Depois do fim: Assassin’s Creed Odyssey e seus DLCs

30 de julho de 2019
Depois do fim: Assassin's Creed Odyssey e seus DLCs

E lá se vão quase 10 meses desde o lançamento original de Assassin’s Creed Odyssey, o mais recente capítulo de uma das franquias mais icônicas deste século. Depois de altos e baixos, polêmicas sobre bugs, lançamentos anuais, e uma (pequena) pausa, a marca passou por uma reestruturação com Assassin’s Creed Origins e, um ano depois, trouxe a Grécia Antiga, sua cultura e seus mitos para esse universo. Você já leu nossa análise completa do game aqui no Arkade e agora, ele é novamente pauta na nossa tradicional Depois do Fim.

Mas por que voltamos a falar sobre o game? Pois é… a última DLC saiu há poucos dias e já temos uma visão mais ampla sobre a coisa toda. E já podemos afirmar, com certeza, que depois de muitas dezenas de horas (acumulei mais de 160 horas e ainda há pontos de interrogação a explorar) o game não só entrega uma experiência incrível, como certamente deve figurar na linha dos melhores jogos da franquia e, quiça, da geração como um todo.

Depois do fim: Assassin's Creed Odyssey e seus DLCs

Um pouco mais sobre o conteúdo extra

Se a ideia de DLC é oferecer conteúdos extras interessantes, instigantes e que ampliam a experiência, ao mesmo tempo que não possam parecer um pedaço do jogo original tirado só pra vender depois, há um misto de sensações aqui. Dividido em dois grandes arcos de 3 episódios cada, o conteúdo adicional de AC Odyssey tem duas histórias realmente fechadas, com objetivos e dinâmica de narrativa completamente distintas entre si e que exploram duas dimensões que certamente agradam e incrementam a já longa experiência do jogo base. Falemos um pouco mais sobre elas.

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O Legado da Primeira Lâmina (ou Legacy of the First Blade)

O primeiro pacote de conteúdo extra, certamente, é o que teria todas as condições de integrar a versão original do jogo como uma missão secundária. Além de explorar ambientes já conhecidos, esse trecho acrescenta muito pouco em termos de variedade de gameplay. Seu grande diferencial é a passagem de tempo no meio da trama e a surpreendente ligação com AC Origins, mostrando que, como diria Mufasa, está tudo conectado no grande ciclo da vida.

Há ainda um certo ponto questionável da narrativa, onde as escolhas de relacionamento e, consequentemente, a sexualidade do(a) protagonista acabe recebendo uma forcinha que, dependendo das opções do jogador ao longo da jornada, pode ter ficado um pouco incoerente. É uma necessidade narrativa não só da DLC, mas também para a franquia, mas que acabou gerando uma certa polêmica quando foi divulgada. Mas esse é assunto para se aprofundar depois.

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Isto posto, é um conteúdo imersivo e bastante instigante. Como um todo, tem sua dose de “barriga”, arrastando a trama mais do que deveria com as mesmas quests repetitivas que podem incomodar, mas traz para a luz um grupo bastante diferente dos soldados atenienses e espartanos, os persas, muito mais ágeis e ariscos do que a massa padrão que já se enfrentara antes.

Também conta positivamente para a trama a relevância dos principais NPCs, sobretudo Darius, o primeiro a portar a já lendária Hidden Blade. É nas relações entre o(a) protagonista e seus novos parceiros e inimigos que está a mais força dessa campanha, não só pelas consequências das ações, mas sobretudo porque há uma profundidade nas escolhas que cada um faz que vai além de um maniqueísmo fácil. É, portanto, o conteúdo que mais pode agradar os fãs de longa data, exatamente por nos lembrar, finalmente, que se trata de um Assassin’s Creed.

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O Destino de Atlântida (The Fate of Atlantis)

O segundo pacote, por outro lado, já segue um caminho bem diferente, apresentando uma ambientação completamente nova e que explora, de forma muito mais desavergonhada, o lado da mitologia grega. Tudo bem que o game-base já tinha aqui e acolá um Ciclope, um Minotauro, uma Medusa, o que acabou irritando alguns fãs mais puristas do realismo histórico, algo tradicionalmente muito forte em Assassin’s Creed. Mas aqui, a coisa escancara de vez, com o jogador visitando Atlântida (como o título já entrega) e os mundos fantásticos dos Campos Elíseos e o Submundo de Hades.

