RetroArkade: Crash Bandicoot: The Huge Adventure, um “demake” para o GBA

12 de dezembro de 2021
RetroArkade: Crash Bandicoot: The Huge Adventure, um "demake" para o GBA

A história de Crash Bandicoot nos videogames tem questões bem específicas. Primeiro, a fase “Playstation”, na qual o personagem, com o desenvolvimento da Naughty Dog, se tornou em um dos símbolos do console, ajudando, e muito, no sucesso do primeiro console da Sony.

Em seguida, a Universal, a verdadeira dona dos direitos de Crash, buscou transformar o personagem em um mascote de sua companhia, ao invés de seguir vendo-o como o mascote do Playstation. Para tal, a companhia escolheu novas desenvolvedoras, enquanto a Naughty Dog rumava para se tornar um estúdio exclusivo da Sony.

Neste contexto, outros videogames, que não tinham Playstation no nome, teriam a oportunidade de ter games de Crash. Crash Bandicoot: The Wrath of Cortex, por exemplo, chegou apenas dois anos após Warped, mas para Playstation 2, Xbox e Gamecube. Enquanto um outro game, que apesar de não ser muito lembrado, é bem interessante, chegou ao então recém-nascido Game Boy Advance.

Novos tempos para Crash

RetroArkade: Crash Bandicoot: The Huge Adventure, um "demake" para o GBA

Nossa história começa em setembro de 2000. Nesta época, a Universal Interactive havia fechado um acordo com a Konami, para a criação de um game sobre Crash Bandicoot, mas desta vez, para todos os sistemas de nova geração. A Universal Interactive cuidaria da produção, e, com isso, buscava remover a imagem do seu personagem como um personagem do Playstation.

Além de Playstation 2, Xbox e Gamecube, o Game Boy também foi incluído no negócio. Tanto o Game Boy Color, como o vindouro Game Boy Advance. Ainda em 2000, mas em dezembro, a Vicarious Visions, que na época era um estúdio com potencial de crescimento (e anos mais tarde, faria o remaster dos games originais de Crash), abordou a Universal, apresentando o que poderiam fazer no então lançamento GBA.

A Universal adorou o que viu, pedindo para a Vicarious Visions um conceito. Conceito apresentado e aprovado, a Universal se sentiu confiante para encomendar um game: um novo jogo de Crash, para o Game Boy Advance, mas funcionando como uma versão portátil dos três games originais de Crash, do primeiro Playstation.

Com o nome provisório de Crash Bandicoot Advance, o game começou a ser trabalhado. Antes de se chamar The Huge Adventure, o game ainda chegou a se chamar Crash Bandicoot X / S (anos antes do Xbox introduzir este nome em seu console) ou The Big Adventure. Foram nove meses de trabalho, com sete programadores atuando em seu desenvolvimento.

Para desenvolver os personagens, foi usado o Maya, que modela em 3D, faz animação e efeitos especiais nos games, e também no cinema e TV. Tal procedimento garantiu ao game um efeito semelhante ao encontrado nos games Donkey Kong de Super Nintendo. Para atender o pedido da Universal, a Vicarious Visions chegou a usar animações e texturas originais de Crash 3: Warped.

O resultado se tornou bem interessante, deixando a impressão de como o game seria, caso houvesse sido lançado no Super Nintendo, uma vez que o Game Boy Advance compartilha de elementos e funções de seu “irmão mais velho”.

Um interessante “demake”

Jogar The Huge Adventure traz ao jogador, especialmente os que já são familiarizados com os games Crash Bandicoot, uma sensação bem especial. O game é, de fato, uma adaptação dos games de 32 bits, para o portátil. Em especial Crash 3, de onde vieram texturas, ideias e conceitos de fases.

O conceito de escolha de fases é idêntico ao de Crash 3, com uma sala com cinco portais apresentando as cinco fases de cada nível. Cada fase apresenta um cristal, obrigatório para o avanço no game, e diamantes, que podem ser encontrados quebrando todas as caixas da fase, mas também encontrando passagens secretas ou cumprindo objetivos específicos. Assim como nos games anteriores.

RetroArkade: Crash Bandicoot: The Huge Adventure, um "demake" para o GBA

Cada cinco cristais coletados, um encontro com um chefe, no qual, vencendo-o, assim como em Crash 2, você sobe ao próximo nível, em um elevador. O Time Trial também está disponível, em um game que tem como plano de fundo a luta de Crash para evitar que a Terra seja diminuída pelo Doutor Neo Cortex. Vale lembrar também que, assim como em Crash 3, o personagem ganha upgrades de habilidades ao vencer chefes.

Suas fases, por sua vez, também são emprestadas de Crash. Temos fases aquáticas, no esgoto, em locais distantes e no céu. O game tem como gameplay predominante o side-scrooling, mas há algumas perseguições, tal qual nos consoles 32-bits, assim como missões de veículos, como o controle de aviões no céu. É um gameplay bem interessante e que consegue cumprir bem seu papel, em um hardware mais limitado.

Fora isso, tudo o que você encontrava em Crash, no Playstation, está aqui. 100 frutas garantem uma vida, as caixas estão presentes, incluindo as TNT e as de Nitro, e até Aku Aku, a máscara protetora que oferece invencibilidade temporária ao coletar três dela, estão presentes.

Vale a pena conferir

RetroArkade: Crash Bandicoot: The Huge Adventure, um "demake" para o GBA
Até perseguição a versão portátil tem

A recepção, na época, foi bem positiva. Foram elogiados a adaptação do game, seu level design e fator replay, todos estes elementos muito parecidos com os games de 32-bits, o que mostra o bom trabalho da Vicarious Visions, e a razão que fez que o estúdio continuasse com Crash, até os dias atuais.

Vários reviews da época também observaram o bom trabalho ao adaptar controles complexos de Playstation para uma perspectiva menor e menos botões de ação. O game vendeu 750 mil cópias nos Estados Unidos, sendo, entre 2000 e 2006, os dias “úteis” do GBA, o 26º jogo mais vendido considerando os portáteis da época: Game Boy Advance, Nintendo DS e PSP.

Hoje em dia, com emuladores e especialmente consoles portáteis retrô, trata-se de uma ótima opção para conhecer a biblioteca do GBA, especialmente por quem deixou passar a época, seja por ter nascido depois, ou por não ter dinheiro para curtir o portátil da Nintendo na época. Trata-se de uma legítima experiência Crash Bandicoot, que deu à Vicarious Visions o status de “nova Naughty Dog” para dar sequência à história de Crash e seus amigos.

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