Análise Arkade: Scarf, uma jornada pacífica e muito agradável

28 de julho de 2023
Análise Arkade: Scarf, uma jornada pacífica e muito agradável

Scarf é um jogo que chamou a minha atenção desde que foi anunciado, lá em 2018. Ele foi lançado para PCs no final de 2021 e agora, em agosto de 2023, enfim chegou aos consoles. E olha, a espera valeu a pena.

A história de Scarf

Scarf é um jogo de plataforma 3D com foco em mobilidade e exploração. Nele, controlamos um jovem nômade que vai cruzar diferentes mundos para ajudar seu cachecol mágico — que na verdade é uma espécie de criatura viva, como um dragão — a voltar para seu mundo.

Análise Arkade: Scarf, uma jornada pacífica e muito agradável

A impressão que temos é que a “mãe” do nosso cachecol-dragão foi levada por outros nômades, e estamos tentando fazer eles se reencontrarem. Porém, a história do jogo é propositalmente ambígua, e ocasionalmente nos faz questionar se não estamos, na verdade, sendo usados pelo nosso companheiro. A narrativa, por mais lacônica que seja, subverte o conceito de “herói” de maneiras bem interessantes.

Sem entregar maiores detalhes, já adianto que o jogo possui dois finais: um bom e um ruim. E eles são bastante diferentes entre si. Vai da sua curiosidade de explorar e encontrar “peças” o suficiente que liberem o final bom, mas vou te falar: vale a pena.

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Quanto você quer explorar?

Apesar de seu tom pacífico e de seu visual fofinho, Scarf tem uma mensagem para passar. E é uma mensagem forte, que destoa da própria “fofura” do jogo. Eu esperava algo mais subjetivo e interpretativo, na linha de Journey ou Inside, e me surpreendi com a forma questionadora com que a história de Scarf se apresenta.

As habilidades de Scarf

Deixemos a história de lado para falarmos de gameplay. E nisso Scarf realmente brilha. Embora seja um jogo mecanicamente simples, ele é muito bem executado, e o simples ato de se mover pelo mundo é agradável.

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Planar pelo mundo é uma delícia

Conforme exploramos cada um dos expansivos mundos do jogo, vamos desbloqueando novas habilidades para nosso cachecol-dragão. Ele pode, por exemplo, virar um par de asas, para nos permitir um pulo duplo, ou se transformar em uma asa delta para que possamos planar.

Essas opções de mobilidade enriquecem muito o gameplay, especialmente porque este é um jogo focado em exploração. Não há combate, barra de vida ou inimigos. A experiência é pacífica e contemplativa do início ao fim, pontuada por puzzles que até são meio “manjados”, mas não tiram o brilho do jogo.

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Um exemplo de puzzle “manjado”: organizar os blocos como o mural na parede

Tais puzzles envolvem coisas que já fizemos um milhão de vezes em videogames: arrastar caixotes para completar imagens, redirecionar feixes de energia, ativar mecanismos para mover plataformas, esse tipo de coisa. Nada é particularmente inspirado ou inovador… mas, o ponto positivo disso, é que nada também é complexo demais a ponto de travar o seu progresso.

Scarf não quer que você fique travado ou perca o interessem em continuar jogando. A jornada que o game oferece é breve — coisa de umas 5 horas — mas passeia por diferentes mundos, e ao misturar um gameplay gostoso com seu apelo visual incrível, ele faz com que essa jornada realmente seja única e prazerosa.

Audiovisual

Falemos do visual, então. Scarf não tenta ser realista, e nem tem “cara de next gen”. Porém, sua direção de arte é soberba. Cada mundo que visitamos é lindo de um jeito onírico e surreal. Há belas planícies floridas, ruínas ancestrais, belas cachoeiras e pedras preciosas luminosas cravadas em paredes.

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Olha que visual incrível <3

A trilha sonora corrobora com essa vibe serena e contemplativa do jogo. De fato, ela é até minimalista, e por vezes desaparece por completo, deixando apenas o barulho do vento e o canto dos pássaros para nos acompanhar.

Não há muitas vozes em Scarf, mas o pouco que há, cumpre seu papel. O jogo está localizado para o nosso idioma, mas há uns errinhos de tradução que podem causar alguma confusão. Nada grave, e, por se tratar de um jogo indie, é legal que houve o cuidado de acessibilizar o jogo para o público brasileiro.

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Jogando no PS5, o game tem uma performance bastante consistente: roda de maneira fluida e sem engasgos. Os loadings são praticamente inexistentes. Só faltou mesmo algum cuidado para aproveitar os recursos do DualSense, mas né, não se pode esperar muito de um jogo que não é exclusivo.

Conclusão

Sabe aquele conceito de “cozy games”, que se aplica a jogos que são “aconchegantes” e deixam a gente de coração quentinho? Ainda que seja, antes de mais nada, um puzzle game de plataforma 3D, Scarf também tem muito desse “conforto” de um cozy game.

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É o tipo de jogo ideal para curtir à noite, depois de um dia estressante no trabalho. Sua história pode até ir para alguns lugares um tanto sombrios, mas o ato de jogar é leve, sereno, sem conflitos e sem violência.

Sei que nem todo mundo aprecia esse tipo de experiência “aconchegante”, mas eu valorizo muito jogos cujos principais verbos não são “matar”, “atirar” e “atacar”. Afinal, isso é o que fazemos na maioria dos jogos. É maravilhoso que existam obras como Journey, Cozy Grove, Abzû e Scarf no mundo.

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Jogos de plataforma também podem ser aconchegantes

E, neste nicho de “jogos pacíficos”. Scarf é tão gostoso de jogar que fica difícil não recomendá-lo. Sua jornada pode ser curta, mas é extremamente satisfatória.

Scarf está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada), Playstation 4, Xbox Series X|S e Xbox One.

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