Análise Arkade: Final Fantasy VII Remake Intergrade – Intermission

21 de junho de 2021
Análise Arkade: Final Fantasy VII Remake Intergrade - Intermission

Há pouco mais de um ano, em 10 de abril de 2020, o PS4 recebia Final Fantasy VII Remake, um grande jogo que reimagina um dos maiores clássicos dos videogames. E agora, em 2021, já recebemos uma versão aprimorada do game para Playstation 5, com direito a DLC exclusivo que traz o retorno de uma velha conhecida dos fãs: a ninja Yuffie Kisaragi.

Antes de mais nada…

No ano passado, eu escrevi para o site um longo preview e também um review completo de Final Fantasy VII Remake. A jornada de Cloud, Barret, Tifa e Aerith (e Red XIII) nesta atualização ainda é essencialmente a mesma, então não vou falar dela por aqui, ok? Clique nos links acima para saber mais sobre o jogo “base”. O foco aqui será a Intermission protagonizada por Yuffie.

Mas, para não dizer que não temos novidades no conteúdo de Final Fantasy VII Remake, vale ressaltar: agora é possível jogar em 60 frames por segundo — optando pelo modo gráfico, ou pelo modo desempenho — e houve um polimento em texturas e no visual do jogo em geral. Aquela porta horrorosa do apartamento do Cloud nos Slums, por exemplo, agora não parece mais um enorme polígono chapado dos tempos do PS2.

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Um “antes e depois” da famigerada porta

Além disso, o jogo recebeu um muito bem-vindo Photo Mode. Ainda que bastante limitado, pelo menos ele nos permite pausar a ação para fazer uns cliques bacanas. Ah, e ao final da mini-campanha de Yuffie, recebemos um “novo” final para a campanha principal do jogo, que se passa após o final original do Remake, e mostra para onde os personagens estão indo, depois que deixam Midgar para trás.

(Vale mencionar ainda que este final extra também traz mais uma cena de um outro famoso Soldier de olhos azuis que sem dúvida vai deixar os fãs ainda mais intrigados com a timeline e o cruzamento de realidades que temos nesta reimaginação do game).

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O “novo” final prepara terreno para o próximo jogo!

Agora sim, vamos falar de Yuffie e de sua Intermission!

A ninja de Wutai

No Final Fantasy VII original, de 1997, Yuffie Kisaragi era uma personagem recrutável opcional. O grupo podia dar de cara com ela como uma batalha aleatória, sempre em alguma floresta, onde a personagem era apresentada como “Mistery Ninja“. Era preciso vence a luta, então fazer as escolhas certas em um diálogo posterior, para recrutar a ninja para o time. Quem não fazia isso corria o risco de terminar o jogo sem sequer conhecer a ninja.

Final Fantasy VII Remake claramente tem ambições maiores para a jovem ninja de Wutai. Intermission é um conteúdo exclusivo de Final Fantasy VII Remake Intergrade (título oficial do update para PS5), que traz a personagem como protagonista, em uma missão secreta de invadir a Shinra para roubar a tal Master Materia que a empresa supostamente está produzindo secretamente em seu laboratório.

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Yuffie está sempre em busca de Materia

Yuffie chega às favelas do Setor 7 “camuflada” sob um enorme poncho de Moogle, e é recebida por uma célula da Avalanche que vai ajudá-la em sua missão, oferecendo documentos falsos e todo o suporte que ela precisar. Ali ela conhece Sonon, outro guerreiro de Wutai, que foi treinado pelo pai da jovem, e será seu aliado na invasão. Wutai, para quem não lembra, é uma nação que perdeu grande parte de seu prestígio e de seu poderio bélico após (perder) uma guerra contra a Shinra.

Juntos, Yuffie e Sonon irão sair dos Slums e invadir o prédio da corporação maquiavélica, onde darão de cara com uma velha conhecida e conhecerão, em primeira mão, alguns dos segredos obscuros da empresa — incluindo aí ameaças que foram originalmente apresentadas no “universo expandido” de Final Fantasy VII, mas não estavam presentes no jogo principal de PS1.

