Preview Arkade – Jogamos o beta fechado de Exoprimal

16 de março de 2023
Preview Arkade - Jogamos o beta fechado de Exoprimal

Uma das minhas maiores decepções em anúncios de jogos dos últimos tempos foi, confesso, quando a Capcom mostrou um jogo para a nova geração onde um grupo de soldados – uma ruiva de cabelo curto, inclusive – enfrentava hordas de dinossauros raivosos… e não era Dino Crisis. Exoprimal foi mostrado como um game multiplayer colaborativo – com elementos de competição – e logo meu interesse foi por água abaixo. O tempo passou e quis o destino que eu reencontrasse a proposta, agora já em sua versão de teste beta.

Vale lembrar que nós já havíamos testado o jogo meses atrás, mais especificamente em agosto de 2022, nos PCs. Assim, vou me dedicar menos a especificar os detalhes tratados lá, como criação de personagens ou ambientação, e convido você, leitor que ainda não tinha visto essas primeiras impressões, a dar uma passadinha lá depois de prestigiar este preview. Vale a pena e certamente dará uma dimensão mais completa do estado atual do game.

Preview Arkade - Jogamos o beta fechado de Exoprimal

Se aquilo que foi mostrado estava muito longe do que eu esperava (ou desejava), agora fica claro quais são as referências que se aproximam da experiência proposta. Não demorou para eu compreender a dinâmica do jogo como uma espécie de versão jurássica do surpreendente World War Z com pitadas de jogos como Anthem (ou daquilo que Anthem deveria ser), Destiny e até o saudoso e quase esquecido Lost Planet. Com uma dinâmica puramente pensada para jogatinas on-line, contudo, é um jogo que depende não só do conteúdo e das referências, mas principalmente da forma como propõe um engajamento que deve ser sustentável e contínuo.

Dinossauros no mundo moderno

Para quem acompanhou pouco o noticiário do jogo, um rápido resumo: em um futuro não muito distante, por volta do ano 2043, o nosso querido planeta começa a sofrer com uma série de ataques devastadores de criaturas pré-históricas graças a uma maldita inconsistência dimensional-temporal. Um grupo militar de elite, chamado de Aibius, assume a linha de frente de defesa e, utilizando-se de poderosos trajes tecnológicos e com o suporte (um tanto quanto macabro, acrescento) de uma IA avançada chamada Leviatã, basicamente exoesqueletos preparados para combate pesado em campo, precisam barrar incursões inimigas e defender aquilo que sobrou da humanidade.

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Serão 10 exotrajes disponíveis na versão definitiva do game, divididos em três classes principais: Ofensiva, que equilibra agilidade e força, ataques próximos e a distância; Tanque, que aguenta muita porrada direta mas tem suas limitações em termos de distância e velocidade; e Suporte, que aguenta pouco conflito no corpo-a-corpo mas tem vantagem de cura e outras benesses para aliados. Cada uma delas tem suas habilidades específicas e até ataques especiais, e caberá ao jogador se adaptar àquela que melhor atente o seu estilo, mas basicamente os arquétipos são bastante confortáveis para qualquer pessoa que tenha experimentado jogos em times.

Novo, mas nem tanto assim

O modo disponível nesta versão beta, a qual tivemos acesso antecipado para o preview graças à Capcom Brasil, é o chamado Sobrevivência Jurássica, onde entram em campo de batalha duas equipes com cinco jogadores que precisam enfrentar algumas ondas generosas de animais oriundos de estranhos portais, dentre eles alguns de grande porte. O game não economiza em utilizar espécies que estão dentre as mais comuns em nosso imaginário, então se perguntarmos quais dinossauros você se lembra, certamente todos estarão dentre os presentes já nos primeiros momentos do game. Enquanto velociraptors chegam às dúzias, tricerátopos, anquilossauros e tiranossauros dão um bom trabalho mesmo quando sozinhos.

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Cooperativamente, nada mais óbvio: some esforços com seus companheiros para eliminar os inimigos da forma mais implacável possível. A velocidade é fator preponderante, porque a equipe que mais rapidamente se livrar dos problemas e cumprir os objetivos de cada partida é declarada a vencedora, incluindo um ponto final onde finalmente os dois times entram em embate direto numa versão mais caótica e barulhenta do clássico “roube a bandeira”, o que inclui encontrar itens especiais que nos permitem incorporar, nós mesmos, os tão poderosos dinossauros e sair devorando geral, algo que mesmo atravancado se mostra bem divertido.

Fica claro que Exoprimal é, antes de mais nada, um jogo feito para a ação ininterrupta que valoriza a experiência intensa e a agressividade do time, mesmo que os elementos estratégicos esperados estejam todos lá, a começar pelo equilíbrio do time – é quase impossível vencer sem ao menos um de cada classe fazendo o seu trabalho – e passando pela comunicação. Neste momento de testes onde o padrão é jogar com gente desconhecida, o que inclui o sempre bem vindo crossplay para as diversas plataformas, o diálogo e a articulação são mais complicados, mas a tendência é a sedimentação de times e, portanto, uma grande vantagem para quem estiver melhor organizado.

