Mariana, a irmã do Chico Bento e estrela da maior história da Turma da Mônica

A Turma da Mônica é conhecida por trazer historinhas leves, divertidas e muito engraçadas. Mas a sua história mais importante, ao contrário de tudo o que a turminha já ofereceu em todas estas décadas, lidou com um tema que, até então, era tratado apenas como piadas com personagens em um cemitério: a morte.

Mas a forma como a história e Chico Bento, o personagem central desta situação, vivenciaram este tema tão delicado, apresentou um momento raro na obra de Mauricio de Sousa, e se tornou, para muitos (eu incluso), a história mais especial dentre todas na Turma da Mônica. Uma Estrelinha Chamada Mariana foi publicada em maio de 1990, na revista Chico Bento número 87, dos tempos em que os quadrinhos da turminha eram publicados pela Editora Globo.

O fato desta história ser especial é que ela conta com algo raro, até hoje, em histórias da Turma da Mônica, ao menos nos quadrinhos originais: ela possui crédito: Rubens Kiyomura é o responsável por dar argumento à história. É provável que todos no estúdio tenham adorado a história, que quebrou os padrões do que a Turma da Mônica já tinha apresentado, mas que foi “quebrado” de forma tão singela, que foi merecido dar o crédito ao roteirista.

Nela, conhecemos a irmãzinha do Chico Bento, que era na verdade uma estrelinha, assim como a famosa Estrelinha Mágica, que queria sentir como é receber os cuidados e carinho de uma família.

Assim, ela conseguiu ter o seu desejo atendido, e virou uma bebezinha humana, nascendo justamente na casa de Chico. O personagem, assim, ganhou uma irmãzinha e desde os primeiros minutos, se apegou com ela. A história mostra como ele gostava da pequena, mas que ainda pequena, ficou muito doente, falecendo em seguida. Algo extremamente raro de se acontecer em uma história de Mauricio de Sousa, mas aconteceu.

Mas como Mariana não era uma humana “normal”, ao falecer ela retorna ao seu formato original, sendo novamente uma estrelinha que decide se posicionar de forma a qual pudesse brilhar forte todos os dias, para que seu irmão sempre possa vê-la no céu. Ela ainda retornou em uma outra historinha, nos anos 2005, como estrela, para rever seu irmão quando Chico Bento fez aniversário. A história é de Paulo Back, que além de roteirista da historinha, é um grande conhecedor da obra de Mauricio de Sousa, por isso teve capacidade suficiente para honrar a história clássica.

Outra coisa interessante é que, toda vez que Chico Bento é retratado como adulto, e pai, a filha dele sempre tem traços semelhantes aos de Mariana, como forma de homenagear a história, ou de deixar a ideia de que a estrelinha voltou, agora não mais como irmã, mas como filha.

Além disso, a Graphic MSP de Chico, feita por Orlandeli e lançada em 2017, também aborda, mesmo de forma indireta, sobre a irmãzinha de Chico. Pois, como a história fala sobre o medo da perda de alguém próximo, o ponto de partida do processo de construção foi exatamente o fato do personagem ter que lidar, ainda criança, com a partida de sua pequena irmãzinha.

Que se foi, mas, com a singeleza única que apenas a Turma da Mônica consegue passar, mesmo com um tema tão pesado, e em uma situação raríssima nos quadrinhos dos personagens de Mauricio de Sousa, permanece como um brilho no céu, para guiar o Chico Bento por onde quer que ele vá.