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Dupla dinâmica

Como eu disse na minha análise, Final Fantasy VII Remake não é apenas o primeiro jogo refeito, mas soa como um esforço para reunir, de forma coesa, o conteúdo que foi apresentado em jogos posteriores. A presença de personagens de Dirge of Cerberus e Crisis Core reforça essa ideia, ainda que possa deixar os menos entusiastas um tanto perdidos.

De volta ao Sector 7 Slums

Esta Intermission protagonizada por Yuffie é bastante simples e direta ao ponto: com apenas 2 capítulos, o conteúdo durou, para mim, cerca de 7 horas e meia, mas pode ser bem menos , caso o jogador ignore as missões secundárias — ou não gaste tanto tempo no Photo Mode, como eu. :P

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De volta às favelas do disco inferior de Midgar

Tudo acontece em basicamente 2 ambientes: as favelas do Setor 7 — onde fica o bar Seventh Heaven — e alguns andares do prédio da Shinra. Cronologicamente, este novo trecho do jogo se passa após a invasão da Avalanche ao reator do Setor 5 — naquela parte da campanha em que Cloud despenca de Midgar e cai na igreja de Aerith, sabe?

As favelas do setor 7 ainda são as mesmas, então não espere grandes novidades. É possível explorar os arredores para enfrentar uns monstros e se envolver em sidequests para encontrar pôsteres , confrontar Ramuh no treinamento simulado de Chadley para conseguir a Summon Materia correspondente, ou tornar-se o maior jogador de Fort Condor, um mini-game estratégico que faz alusão a uma passagem famosa (e meio chata) do jogo de 1997.

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Você pode desafiar o Summon Ramuh para um confronto simulado
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E também dominar os tabuleiros do interessante mini-game Fort Condor

Não sei se o mini-game Fort Condor vai servir para tirar do remake aquela porção tower defense do jogo base, ou se a inclusão dele é apenas uma maneira de inserir em Final Fantasy VII Remake seu próprio “jogo dentro do jogo” para incentivar o jogador a colecionar unidades e desafiar NPCs. Tipo o Gwent de The Witcher, ou mesmo o Triple Triad, card game de Final Fantasy VIII que marcou presença em outros jogos da série.

Deixo abaixo uma partida de Fort Condor para vossa apreciação. Num esquema que mistura conceitos de tower defense com MOBA, devemos posicionar nossas unidades pelo tabuleiro para proteger o nosso forte e atacar a estrutura inimiga. Ganha quem destruir (ou causar mais dano) ao forte adversário antes do cronômetro chegar a zero:

Revisitar o já conhecido ambiente dos Sector 7 Slums na pele de Yuffie traz algumas peculiaridades: quando tentamos entrar no bar Seventh Heaven, um “vento misterioso” nos impede. Chuto que sejam os Whispers (aqueles fantasmas encapuzados do Remake) agindo para impedir que Yuffie conheça a Avalanche antes da hora. Como os caminhos dos personagens se cruzarão, é algo que teremos que esperar a Parte II para descobrir — mas podemos ver Barret, Tifa, e até Jessie, Biggs e Wedge durante a Intermission.

Por fim, uma dica: depois que deixamos as favelas, não podemos mais voltar para lá, então é bom fazer tudo o o que quiser antes de partir — você decide se vai terminar ou não as missões secundárias.

Invadindo a Shinra

É depois que saímos das favelas que a ação realmente acontece neste DLC: Yuffie e Sonon irão se aventurar por diversos andares do prédio da Shinra em busca da tal Master Materia, e ao fazer isso terão que lidar com algumas das linhas de defesa da empresa.

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Sonon e Yuffie prontos para a ação

Felizmente, os guerreiros de Wutai são bons de briga, e o sistema de combate repaginado desta nova versão de Final Fantasy VII torna cada confronto intenso e desafiador. Como no jogo principal, devemos usar ataques comuns para encher as barras de ATB dos personagens. Aí, a ação desacelera para que possamos escolher e utilizar magias, itens e habilidades especiais.

Ao contrário do jogo base, em Intermission nunca podemos jogar com o companheiro: Sonon é o tempo todo controlado pela IA. Yuffie, por sua vez, é bastante versátil em combate: a ninja pode tanto desferir golpes físicos com seu (enorme) shuriken, quanto arremessar a arma — que fica causando dano até ser pega de volta — para utilizar ataques elementais à distância.

