RetroArkade – ClayFighter, o game de luta paródia com lutadores de argila

15 de setembro de 2019
RetroArkade - ClayFighter, o game de luta paródia com lutadores de argila

Assim como já existiu a “era do FPS”, em que todo mundo só queria trocar tiro, e a “era do GTA”, quando todo mundo queria tocar o terror à vontade pelas cidades, existiu a “era da luta”. “Culpa” de Street Fighter 2 e Mortal Kombat, que revolucionaram os games, e geraram uma toneladas de games do gênero.

Nós tivemos, assim, obras primas como os games da SNK, o querido Killer Instinct, o início de uma nova vertente, em 3D, com Tekken e Virtua Fighter, além de diversos outros games que, entre bons, regulares, ruins e péssimos, garantiram uma grande leva de jogos de luta.

Entre eles, bonecos de massinha, com teor pastelão e muita sátira aos games de luta que já existiam. Em 1993, o mundo conheceu Clayfighter, o divertido game da Interplay, a mesma que nos ofereceria, na mesma época, Boogerman, e Earthworm Jim.

É quase um Mortal Kombat… mas de argila

Embora Mortal Kombat não seja o pioneiro (Pit Fighter já havia utilizado tal técnica) em capturar imagens para levar para os games, é fato que o game popularizou, e muito, o conceito. Para os consoles da época, ainda não capazes de proporcionar gráficos realistas e em três dimensões, a ideia de levar pessoas reais para a tela entusiasmava.

Neste processo, a Rare evoluiu um pouco mais, fazendo algo parecido, mas com computação gráfica. Era o ACM, que transformava personagens em 3D, feitos em computadores avançados para a época, e os transformava em sprites. Foi a mágica de Donkey Kong e Killer Instinct. Mas como o estúdio britânico apenas que tinha tal tecnologia, restava aos demais a captura tradicional.

E foi o que a Interplay fez. Com o desenvolvimento da Visual Concepts, a proposta era a de oferecer um game de luta, mas como uma alternativa bem humorada aos games mais violentos (MK) e sérios (SF) que já existiam. A ideia foi trabalhada por um ano entre as duas empresas, que definiram o conceito de oito lutadores.

RetroArkade - ClayFighter, o game de luta paródia com lutadores de argila

Depois disso, chegou a hora da tecnologia stop-motion entrar em ação. Os personagens eram modelados, com argila, nas suas posições do game. Eles eram fotografados e digitalizados, para servirem como sprites. Eram os Claymations, que usavam dos mais variados tipos de argila, e contaram com vários artistas, que formavam dezenas de modelos para os lutadores.

Uma vez o jogo feito, chegou a hora de colocá-lo nas prateleiras. O game chegou ao Super Nintendo em 1993, e no ano seguinte, foi a vez do Mega Drive. A tática da Interplay foi a de se aproveitar das polêmicas em torno de Mortal Kombat durante o ano de 1993, e oferecer uma alternativa mais “amigável” para os pais. “Os pais que se opõem a games de sangue e tripas agora tem um título alternativo que dá às crianças o tipo de ação intensa que elas querem ver em jogos de luta”, dizia a empresa.

Hora da pancadaria no circo

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Como o centro de Clayfighter era o humor, o cenário principal era o circo. Na história do game, um meteoro de argila atingiu um circo simples nos Estados Unidos. O objeto, vindo do espaço, contaminou os trabalhadores do circo com sua gosma, transformando todos eles em versões bizarras e fortes do seu forte ego.

Sem controle sobre a situação, e buscando respostas, a saída foi usar os novos poderes e sair no braço em busca de uma solução, para tudo. Assim, podemos acompanhar através do game a situação de oito personagens. Bad Mr. Frosty é um boneco de neve. Taffy, com seu gosto por doces, é praticamente uma cárie ambulante.

Tiny, parece um Battletoad mais selvagem e de argila. Enquanto The Blob é uma massinha ambulante. Blue Suede Goo é a prova de que “Elvis não morreu, virou argila”. Ickybod Clay é a homenagem de dia das bruxas, com sua cabeça de abóbora. Helga é uma bárbara que adora comida e sonha em ser cantora. E Bonker é um típico palhaço psicótico. No fim da jornada, N.Boss, o chefe, aparece para o confronto final.

RetroArkade - ClayFighter, o game de luta paródia com lutadores de argila

Tudo é bem simples. A barra de energia, e de pontos, aparece com um design bem simplista, e os cenários de fundo, mesmo bem animados, também mostram que o foco, no fim, foi a programação dos personagens. É tudo bem funcional, com cada personagem tendo sua variedade, e garantindo um bom “clone de Street Fighter“.

Tanto é que a revista EGM premiou Clayfighter em 1993. O game levou os títulos de “Melhor clone de Street Fighter“, “Melhor efeitos sonoros”, e “Melhor propaganda”.

E depois?

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Depois, em 1994, uma nova versão foi lançada. Era a Tournament Edition, que, assim como Street Fighter 2 e suas versões, corrida alguns erros e trazia novidades. O jogo, inicialmente, foi apresentado como um jogo de aluguel, disponibilizado apenas nas locadoras Blockbuster.

Os cenários foram quem sofreram as maiores mudanças, chegando ao ponto de serem refeitos alguns deles. O game também ganhou novos níveis de dificuldade, e velocidade, além de melhorias no multiplayer. E um bug foi corrigido, que permitia aos jogadores controlarem o chefão. O game chegaria também ao Jaguar, da Atari, mas os problemas do console acabaram fazendo com que ele fosse cancelado.

Haveria ainda uma nova sequência. Em 1995, o segundo game chegou para o Super Nintendo. E, em 1997. Clayfighter 63 1/3, paródia com o nome do Nintendo 64, chegou ao novo console da Big N. O game ainda teria uma sobrevida quando chegou ao Wii, via Virtual Console.

Mas os esforços para novos games não andam dando certo. Em 2009, haveria uma versão para WiiWare e DSiWare, mas foram canceladas. E, em 2015, foi anunciado um remaster do primeiro game, quando, no ano seguinte, a Interplay anunciou o seu cancelamento, assim como a disponibilidade de venda de suas IPs. Desde então, o mundo do videogame nunca mais teve acesso aos lutadores de argila.

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