Cine Arkade Review – Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

20 de janeiro de 2015

Cine Arkade Review - Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

A trágica história real de John E. du Pont é retratada em Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo. Confira nossa análise na primeira Cine Arkade Review!

Histórias baseadas em eventos reais tendem a ser meio monótonas pelo simples motivo de ser algo real, não “roteirizado” para ter toda a emoção, adrenalina e performance típicos de filmes. Por conta disso, muitos cineastas acabam mudando alguns eventos para deixar o filme mais animado e o que resta é só a essência de um acontecimento real distorcido pela fantasia do cinema.

Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo conta a conturbada história real de dois campeões olímpicos de luta greco-romana dos anos 80, que aceitam o convite do milionário John E. du Pont para treinar em sua mansão e no rancho Foxcatcher. O filme conta com Channing Tatum interpretando Mark Schultz, o irmão mais novo, Mark Ruffalo como Dave Schultz e Steve Carell, como o perturbador John E. Du Pont.

Cine Arkade Review - Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

O filme se passa em 1987, meses antes do Campeonato Mundial de Luta Livre, com Mark Schultz treinando incessantemente com seu irmão para continuar o sucesso adquirido nas Olimpíadas de 1984, onde Mark conseguiu medalha de ouro. A história continua com John E. du Pont ligando para Mark e convidando-o para treinar no Rancho Foxcatcher, além de pagar um salário imenso (para a época) que faça Mark continuar até o final.

As interpretações de Channing Tatum e Mark Ruffalo são fieis e verdadeiras: eles realmente agem e parecem que são irmãos, protegendo um ao outro e ajudando nas horas mais difíceis. A química entre os dois é algo notável, Channing Tatum atua com todo o egoísmo e com a necessidade de se destacar típicas de um irmão mais novo, enquanto Mark Ruffalo merece todas as indicações de prêmios que anda recebendo: seu papel é essencial para a história entregar a verdadeiro significado por trás dos dois complexos personagens principais.

Por último, mas não menos importante, temos Steve Carell mostrando que realmente sabe atuar interpretando John E. du Pont. É pouco dizer que o personagem é uma pessoa complicada, John tem algo a mais, uma presença aterradora e enigmática, nos deixando preso para saber qual será o seu próximo passo.

Cine Arkade Review - Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Steve Carell conseguiu dar vida a isso com sua performance de John E. du Pont, não somente pela maquiagem mas também pelas longas pausas e atos comedidos do personagem na hora de falar e fazer algo. E isto se alia ao próprio movimento de câmera e direção de Bennet Miller.

O filme inteiro traz uma sensação conflitante entre desconforto e calmaria, cenas longas e pacíficas preenchem os momentos mais pesados onde você vê John tendo um comportamento incomum. A melhor forma que posso explicar é com a frase “calmaria antes da tempestade”, por conta das cenas que tem o intuito de te deixar relaxado enquanto te faz lembrar do incômodo, algo que está para explodir a qualquer momento, seja o próprio John, ou o irmão mais novo, Mark.

Esta sensação de tensão e suspense remete alguns clássicos do terror, onde o verdadeiro medo era a expectativa de ver o vilão chegar até lá e matar a pessoa, e não uma série de mortes banais como é hoje em dia. E o que faz de Foxcatcher tão formidável é que você se surpreende mesmo sabendo como tudo vai terminar.

Cine Arkade Review - Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Graças à construção de Foxcatcher, ele as vezes parece mais um filme de terror psicológico do que um drama de verdade, mas isto não quer dizer a essência do drama foi esquecida. O diretor Bennet Miller e os roteiristas E. Max Frye e Dan Futterman fizeram questão de utilizar o tempo do filme para explicar a relação que John tinha com sua mãe, e a relação de irmandade que quase beira a uma relação paterna entre Mark e Dave Schultz.

Os temas baseados em relações familiares e solidão são elementos importantes que fazem parte do filme como um todo, trazendo uma justificativa subliminar por todos os eventos que ocorrem entre os protagonistas.

A direção de arte e musical de Foxcatcher é também feita com louvor e agrega muito ao filme: a ausência de música em certos momentos e a escolha de uma trilha sonora mais melancólica nas horas cheias de adrenalina mostram como o tema de luta greco-romana é na verdade um mero pano de fundo para as relações entre os personagens, ainda que sempre fique claro o perfeccionismo da equipe e de seus treinos.

Cine Arkade Review - Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

E claro, não poderia deixar de mencionar os artistas de maquiagem responsáveis pela mudança física de Steve Carell. Vemos sua face capturada em closes muito próximos e é impressionante ver como é perfeito, orgânico. Difícil enxergar qualquer traço do fanfarrão Michael Scott de The Office por baixo da atuação e da maquiagem de Carell. Nem parece o mesmo sujeito que “nasceu” na comédia por trás daquela maquiagem.

A minha única ressalva de Foxcatcher é em relação à sua duração e a forma como eles decidem gastar esse tempo: o filme tem pouco mais de duas horas e faz o uso deste tempo para iniciar e terminar uma história completa. Porém, este é o tipo de filme que, se não te pega no começo, dificilmente vai te deixar com vontade de continuar vendo.

Com isso quero dizer que Foxcatcher é um filme lento, ainda que haja um propósito por trás desta lentidão — ela é utilizada para estabelecer seus personagens e dar uma base do lugar onde boa parte do filme acontece –. Por isso, acredito que não serão todos que irão se prender ao filme. Mas quem arriscar, irá curtir interpretações magistrais do trio Tatum, Rufallo e Carell, que dão vida aos seus personagens para deixar o espectador preso no assento do cinema.

Como disse no início, histórias baseadas em fatos reais tendem a ser “manipuladas” para ganhar um pouco mais de suspense e adrenalina para que o espectador fique mais atraído. Foxcatcher é um filme que não faz isso, sua história é interessante por conta de seus personagens e seus respectivos atores, que levam o filme para as alturas, apesar de seu ritmo.

Foxcatcher: Uma História que Chocou Mundo estreia em todo o Brasil no dia 22 de janeiro.

2 Respostas para “Cine Arkade Review – Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo”

  • 20 de janeiro de 2015 às 19:59 -

    leandro leon belmont alves

  • parece interessante o filme. é o caso do perfercionismo ser quase uma doença e entre outras coisas na trama. e quero ver o Steve Carrel num papel sério. que não seja a bizarrice que foi o Jim Carrey quando tentou algo desse tipoespero que tenha mais analises de filmes aqui, mesmo que demore um pouco pela próxima.

    • 20 de janeiro de 2015 às 23:27 -

      Henrique Gonçalves

    • Valeu Leandro! Também acho isso, Steve Carell já mencionou que prefere se considerar como um ator e não como um comediante. E este filme mostra como ele pode ser um ator muito bom para fazer dramas.

      E não se preocupe que teremos mais análises em pouco tempo :D.

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