Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual

2 de abril de 2020
Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual

Amanhã será lançado oficialmente Resident Evil 3, remake de um clássico que reimagina o confronto da corajosa Jill Valentine com a arma biológica Nemesis.

Nós já jogamos o game, e ele está incrível. Quem acompanha nosso site já deve ter lido a análise do nosso camarada Renan se ainda não leu, clica aqui–, que enaltece as muitas qualidades desta que é mais uma bola dentro da Capcom.

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual

Mas hoje não estamos aqui para falar do jogo em si. Quero só desabafar um pouquinho sobre como é estranho jogar algo com a temática de Resident Evil 3 nestes tempos de quarentena que estamos vivendo. Afinal, o jogo retrata uma cidade que foi dizimada por um vírus… e no presente momento, temos um vírus infectando (e matando) algumas milhares de pessoas pelo mundo todos os dias.

Um vírus real

Sim, eu sei que o T-Virus e o Coronavírus são completamente diferentes, e que no mundo real não tem ninguém virando zumbi ainda. Mas esse não é o ponto. A questão é que, salvo as óbvias diferenças, Raccoon City foi vítima de um vírus faminto, que conseguiu destruí-la em questão de dias… e a gente viu coisas tão terríveis quanto uma praga zumbi rolando nas últimas semanas.

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual
Pacientes do Novo Coronavírus na Itália

Até mais terríveis, pois aqui estamos falando de vidas humanas reais, não de personagens feitos de pixels: assistimos, perplexos, o Coronavírus “destruindo” cidades italianas há pouco mais de duas semanas, e ele segue fazendo vítimas por lá. Ele não cria zumbis — felizmente –, mas está conseguindo saturar o sistema de saúde de países inteiros, e tirando a vida de muita gente no processo.

O mundo ao nosso redor está mudando em tempo real: países fecharam suas fronteiras e pessoas estão sendo multadas ou detidas se forem flagradas na rua, sem um bom motivo para estarem fora de casa. O maior evento esportivo do mundo foi adiado, e vimos shows, festivais e grandes eventos, como a E3, sendo cancelados.

Nos supermercados, prateleiras de álcool gel e papel higiênico ficaram vazias enquanto o povo, desesperado, estoca tudo o que pode para encarar o confinamento. Hospitais de campanha estão sendo erguidos até dentro de estádios de futebol. Na Espanha, teve até pista de patinação sendo usada para preservar os mortos. Parece coisa de filme (ou game) de terror, mas é real, e está acontecendo neste momento.

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual
Olha o Pacaembu como está diferente

A gente (e incluo nessa conta pessoas de pelo menos 3 gerações, tanto mais jovens quanto mais velhas do que eu) nunca viu algo assim antes. A “pandemia de 2020” é um evento de proporções globais que logo fará parte dos livros de História. É inédito (e assustador), e há especialistas afirmando que o mundo nunca mais será como era antes da Covid-19. O que é igualmente assustador.

Realidade x Ficção

Enquanto me aventurava pelas ruas apocalípticas de Resident Evil 3, volta e meia me deparava com algo que fazia um paralelo com a nossa situação atual. Pegue a delegacia de Raccoon City, por exemplo: eles tentaram fazer uma quarentena ali, bloqueando portas e janelas… mas como a gente sabe, não deu muito certo.

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual

Também em Resident Evil 3, encontramos um cidadão desesperado que, ao invés de aceitar a ajuda de Jill e tentar fugir da cidade, prefere simplesmente se trancar em uma espécie de carreta (ele também estava no jogo original) e esperar… pelo quê? Salvação? Morte? Desespero e desesperança também são temas muito pertinentes na situação atual, ainda que todo mundo esteja fazendo a sua parte para manter-se são durante o isolamento.

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual
As ruas vazias de Raccoon City são um pouco mais caóticas que as nossas

Resident Evil 3 ainda tem um punhado de documentos e e-mails que, se tirados do contexto do jogo, poderiam tranquilamente ser reais no cenário atual. Vou deixar um exemplo abaixo:

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual

Não soa factual? No momento em que escrevo este artigo, os Estados Unidos estão sofrendo com o Coronavírus, com Nova York sendo um novo epicentro da doença: até ontem, eram mais de 43 mil casos e pouco mais de mil mortes na cidade. É, eu sei que o Capitólio não fica em NY, mas você entendeu.

E que tal este próximo documento, trecho de uma espécie de diário de um enfermeiro que atendeu os primeiros infectados pelo T-Virus. Tirando a parte dos delírios e camisas de força, o restante do relato me soa assustadoramente contemporâneo:

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual

Claro que Resident Evil não é a única obra de ficção que coloca a gente nesse tipo de situação. Títulos como The Last of Us, The Walking Dead e até mesmo The Division também retratam mundos dizimados por pandemias variadas. O cinema também já nos apresentou a mundos pós-apocalípticos diversos, destruídos por doenças, guerras ou invasões alienígenas. Mas, Resident Evil 3 é “o jogo do momento”, foi ele que eu joguei nós últimos dias, e foi “por culpa dele” que comecei a traçar esses paralelos.

Apesar disso tudo, estamos bem melhores do que os pobres cidadãos de Raccoon City. O distanciamento social tem se mostrado uma boa forma de conter o avanço desenfreado do vírus… e no mundo real, nossa quarentena improvisada não corre o risco de ser violada por zumbis famintos!

God bless the videogames <3

Vale lembrar que, em uma época na qual ficar em casa é meio que obrigatório, temos nos videogames um grande aliado para nos entreter, ocupar nossa mente e não nos deixar pilhados com as notícias. A mesma Organização Mundial da Saúde que já tratou vício em videogames como doença agora estimula as pessoas a jogarem online com seus amigos.

Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual
Se jogar dividindo o mesmo sofá ficou inviável, reúna seus amigos online!

Sei que nem todo mundo têm a possibilidade de ficar em casa, mas se você pode, fique em casa. Ao contrário dos zumbis de Resident Evil 3, não podemos conter o Coronavírus com granadas ou tiros de escopeta. Só o que podemos fazer é nos cuidarmos, lavarmos bem as mãos, mantermos distância de outras pessoas e esperarmos essa provação passar.

Felizmente, encarar tudo isso jogando videogame torna o processo bem menos doloroso. Alguns jogos colocam a gente para refletir sobre a situação, outros não, mas tanto faz, aí é questão de gosto. O que importa agora é cada um fazer a sua parte… de preferência, sem sair de casa. :)

2 Respostas para “Jogando Resident Evil 3 na Quarentena: uma reflexão sobre o momento atual”

  • 2 de abril de 2020 às 20:07 -

    Santos

  • Bela análise. Incômoda mas necessária.

  • 2 de abril de 2020 às 22:07 -

    Helinux

  • A verdade é que o medo do vírus revela muito bem a face das pessoas…aparece o preconceito, medo e a falsa amizade que existe entre as pessoas…ou seja, na hora da merd…é que vamos ver quem são os seus amigos!!!! Essa é a verdade!!!! Esse ano está kbuloso!!!! Sobre RE 3, não ia falar…mas fiquei um pouco decepcionado sobre determinados eventos, jogo curto e um Nemesis que só tem tamanho…faltou mais agressividade e a versaõ Nemesis do PS1 dá mais medo!!!! Valeu!!!!

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