Arkade Speed – F1 2009, o começo da série da Codemasters, no ano da 100ª vitória brasileira na F1

2009 foi um ano especial para os fãs de Fórmula 1, especialmente os brasileiros. Os fãs em geral receberiam aquele que seria o primeiro game de uma série que evoluiu muito, a ponto de contar com competição oficial, chancelada pela própria F1.

E nós, brasileiros, comemoramos a vitória de um piloto brasileiro de número 100 e 101. Rubens Barrichello, na época piloto da icônica Brawn GP, teve a honra de comemorar a 100ª vitória do Brasil na F1, somadas as vitórias de José Carlos Pace, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Felipe Massa.

Como o GP de Valencia aconteceu há praticamente 10 anos, vamos relembrar ambas as histórias. De uma vitória que simbolizou uma fase vitoriosa do Brasil na Fórmula 1. Além de um game que, mesmo chegando de maneira tímida, logo seria um dos destaques entre os games de corrida. E o simulador definitivo da F1, com torneios de eSport e tudo.

O início de uma nova era da F1 nos videogames

Até os anos 2000, haviam muitos games licenciados da Fórmula 1. A EA tinha uma série, a F1 World Grand Prix mostrava qualidade, enquanto a Psygnosis divertia com uma série com muitos elementos arcade. Mas, durante a década, a Sony conseguiu exclusividade da categoria, lançando seus games apenas para seus consoles. Assim, Playstation 2, Playstation 3 e PSP recebiam seus jogos.

Mas isso iria acabar em 2009. Anunciado um ano antes, a Codemasters, que já tinha o respeito da comunidade de games de corrida com seus games Grid e Dirt, teria a exclusividade da vez, levando, assim, os games da categoria para diversos sistemas. Mas, talvez para usar a licença de cara, mesmo sem estar com tudo 100% pronto como queria, o estúdio decidiu lançar uma versão menos badalada, com apoio da Sumo Digital.

F1 2009 saiu apenas para Wii e PSP, além de uma versão para iOS que sairia tempos depois. Desenvolvido pela Sumo Digital, o game já usava a Engine EGO. A mesma que garantiu sucesso em outros games de corrida da companhia. O game oferecia os 20 pilotos, as 10 equipes, e todas as pistas da temporada daquele ano. Incluindo a estreante Yas Marina, e o circuito noturno de Singapura.

Diferente do que temos hoje, os modos de game são mais simples. Tínhamos o Quick Race, a Temporada, o Grand Prix, que simulava um único final de semana, e um modo multiplayer. No Wii, a tela ficava dividida, enquanto no PSP, a jogatina em dupla acontecia via Wireless. O game já oferecia uma grande customização dos carros, item que iria evoluir muito com o passar dos anos.

O game teve uma recepção mista. Mas, no geral, os reviews criticavam os gráficos, que julgaram simples demais, mas elogiavam, e muito o controle dos carros. Inclusive, o controle é, ainda, um dos elementos mais atraentes nos games Fórmula 1. Pois consegue ser acessível a novatos, sem parecer arcade demais, e desafiante para todos os que gostam de correr virtualmente.

Sua primeira aparição aconteceu em um momento único para nós, brasileiros. O game surgiu com uma versão de Wii jogável no GP da Europa, que aconteceu em Valencia, na Espanha. O que isso significa pra nós, brasileiros? Veja a seguir…

“É rica a história do Brasil na Fórmula 1”

2009 foi um ano único na Fórmula 1. Tudo culpa da Brawn GP. O time de Ross Brawn, que surgiu quase que nas pressas, para garantir os 20 carros no grid daquele ano, comprou as instalações da antiga equipe Honda, manteve Rubens Barrichello e Jenson Button como seus pilotos, e surpreendeu todo o mundo do automobilismo ao ser protagonista daquele ano.

Todos achavam que a equipe teria, no máximo, o desempenho mediano da Honda durante seus anos de Fórmula 1. Mas, com o difusor duplo (que seria usado ainda naquele ano por Williams e Toyota), que permitia pressão aerodinâmica adicional em uma brecha no regulamento para isso, e os potentes motores Mercedes, os carros brancos de detalhes amarelos dispararam nas primeiras corridas da temporada. Resultado: Jenson Button construiu uma vantagem incrível nas primeiras corridas e foi campeão mundial.

No meio do ano, as outras equipes conseguiram atualizar seus carros e incomodar a Brawn, roubando suas vitórias. Mesmo assim, a equipe ganharia ainda duas corridas. As duas com Rubens. E a mais especial aconteceu no mesmo GP de Valencia no qual o F1 2009 seria apresentado. No dia 23 de agosto de 2009, o brasileiro, que largou em terceiro, fez uma estratégia de paradas impecável, ultrapassou desta forma as McLarens de Hamilton e Kovalainen, e foi preciso na direção, até a vitória. Com direito a Tema da Vitória com arranjo diferente:

Aquela corrida marcou por várias situações. Além da vitória número 100 do Brasil na Fórmula 1, foi neste GP que Nelsinho Piquet foi demitido da Renault, e deu início ao Singapuragate, o maior escândalo da história da F1, que envolvia o GP de Singapura de 2008, e toda aquela famosa confusão envolvendo uma batida proposital de Piquet, por ordem de equipe, para benefício de Fernando Alonso.

A vitória de Rubens marcou, como disse Galvão Bueno naquele dia, mais um capítulo na “rica história do Brasil na Fórmula 1“. Até o momento, o Brasil tinha 100 vitórias na categoria, além títulos mundiais conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, e Ayrton Senna. Além disso, Rubens Barrichello e Felipe Massa foram vice-campeões mundiais. E diversos pilotos brasileiros, apesar de não conquistarem títulos mundiais, contavam com o respeito dos fãs da categoria, como Christian Fittipaldi, José Carlos Pace, Mauricio Gugelmin, e o “batalhador” Roberto Pupo Moreno.

Rubens venceria mais uma naquele ano, em Monza, na Itália. E, desde então, nunca mais o Brasil venceu uma corrida na Fórmula 1. A situação fica ainda mais difícil, pois desde 2017, com a saída de Felipe Massa da Williams, não há nenhum brasileiro no Grid. Mas o automobilismo brasileiro segue fazendo bonito. Por exemplo, as 24 Horas de Le Mans deste ano tiveram Daniel Serra e André Negrão como vencedores em suas categorias.

E na Indy, há anos que nomes como Hélio Castroneves, Tony Kanaan ou Gil de Ferran garantem o país entre os grandes, em uma categoria dedicada a corredores dos EUA. Lembrando também da Fórmula E que, mesmo recente, já tem dois brasileiros campeões mundiais: Nelsinho Piquet, em 2015, e Lucas di Grassi, em 2017.