A evolução de Interlagos, lar da Fórmula 1 no Brasil, nos videogames

Há 32 anos, Interlagos é o lar da Fórmula 1 no Brasil. O autódromo paulistano sediou a primeira corrida da categoria em 1972, foi incorporada ao calendário oficial em 1973, onde ficou até 1977. Entre 1978 e 1989, as corridas brasileiras aconteceram em Jacarepaguá. E, em 1990, com o traçado que conhecemos, Interlagos chegou para nunca mais ficar de fora de nenhuma corrida em solo verde-amarelo.

E a pista viu muita história. Foi o lar de duas das vitórias mais emblemáticas da carreira de Ayrton Senna, contou com corridas históricas, muitas delas regadas a chuvas e acidentes, e ainda presenciou uma das decisões mais frenéticas da história, quando Lewis Hamilton conquistou seu primeiro título mundial, em 2008, na última curva, quando ultrapassou Timo Glock, e tomou o título de Felipe Massa, que havia vencido a corrida.

Mas, um detalhe que nem todo mundo percebe é que a Interlagos que conhecemos teve sua história dividida lado a lado com os videogames. Pois a partir de 1990, a indústria dos games começou a evoluir, o que inclui também os jogos de corrida. E, obviamente, todo jogo de F1 que tivesse licença para incluir pilotos, carros e pistas oficiais, contava com Interlagos.

Assim, o circuito foi evoluindo junto com os gráficos dos games, indo de sprites até o formato bem realista dos vários games atuais que reproduzem suas curvas. Como F1GP, o primeiro game que contou com Interlagos como circuito jogável. No início, a reprodução de circuitos não era tão exata, especialmente nos games. Caso de F1 Pole Position, onde apesar do circuito ter o mesmo traçado, na hora de jogar a situação era diferente.

Entretanto, o tempo foi passando e os games de corrida também evoluíram nos consoles, como a SEGA, que depois dos games Super Monaco GP trouxe o excelente F1 Beyond the Limit, para o SEGA CD. Interlagos, inclusive, ganha destaque por recriar os eventos do histórico GP de 1993, onde Ayrton Senna venceu com carro inferior aos seus rivais, após um banho de chuva no circuito. É possível reproduzir este momento:

Mas na metade dos anos 90, graças aos computadores que evoluíram mais, e os consoles que agora entravam de cabeça no mundo 3D, a reprodução dos circuitos se tornavam mais reais. Agora era possível ter uma experiência ainda mais completa. No caso de Interlagos, a profundidade aumentava com as descidas e subidas do traçado, além da sensação mais próxima da F1 real. O Formula 1 de 1995 da Psygnosis é um bom exemplo deste momento.

O tempo foi passando e o 3D, evoluindo. Assim, os games de corrida conseguiam adicionar uma camada a mais no gameplay, deixando apenas de serem games de velocidade com ação arcade, com uma veia mais focada na simulação. Um ótimo exemplo desta época é o F1 World Grand Prix. Desta vez, além da imersão, também era possível adequar o carro para obter o melhor desempenho na pista brasileira (e nas outras também):

Chegamos no século XXI, quando os simuladores se tornaram uma realidade mais comum para os fãs de corrida. Nesta época, tanto os consoles, mas principalmente os PCs, contavam com excelentes games. Como ainda não havia apenas um estúdio responsável, muitos games disputavam entre si a coroa de “melhor game da categoria”. Já nos consoles, a Sony adquiriu, por um tempo, a exclusividade da Fórmula 1, e assim a pista brasileira ganhava ainda mais detalhe e profundidade.

Foi nessa época também que os mods para games, como o Grand Prix 4, começaram a chegar. Com a possibilidade de “voltar no tempo” e recriar corridas únicas. Como as vitórias de Senna em 1991 e 1993, além de poder reescrever a história e dar a vitória ao piloto brasileiro em 1994.

Mas foi a partir de 2009, quando a Codemasters assumiu a exclusividade da Fórmula 1, que dura até hoje, que a categoria realmente evoluiu. De lá para cá, Interlagos e todos os outros circuitos tiveram uma representação incrível, trazendo muitos detalhes e servindo, enfim, como uma boa porta de entrada para treinos. Os carros podem ser configurados de forma detalhada, para os jogadores explorarem ao máximo cada centímetro do circuito.

Isso fez também com que Interlagos brilhasse em outros games, além da Fórmula 1. Automobilista, por exemplo, celebra o circuito brasileiro, enquanto Project Cars, Assetto Corsa e Gran Turismo Sport (e o 7) também apresentam a pista brasileira. Automobilista, inclusive, oferece até o traçado original do circuito, que era mais longo do circuito que temos hoje.

E até Horizon Chase, ao homenagear Senna, reconstruiu Interlagos, mas ao seu modo, refazendo o circuito como nos velhos tempos, onde detalhes não eram prioridade, mas sim a diversão e o pisar fundo.