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Ainda que, no sentido mais essencial, os sistemas de combate e de escalada não mudem tanto assim, há elementos novos que funcionam bem para oferecer uma dose de variedade no comportamento do(a) protagonista. Agora, grande parte dos inimigos, mesmo os “humanos”, tem alguns poderes especiais e magias, além de termos um novo tipo de adversário, estátuas que ganham vida e são extremamente desafiadoras. Já no deslocamento, esses ambientes são extremamente verticais, e há sistemas de teletransporte “elevador” para evitar escaladas cansativas e modorrentas.

Soma-se a isso, claro, o grande embate – intelectual ou físico, com os Isu, nome dado para as divindades gregas, que aparecem pelo caminho. Novamente, em essência, as missões não são lá tão distintas assim do que já estávamos acostumados: vá até tal lugar, traga tal coisa para mim, mate meu inimigo tal e volte aqui, etc. Mas não deixa de ser interessante evoluir dentro da narrativa e encontrando não só problemas no “Paraíso”, como também um pouco de humanidade no pior dos infernos.

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No final das contas…

Em termos audiovisuais, há um trabalho muito competente que faz valer a pena explorar um pouco mais do jogo. Os três novos “mundos” são belíssimos e bem diferentes entre si, e a Grécia “mundana” continua mantendo seus encantos, com ótimas passagens ao por do sol, valorizando as grandes planícies e as batalhas em terra e no mar.

Se temos um ar sempre divino e de beleza bucólica nos Elíseos, há uma atmosfera carregada e sufocante no Submundo. Atlântida é, certamente, a representação mais bela dessa lendária cidade, ainda que pessoalmente eu ainda prefira a versão mais imponente vista em Uncharted 3: Drake’s Deception. Mas não há dúvidas que o trabalho da direção de arte da Ubisoft foi certeiro e muito bem tratado.

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Enquanto O Legado da Primeira Lâmina dá substância ao já vasto e belo mundo grego, trazendo elementos clássicos de Assassin’s Creed, O Destino de Atlântida conta com uma representação de deuses bem diferente do que havíamos visto na quadrilogia original de God of War, e é uma leitura bem interessante desse universo que, claro, a Ubisoft não poderia deixar de explorar, mesmo fugindo cada vez mais do ultrarrealismo de outrora.

Curiosamente, é nessa parte mais fantástica da coisa que o período atual ganha mais notoriedade, e mesmo sem qualquer clima que remeta ao ambiente controlado e tecnológico dos primeiros games da série, há uma certa relevância em como a contraparte contemporânea dos protagonistas dialoga com uma projeção Isu Aletéia.

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Como um todo, os 6 capítulos somados oferecem algo em torno de 30 horas a mais de gameplay que, se não é lá dotado de uma grande diversidade de missões, algo que espelha a campanha principal, traz conteúdo para, de fato, expandir a percepção do universo Assassin’s Creed, ao mesmo tempo que funciona muito bem como uma campanha de fantasia por si só. Ainda que a primeira parte seja muito mais emaranhada ao mundo dos assassinos e a tramas de conspiração, ambas fazem muito bem ao jogo original, que já estava dentre os melhores de 2018.

E agora? Para onde ir?

Assassin’s Creed Origins já tinha estabelecido um grande ponto de virada na franquia, que se aproximava do esgotamento. Levar a trama para o passado, para a origem da Ordem dos Assassinos, e repensar os sistemas de combate, de progressão, de narrativa e de exploração fazia todo o sentido enquanto um recomeço.

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Melhor ainda explorando o Egito Antigo, um momento histórico e uma região que sempre trazem grande paixão aos amantes de games e de histórias épicas. Assassin’s Creed Odyssey tinha a missão de sedimentar esse recomeço, e não poderia ir ainda mais longe ao trazer a interminável Grécia Antiga.

Falar do começo antes do começo era arriscado, uma vez que estava ainda mais distante do embate entre Templários e Assassinos que é a marca registrada da franquia. O risco era ainda maior quando se projetou, pela primeira vez, um jogo com duas possibilidades de protagonismo, e com possibilidades de escolhas de comportamento, correndo o risco de se esvaziar a força narrativa de outrora.

