Análise Arkade: revisitando Red Dead Redemption, agora no Nintendo Switch

12 de setembro de 2023
Análise Arkade: revisitando Red Dead Redemption, agora no Nintendo Switch

Recentemente, a Rockstar Games trouxe um de seus melhores jogos para novas plataformas. E, embora a forma como este relançamento aconteceu seja bastante questionável, uma coisa é fato: 13 anos se passaram, e Red Dead Redemption ainda é um jogaço.

O que os fãs queriam

Vamos começar com um pouco de contexto: há alguns meses, os rumores sobre um remake ou remaster de Red Dead Redemption estavam em alta na internet. De fato, bastava o logo do jogo ser atualizado no site da Rockstar para que as especulações começassem.

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O que a comunidade realmente queria era um remake do jogo, feito na engine muito mais avançada de Red Dead Redemption 2. Nem seria assim tão impossível, afinal, o mapa inteiro do primeiro jogo já existe “dentro” do mapa de RDR2, e mesmo o personagem John Marston já tem um modelo 3D (mais jovem) de melhor qualidade na sequência.

A expectativa era mais do que justificada. Red Dead Redemption, até pouco tempo atrás, estava “preso” nos consoles da geração retrasada — ainda que disponível no ecossistema Xbox via retrocompatibildade.

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O início da jornada

Como nunca saiu para PC, esperava-se que um remake corrigiria essa gafe. E, claro, trouxesse o jogo atualizado e melhorado para os consoles atuais. 4K e rodando a 60fps em uma engine atualizada — talvez até com um Photo Mode, para a alegria deste que vos fala — era o que a gente queria.

O que os fãs receberam

O balde de água fria chegou no início de agosto, quando a Rockstar Games enfim acabou com o mistério e anunciou uma “nova conversão” do jogo, exatamente como era antes, para PS4 e Nintendo Switch. O pacote inclui o jogo base + a expansão Undead Nightmare, mas deixa de lado o multiplayer online.

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Na prática, o Red Dead Redemption de 2023 é o mesmo jogo de 2010 que chegou a duas novas plataformas, com melhorias gráficas bastante rasas e nada de 60fps. Os gamers de PC, coitados, seguem há maios de 10 anos no aguardo de uma versão oficial do jogo.

Ironicamente, esta “nova conversão” do jogo não chegou ao Xbox. O motivo? Simples: a versão retrocompatível do jogo original de Xbox 360 já roda muito bem nas plataformas atuais da Microsoft, entregando inclusive resolução 4K nativa no Series X.

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Para piorar, a Rockstar resolveu cobrar nada menos que R$ 249 reais pelo jogo aqui no Brasil (U$ 49 nos EUA). Pois é, quase o preço de um jogo “novo” por um game que foi lançado há quase 15 anos — 2 gerações atrás.

Obviamente, os fãs não ficaram nada satisfeitos. Desde que foi anunciada, este relançamento sofreu uma chuva de “dislikes”, e a Rockstar virou motivo de chacota entre seu público, que costuma ser bastante fiel, mas também não perdoa mancadas… e, detalhe: nem é a primeira vez que a companhia pisa na bola com games tão queridos.

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Marston pronto pra briga

O fato é: ainda que não seja o que a gente queria, a “nova conversão” de Red Dead Redemption é o que tem pra hoje. E, após passar algumas dezenas de horas revisitando o faroeste implacável da Rockstar no Nintendo Switch, estou aqui para lhe falar algo que você provavelmente já sabe.

Red Dead Redemption ainda é um jogaço

Eu trouxe todo esse contexto antes de falar do jogo em si para ninguém achar que estamos “passando pano” para este relançamento. Ninguém aqui aprova o descaso da Rockstar para com seus fãs, muito menos o valor absurdamente alto cobrado por um jogo que “todo mundo” já jogou há mais de uma década.

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Reencontrando velhos “amigos”

A questão é: se deixamos de lado essas polêmicas, e analisamos Red Dead Redemption como o jogo que é, ele ainda é incrível. De fato, na minha opinião, o primeiro Red Dead Redemption é o melhor jogo que a Rockstar já lançou. Em termos de narrativa e construção de personagens, ele está muito acima de qualquer GTA, ou mesmo de sua muito elogiada sequência.

A jornada de vingança de John Marston — que acaba sendo herada por seu filho, Jack — é simplesmente maravilhosa. E, o fato desse jogo se passar cronologicamente após o segundo deixou essa nova visita ainda mais legal. Afinal, agora eu realmente sei quem são Bill WilliamsonJavier Escuella e, claro, Dutch van der Linde. Conhecer a história do segundo jogo deixa a história do primeiro muito mais interessante.

