é hora de dar um basta no caos que dominou a cidade. E como eles vão fazer isso? Saindo na mão com todo mundo, é claro!

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Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons não tem vergonha de herdar a história simples que é a fórmula dos beat ‘em ups clássicos. E isso é ótimo, afinal, estamos falando de uma das franquias que definiu o gênero, há mais de 30 anos.

Uma novidade legal, porém, é que o jogo fugiu de um clichê bem datado: Marian não é mais a namorada indefesa que é raptada. Aqui ela também sai na mão com os bandidos!

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Marian em ação

Ao lado de seu tio Matin, Marian vai ajudar Billy e Jimmy a limparem as ruas na base da porrada (ou, no caso dela, na base da bala, como você pode ver na imagem acima).

Double Dragon Gaiden: um beat ‘em up clássico com boas ideias

Mecanicamente, Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons é um beat ‘em up bastante tradicional: vamos seguir da esquerda para a direita, espancando todo malfeitor que aparecer em nosso caminho por meio de ataques, combos e golpes especiais.

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O combate do jogo é simples, mas muito bem executado, com possibilidade de juggle (levantar os inimigos e continuar batendo) e um bom sistema de combos. Cada personagem tem ataques e golpes especiais específicos, o que dá um sabor único para cair na porrada com cada um deles.

Uma novidade interessante é o sistema de tag team (duplas): mesmo jogando sozinho, você seleciona dois personagens, e pode alternar entre eles, o que torna a pancadaria muito mais fluida, uma vez que você pode encadear golpes especiais na troca dos heróis, para aumentar o dano e a contagem de combos.

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A mecânica “tag team” é uma adição muito bem-vinda

Comer comida do chão é mais um elemento sempre presente em beat’ em ups, mas aqui você raramente vai encontrar comida em barris ou pilhas de pneus. A melhor forma de conseguir comida é utilizando o chamado crowd control, mais uma mecânica interessante do game.

Funciona assim: ao derrotar 3 ou mais inimigos com um golpe especial, você ativa um crowd control, que dropa uma comida para recuperar sua vida. Eliminar 3 inimigos dropa um cachorro-quente que cura 25 de PV; derrubar 4 inimigos dropa um hambúguer que cura 50 de vida e vencer 5 ou mais inimigos com o mesmo golpe especial rende um frango assado que restaura 100 pontos de vida.

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A pancadaria rende itens de vida

É uma maneira criativa de estimular a utilização eficiente dos golpes especiais. E, tal qual outros beat ‘em ups recentes, Double Dragon Gaiden é cheio de telas tipo “arenas”, onde ficamos impedidos de avançar até eliminar todos os grupos de inimigos, o que viabiliza a execução dos crowd controls.

O lado roguelite de Double Dragon Gaiden

Já falamos bastante do lado beat ‘em up de Double Dragon Gaiden, mas não podemos esquecer que ele também tem elementos de roguelite. É bem lite, na verdade, e foi implementado de forma criativa no jogo.

A campanha é dividida em 4 fases principais + 1 fase extra, que é desbloqueada depois que você conclui as 4 principais. Cada uma das fases principais representa o território de uma gangue, que é controlada por um chefão.

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Tal qual os jogos do Mega Man, podemos escolher livremente em qual ordem vamos encarar as fases/chefes. Aí entra um detalhe interessante: cada território pode se desenrolar por até 3 áreas. Porém, a ordem que você visita as fases muda o que você vai (ou não) ver no jogo, de modo que, se quiser ver tudo o que o game tem a oferecer, você precisará jogar diversas fases, alterando a ordem que você visita as áreas.

Funciona assim: a primeira fase que você escolher, terá apenas uma área. A segunda fase, terá duas áreas, com um subchefe no meio. As próximas duas fases terão 3 áreas cada, com dois subchefes ao final das primeiras áreas e o chefão principal no fim da última área.

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Marian x Anubis

Até a “forma” de certos chefões muda conforme a ordem que você joga. Se você enfrentar o Anubis nas áreas 1 ou 2, por exemplo, ele vai ser basicamente um cara normal com superpoderes. Já se o território de Anubis acabar na terceira área, ele estará em sua forma divina, como uma grande entidade flutuante.

Ou seja, embora a história contada seja a mesma, existem diversas formas de chegar até o final, e a ordem das fases muda até os subchefes que você encontra. O famoso Abobo, por exemplo, é um subchefe do território de uma gangue específica.