Felizmente, ainda que o jogo completo não seja o mais significativo em termos de história, essas escolhas não atrapalharam tanto o game, mesmo que as vezes a linha principal fique um pouco frágil e esquecida.

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A quase inexpressividade dos momentos no presente na campanha principal também se soma a uma percepção de que mesmo sendo grandes games, os dois últimos jogos estavam sendo menos Assassin’s Creed. E certamente isso é verdade. No final, ambos, especialmente esse último, estão mostrando que a lógica dos desenvolvedores é tornar AC muito mais um selo para uma antologia do que uma história seriada e interconectada e de mútua dependência.

Isso pode ser interessante por um lado, uma vez que qualquer game se torna uma oportunidade de entrada para novos fãs, além de oferecer mais liberdade para cada novo jogo explorar coisas diferentes e, quem sabe, sub-gêneros diferentes, como já havia acontecido quando Assassin’s Creed IV era basicamente um jogo de piratas que utilizava a marca. Mas também corre o risco óbvio de se afastar da unidade que torna a marca uma das mais importantes dessa indústria, sobretudo se considerar a fanbase mais fervorosa e que espera ver aqueles elementos de ambientação consagrados.

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As evidências apontam que o futuro da franquia pode chegar em outros momentos históricos clássicos cujas mitologias são igualmente ricas. A Roma Antiga e o mundo nórdico são alguns dos destinos possíveis e que já foram centro de rumores. Obviamente, ninguém descarta explorar o oriente e sua cultura milenar, e sempre há aquela parcela HUEHUEBR que pergunta sobre uma passagem pelas terras tupiniquins nos tempos do império.

Com essa nova linha de pensamento evidente em Origins e, principalmente, em Odyssey, tudo isso é possível. A questão que fica é: Assassin’s Creed está perdendo a sua identidade ou reescrevendo uma nova?

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PS: O Season Pass ou a versão Ultimate de Assassin’s Creed Odyssey conta também com alguns itens exclusivos e com a versão remasterizada de Assassin’s Creed III, mas não caberia analisar aqui esse outro game. Há também um modo novo adicionado recentemente bastante divertido tanto para quem cria como para quem joga: o editor de missões. Saiba mais aqui.

O jogo e suas DLCs estão disponíveis para Playstation 4, XBox One e PC.

5 Respostas para “Depois do fim: Assassin’s Creed Odyssey e seus DLCs”

  • 1 de agosto de 2019 às 02:29 -

    Ronnie

  • Por mim tudo bem se o próximo AC vier com uma barra de stamina :))

    • 2 de agosto de 2019 às 09:24 -

      Paulo Roberto Montanaro

    • Isso realmente dará um pouco mais de realismo ao game… atualmente, o protagonista é meio que um super-herói, atravessando o cenário inteiro correndo e batalhando contra hordas inteiras sem se cansar. Pode até incomodar alguns, mas certamente trará um elemento de estratégia e de abordagem diferente.

    • 4 de novembro de 2022 às 14:43 -

      EDDIE SIX

    • mano.. vendo esse comentário em 2022.. parece que vc estava adivinhando o que aconteceria em Valhalla, que por sinal.. detestei o uso da stamina /;D

  • 2 de fevereiro de 2021 às 12:52 -

    Karine Passos

  • Ola, terminei o AC Odyssey a pouco tempo, e suas dlc’s. Queria saber de você, se algo mais acontece após essa conclusão. Nas últimas cenas, vemos a Layla dizendo que voltaria para o animus, pois existiam pessoas das quais ela não tinha se despedido ainda. Quando voltei, estava de volta na Grécia, sem sinal algum de qualquer missão ou último objetivo. Inclusive, andei pelo Elísio, Submundo e Atlântida e nada. Estou escrevendo isso, pois tive uma estranha sensação com esse termino. Obrigado desde já.

  • 14 de agosto de 2021 às 13:14 -

    Josué

  • Obrigado pela análise estou jogando o game em 2021 e gostando bastante, já terminei as missões principais agora vou comprar as dlc

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