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Confira uma breve batalha no vídeo abaixo:

Uma novidade interessante é o comando Sinergia, ativado pelo botão L2: ao utilizá-lo, Yuffie e Sonon irão atacar em sincronia, com muita rapidez e ferocidade. O recurso é especialmente útil para encher a barra de atordoamento de certos inimigos. Desde já, espero que a parte 2 do Remake faça um bom uso da novidade, talvez trazendo até habilidades combinadas, como vemos em Kingdom Hearts, por exemplo.

Audiovisual

Aqui não tem muito o que falar: o novo conteúdo reaproveita muito do que já havia sido apresentado no Remake, mas tira proveito do hardware do Playstation 5 para entregar uma experiência muito mais rápida e fluida, praticamente sem loadings, com texturas melhoradas e a já mencionada possibilidade de curtir a jogatina em 60fps.

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O Photo Mode é bem básico, mas permite bons cliques – veja mais no meu Instagram

A identidade visual mais realista de Final Fantasy VII Remake segue muito agradável aos olhos, com personagens de feições bastante realistas e animações fluidas. Yuffie está linda, jovial e cheia de personalidade, e mesmo novatos como Sonon e Nayo são estilosos e coerentes com a estética do universo.

No departamento sonoro, as dublagens em inglês são ótimas, injetando muito carisma aos personagens e contribuindo com a dramaticidade de certos momentos. Só quem curtiu o jogo original — sem vozes, só com caixas de texto azuis — sabe o quanto o jogo ganha no quesito “emoção e personalidade” graças ao talento de seus dubladores.

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A trilha sonora segue incrivelmente variada, e tem um que de experimental que particularmente me agrada bastante: enquanto exploramos a fábrica da Shinra, por exemplo, o jogo nos brinda com um jazz estilo drum ‘n bass incrível. Parece meio deslocado da situação e do próprio contexto daquele mundo, mas musicalmente soa muito bem.

Conclusão

Sendo bem honesto: a Intermission de Yuffie não tem uma grande história sendo desenvolvida, sendo mais uma história que corre em paralelo do que um novo capítulo para o jogo principal. O destino de alguns personagens introduzidos aqui talvez possa vir a ser abordado no futuro, mas no geral, o roteiro não parece ter grandes ambições narrativas para além de introduzir Yuffie de uma nova maneira ao mundo de Final Fantasy VII Remake.

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Nero é um personagem de Dirge of Cerberus que não estava no FF VII original, mas está no remake

Apesar disso, o DLC faz um bom trabalho em nos aprofundar um pouco mais na Shinra e nas muitas coisas deploráveis que a empresa é capaz de fazer. Isso agrega valor ao universo do jogo como um todo — e introduz personagens e conceitos que corroboram com a ideia de que este Remake busca, na verdade, integrar todo (ou boa parte) o universo expandido de Final Fantasy sob um mesmo teto.

Yuffie, por si só, é uma personagem muito interessante: muito diferente do sisudo e monossilábico Cloud, a jovem ninja é tagarela, empolgada, e o fato de ser muito subestimada por ser “só uma garotinha” faz com que ela esteja o tempo todo querendo provar seu valor. Ainda que empoderamento feminino não seja o foco da aventura, há um bocado de girl power nas entrelinhas do novo conteúdo.

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Yuffie está sempre querendo provar seu valor

Não sei como a ninja de Wutai será oficialmente apresentada ao grupo de Cloud, mas foi interessante termos uma prévia de seus poderes e habilidades. Não ouso dizer que o DLC Intergrade é realmente indispensável, mas quem quer mais Final Fantasy VII Remake tem nele uma excelente desculpa para retornar a este mundo, sob uma perspectiva inédita, que não existia no jogo de 1997. E, convenhamos: quem não quer mais de Final Fantasy VII Remake, não é mesmo? ;)

Final Fantasy VII Remake Intergrade e o DLC Intermission chegaram ao Playstation 5 em 10 de junho de 2021. Todo o conteúdo possui menus e legendas em português brasileiro.

Uma resposta para “Análise Arkade: Final Fantasy VII Remake Intergrade – Intermission”

  • 21 de junho de 2021 às 21:42 -

    Helinux

  • Belíssimas imagens!!!! valeu!!!!

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