O fim de uma era: A E3 oficialmente acabou

13 de dezembro de 2023
O fim de uma era: A E3 oficialmente acabou

Desde 1995, o maior evento de toda a indústria dos video games, e o evento mais esperado para anúncios de novos games, era a Electronic Entertainment Expo, a E3, que trazia conferências pomposas, trailers incríveis e muita informação para quem acompanha games, antes pelas revistas e hoje pela internet. Agora, infelizmente, mas não surpreendentemente, a E3 foi oficialmente encerrada em definitivo.

A última edição REAL da E3 aconteceu em 2019, antes da pandemia da COVID-19 começar e cancelar todo tipo de evento ao redor do mundo. A pandemia atingiu a E3 particularmente pesado, começando com a edição de 2020 sendo cancelada. Uma alternativa online foi proposta, mas a mesma jamais aconteceu.

Em 2021 a E3 “meio que” voltou, num formato totalmente digital, contando com conferências de grandes estúdios e publishers. Porém, os grandes eventos, como o Showcase da Xbox e da Ubisoft, aconteceram de forma independente, através de “Directs”. Poucos estúdios realmente participaram da “E3 real”, fazendo suas apresentações em parceria direta com o evento.

Em 2022, a ESA, companhia dona da E3, anunciou que o evento voltaria a ocorrer de forma presencial, porém o risco da COVID-19 ainda estava bem presente, o que impossibilitou o tradicional evento que ocorria anualmente em Los Angeles. Ao invés disso, a ESA tentou apostar novamente numa alternativa digital, que mais uma vez falhou.

Já em 2023, a E3, que agora seria produzida pela Reedpop (que produz eventos como a PAX e a EGX), prometia voltar com tudo, com um mega evento presencial aberto ao público e convidando estúdios e publishers para participarem. No entanto, o interesse dos grandes nomes da indústria pela E3 foi mínimo, o que resultou no cancelamento da edição deste ano, com rumores apontando que as edições de 2024 e 2025 também seriam canceladas.

Em setembro, a Reedpop anunciou que não iria mais trabalhar com a E3 e com a ESA, após não conseguirem conquistar nada para a produção da edição de 2024: Nem local, muito menos atrações. Após tudo isso, ontem – dia 12 de dezembro de 2023, a ESA anunciou oficialmente em suas redes sociais que a E3 está definitivamente acabada:

As razões para tal, segundo a própria ESA, foi o crescente desinteresse da indústria pelo evento. Se tentarmos entender onde o desinteresse começou, podemos começar traçando lá no ano de 2011, com a Nintendo dando início aos seus Directs e afastando-se dos grandes eventos. Apesar disso, a E3 continuava firme e forte. Porém, em 2019, a Playstation não participou do evento, revelando, na época que a E3 não tinha mais a mesma relevância para a indústria que um dia teve.

Em 2020 a Playstation anunciou que novamente não participaria da E3. No entanto, esta edição acabou sendo cancelada, e desde então a Playstation deixou de participar do evento. A Xbox, Ubisoft e Square Enix, que sempre tiveram conferências grandiosas, inicialmente continuaram a dar apoio à E3, mas a pandemia e a queda de relevância do evento fizeram com que as três também decidissem apostar em seus próprios “Directs”.

A razão verdadeira para o declínio da E3 é fácil de entender: Expor na E3, e ainda por cima apresentar conferências custa muito dinheiro. No passado, a E3 era um evento fechado para a indústria, um evento em que rolava networking, acordos e etc, além de ser o momento do ano para que os anúncios fossem feitos, de forma atrair potenciais compradores e revendedores para os games que estavam por vir. E era na E3 que o público ficava sabendo dos grandes anúncios, através da mídia que participava das conferências e compilava todas as informações nas saudosas revistas.

O formato dos Directs é sem dúvida alguma muito mais eficiente e econômico. As empresas produzem suas apresentações digitais sem demandar muitos recursos e “conversam” diretamente com o consumidor final, gerando hype.

Outra razão para o declínio da E3, em relação a parte de ser um evento para a indústria, foi quando ela deixou de ser um acontecimento da indústria dos games e passou a se tornar um evento de marketing que possui games sendo apresentados. Diferentes estúdios, grandes e pequenos, chegaram a reclamar justamente desse fato, que virou justificativa para seu abandono.

Segundo notícias que circularam na época dos últimos cancelamentos, a ESA estava mais interessada em atrair marcas não-relacionadas a indústria de video games para o evento, alocando investimentos no convite de celebridades e marcas para “gerar caixa” para a E3, com as conferências e exposições sendo secundárias.

Muitas pessoas chegaram a comentar que o erro foi a abertura da E3 ao público, o que demandava mais e mais investimentos para atrair pessoas. Mas esse argumento não se sustenta muito quando levamos em conta que o público que comparecia à E3 o fazia para jogar games ainda não lançados e tentar a sorte para assistir as conferências de forma presencial.

O fato é que a E3 deixou de ser interessante para a indústria em si. E curiosamente, eventos como a Summer Game Fest e The Game Awards, mesmo com suas muitas gafes e foco em trazer celebridades e marcas, a cada ano ganham mais e mais força com os grandes nomes da indústria. Além disso, a Gamescom, Tokyo Games Show e GDC continuam firmes e fortes. E com acesso ao público!

No fim, o grande evento que deu a indústria games uma “cara de indústria”, virou lateral do Vasco, e não vai mais acontecer. É triste, mas honestamente? Esse fim não é nem um pouco surpreendente. Infelizmente não teremos mais o “grande show dos video games” que acontecia em todo o mês de junho. Mas como diz o ditado, “o show não pode acabar”, e os Directs estão aí para provar isso.

E assim, a E3 chega ao fim, definitivamente. Quem sabe um dia ela pode ressuscitar? A possibilidade é real, ainda que improvável. Mas ainda assim, chega ao fim o maior evento de games da história.

(Via: Eurogamer)

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