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Bonito e bem resolvido

Quem já viu qualquer vídeo promocional deve imaginar que dezenas e, quiçá, centenas de inimigos dropando alucinadamente na tela é um grande desafio tanto para desempenho das máquinas, incluindo as mais novas, como para a conectividade de servidores e jogadores. A boa notícia é que, considerando ser uma versão ainda em fase de ajustes e correções, já está melhor acabada do que eu esperava. Mas o jogo não passa totalmente ileso a problemas de lag, com aliados e inimigos passando, uma ou outra vez, por efeitos que parecem teletransporte de um ponto a outro. Não é comum, mas acontece.

Presenciei ainda algumas desconexões pontuais de alguns aliados – nenhuma vez comigo, felizmente – mas que acabam atrapalhando não só o coitado que simplesmente some de uma partida a qual está se dedicando, mas também ao time, que sente bastante quando desfalcado. Considerando que faltam alguns meses para o lançamento da versão oficial, certamente esses deslizes já estão sendo mapeados e provavelmente passarão por algumas correções. Como não são de natureza estrutural, preocupam pouco e, olhando para o copo meio cheio, acabam sendo involuntariamente engraçados e pontos de respiro em meio a tanta bagunça.

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Considerando o valor estético, os gráficos não chegam a encher os olhos mais exigentes, principalmente daqueles que esperariam algo de ponta na comparação com games single player, mas fiquei positivamente surpreso com o esmero com detalhes, com o uso sem medo de cores e de saturações e com o volume de efeitos pirotécnicos em tela. Os desenvolvedores parecem ter se desafiado a criar o jogo mais bonito possível que poderia ser rodado com o desempenho desejado. Ainda assim, os dinossauros carecem de fluidez em movimentos mais robóticos, ciclos de animação repetitivos e pouca naturalidade selvagem.

Soma-se a tudo isso um modelo sonoro que preza pela adrenalina e perde na questão da sutileza, e por vezes a temática do jogo acaba se perdendo. Não faz tanta diferença assim serem dinossauros e não zumbis ou outro tipo de inimigo, porque o comportamento de rebanho descerebrado tira o que poderia ser o diferencial em um jogo que nos coloca frente a frente com os maiores caçadores que a Terra já viu. Detalhes, claro, que seriam mais significativos em uma produção dedicada a desenvolvimento de narrativa e diegese, mas que não importam tanto assim quando o maior objetivo é simplesmente resistir à próxima onda ou derrubar o próximo gigante.

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Conclusões iniciais

Em resumo, esse breve período de testes foi o suficiente para sedimentar algumas coisas que já eram esperadas e que foram vistas antes, como um modelo totalmente voltado para a progressão contínua típica de um jogo como serviço; a ação preponderante e contínua baseada em hordas; o foco no combate direto que combina cooperação com competição; e a ausência de quaisquer aspectos narrativos relevantes ou minimamente interessantes. Cenários ou motivações são totalmente descartáveis e genéricos e dão palco a um modelo de jogabilidade fluido e viciante.

Em termos de gameplay, portanto, o jogo é envolvente, fácil de aprender e muito convidativo. O sistema de mira demanda costume, e particularmente decidi, por exemplo, diminuir a sensibilidade padrão de movimento, algo bastante customizável. Comandos, ataques especiais, diferenças nas classes, tudo é muito funcional e bem resolvido, ainda que haja aqui poucos elementos realmente originais. Se você já jogou qualquer game de tiro em terceira pessoa vai se sentir confortável aqui, ainda mais com o tutorial base bem didático que abre a experiência.

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Ainda tenho minhas dúvidas acerca da longevidade do game, que depende, como não poderia deixar de ser, de uma comunidade forte, motivada e empenhada em se manter ativa. Nesse período onde os testes eram restritos, na maioria das vezes as partidas demoraram para fechar e foram completadas por bots, algo esperado pelo escopo limitado de quem teve acesso ao jogo. Veremos um pouco mais desse potencial quando começar o período aberto, que começa já neste dia 17 de março.

Por agora, para minha própria surpresa, passei a torcer um pouco mais para que o jogo encontre seu público e seu espaço no mercado, porque mesmo sendo raso como um pires em termos de construção de mundo, ele funciona naquilo que interessa, mas diferentes formas de se enfrentar um sem número de inimigos e, claro, um time adversário que está tão disposto a nos destruir quanto os bichões. Fica a expectativa do conteúdo planejado para os meses seguintes ao lançamento, temporadas, bonificações e elementos com o frescor necessário para manter a chama acesa.

Exoprimal será lançado no dia 14 de julho de 2023 para Playstation 4, Playstation 5, XBox One, XBox Series S|X e PC, e já está localizado para o português brasileiro em textos, menus e legendas.

Uma resposta para “Preview Arkade – Jogamos o beta fechado de Exoprimal”

  • 17 de março de 2023 às 09:28 -

    José Luiz da Silva

  • Esse game, na minha opinião, é uma cópia de THE LOST PLANET com dinossauros.

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