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Abobo só aparece em um determinado “circuito”

Se você começar o jogo por esta fase, não enfrentará o Abobo, uma vez que, ao visitar essa fase por primeiro, ela só terá uma área, e o subchefe não vai aparecer. Cada território tem subchefes específicos, que você só vai enfrentar se jogar em uma ordem que permita estes encontros.

Parece meio confuso, eu sei, mas na prática é bem simples de entender. Quanto mais você avança no jogo, mais difícil ele vai ficando, e mais longas e desafiadoras as fases vão se tornando.

Dinheiro, fichas e desbloqueáveis

Outro aspecto roguelite do jogo é o dinheiro: eliminar inimigos, quebrar coisas, concluir objetivos, tudo em Double Dragon Gaiden nos dá dinheiro. Ao final de cada área, podemos gastar algum dinheiro em perks únicos para cada personagem, que vão durar por toda a partida atual. Ao final de cada partida, podemos trocar o dinheiro que sobrou em caixa por fichas (que são tipo fichas de cassino, não de fliperama).

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Por falar em cassino…

O dinheiro também é uma forma de continuar jogando: se os dois personagens morrerem, você pode gastar dinheiro para ganhar um continue. A cada morte, o preço do continue aumenta, ou seja, se o seu dinheiro acabar, é game over (lembrando que existe um modo de jogo com permadeath). Também é possível gastar fichar para usar continues, mas não acho isso muito vantajoso.

Digo isso porque as fichas têm outra finalidade bem mais interessante: desbloquear conteúdos adicionais. Entre dicas, artes conceituais e faixas da trilha sonora, creio que os desbloqueáveis mais interessantes sejam os personagens extras.

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Sim, é possível jogar com o Abobo :)

Pois é: Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons tem nada menos do que 13 personagens jogáveis. Além do quarteto inicial (Billy, Jimmy, Marian e Tio Matin), podemos usar fichas para comprar os chefes e subchefes do jogo e jogar com eles. Claro que, para acumular fichas suficientes para liberar todo mundo, você vai precisar jogar um bocado.

Audiovisual

Double Dragon é uma série que abraçou muitas estéticas diferentes ao longo dos anos, e ouso dizer que aqui temos a “versão definitiva” da franquia, visualmente falando. O visual clássico é referenciado nas telas de loading, mas de resto, temos uma pixel art nova, cartunesca, com personagens cabeçudinhos cheios de personalidade.

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Billy e Jimmy, prontos pra quebrar tudo no metrô

Não por acaso, Double Dragon Gaiden foi produzido pelo mesmo pessoal que criou aquele beat ‘em up “de mentirinhaa” dos Vingadores que viralizou aqui no site lá em 2015. O estúdio também produziu Streets of Red, um beat ‘em up cheio de humor sádico e referências, ou seja, os caras tem um bom portfólio de pancadaria.

O visual como um todo é muito interessante, e a direção de arte respeita o visual clássico, mas injeta um estilo próprio. As animações são ótimas, e os cenários são bem variados, ainda que manjados dentro do gênero: tem ruas, becos e túneis de metrô, claro, mas também tem ferro velho, galpões, prédios públicos e trens em movimento, além da obrigatória fase do elevador.

A trilha sonora é ótima, e traz doses iguais de nostalgia e novidade. Temas clássicos do Double Dragon são revisitados, mas há diversas faixas novas, e todas são animadas e grudentas, com solinhos de guitarra e toda aquela vibe “arcade anos 90”. Vale ressaltar que o jogo possui menus e legendas em português brasileiro, algo que é sempre bem-vindo. :)

Conclusão

Como alguém que adora beat ‘em ups mas não tem muita paciência com roguelikes, confesso que assumi o review de Double Dragon Gaiden com certo receio. Não sabia exatamente o que esperar dessa mistura, e estava com medo de que fosse um ciclo de repetição procedural.

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Tio Matin em ação

Felizmente, não é isso o que o jogo entrega: com pancadaria de qualidade, boas ideias, audiovisual de primeira e aspectos de roguelite que estimulam o repeteco de forma inteligente, o que temos aqui é um jogo que honra uma franquia lendária, trazendo-a para os dias atuais com muita competência.

Com tantas séries clássicas de beat ‘em up sendo ressuscitadas nos últimos tempos, o retorno dos irmãos Billy e Jimmy Lee é mais uma boa pedida pra quem curte uma porradaria honesta, sem firulas. Se você é fã de beat ‘em ups e quer um pouquinho de nostalgia pixelada, dê uma chance a Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons!

Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons foi lançado em 27 de julho, e está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5 (versão analisada), Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.

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