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O texto em português ajuda a conceder autenticidade aos personagens

E, como alguém que tem dificuldade para zerar jogos muito grandes, gosto do fato do primeiro Red Dead Redemption ser muito mais ágil do que o segundo. É um jogo de uma época menos ambiciosa, com menos “bijuterias” e encheção de linguiça. Os cabelos de John Marston não crescem com o tempo, e os testículos do cavalo não se contraem com o frio, mas e daí?

Como jogo, mesmo, com o controle na mão, ele tem um timing muito mais dinâmico. Revistar corpos, esfolar animais, ou mesmo cruzar o mapa (que é consideravelmente menor) no lombo do seu cavalo são atividades que tomam menos tempo. O primeiro Red Dead é menos um “simulador de faroeste” e mais um “jogo de videogame sobre faroeste”. O que para mim é um baita ponto positivo.

Jogando Red Dead Redemption no Switch

Quando a Rockstar nos ofereceu a possibilidade de analisar o jogo, o representante da empresa me perguntou em qual plataforma eu pretendia jogar. E, embora o Playstation 5 fosse a escolha mais óbvia por uma simples questão do hardware mais potente, eu resolvi experimentar o jogo na versão Switch.

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“Hora do duelo!”

Eu gosto de ver como certos jogos grandiosos se comportam no Switch. Quem acompanha o site há tempos já deve ter visto minhas análises de The Witcher 3, Diablo III Eternal Collection ou mesmo de Overwatch no console híbrido da Nintendo. A mobilidade é um diferencial: me fascina a ideia de levar “a experiência de um triple A” na mochila e poder jogar em qualquer lugar.

Eu viajei neste feriado de 7 de setembro, e John Marston foi comigo. Pude até jogar um bocado na estrada, algo que seria impraticável no “trambolho” que é o PS5. O Nintendo Switch não costuma ser a minha primeira opção quando se trata de um jogo novo, mas ele tem se mostrado uma excelente desculpa para “revisitar” jogos que eu já conheço.

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O visual no Nintendo Switch está super dentro do esperado

E, ouso dizer que a versão Nintendo Switch de Red Dead Redemption não deve quase nada para as outras. Claro, ela roda em resolução menor e talvez tenha sombras mais serrilhadas, mas, no geral, o console dá conta do recado — os “defeitos” ficam mais evidentes na comparação lado a lado. Mesmo em modo portátil, a jogatina é fluida e agradável a 30fps, e os load time são bem menores do que eram nos tempos do PS3/X360.

Faroeste em português

Se o jogo ainda é essencialmente o mesmo, rodando a 30fps e sem alterações muito significativas, talvez a melhor novidade desta “nova conversão” de Red Dead Redemption esteja na localização. Hoje em dia é até estranho um jogo vir sem, no mínimo, legendas em PT-BR, mas lá em 2010 isso ainda era um luxo.

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Entender a história é muito mais fácil em português

Justamente por isso, é uma satisfação enorme receber o jogo, pela primeira vez, oficialmente localizado para o português brasileiro — com menus e legendas em nosso idioma. E a qualidade da tradução é excelente, contribuindo para tornar o game ainda mais acessível e imersivo para o público brasileiro.

Essa definitivamente não é uma novidade que justifique o valor cobrado, mas não deixa de ser um ótimo adendo. Red Dead Redemption é um jogo com uma história grandiosa e personagens marcantes. Justamente por isso, as legendas melhotam a compreensão geral e a experiência do jogador.

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Detalhe de uma lápide
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E de uma página de jornal com textos em português <3

E o mais legal é que houve algum carinho na localização: elementos como as lápides de um cemitério ou os textos de uma página de jornal também estão em português brasileiro (imagens acima)! É só um detalhe, mas que merece ser mencionado.

Conclusão

Agora pouco eu disse que “se deixamos de lado as polêmicas”, Red Dead Redemption ainda é um jogaço. E ele realmente é. Porém, não dá para ignormarmos o elefante na sala. Este relançamento está muito aquém do que um jogo deste calibre merecia. E o valor cobrado por este port é simplesmente absurdo.

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Como era “Repouso do Esquisito” em inglês?

O fato de eu ter curtido muito revisitar este clássico não me deixa cego para todo o contexto controverso que envolve seu lançamento. Como qualquer fã, eu queria um remake caprichado, com visual atualizado, performance otimizada e melhorias que justificassem os R$ 250 que estão sendo cobrados.

Mas, infelizmente, não foi isso que a Rockstar nos entregou. o que recebemos foi o mesmo jogo de 2010, com uma maquiagem leve e um trabalho competente de localização. John Marston merecia mais. A gente merecia mais.

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Para encerrar, uma bebida

Então, como jogo, analisado isoladamente, Red Dead Redemption ainda é nota 10. Mas, para a Rockstar, como empresa, e pelo descaso com seu público fiel, a nota é 0.

A “nova conversão” de Red Dead Redemption está disponível para Playstation 4 e Nintendo Switch (versão analisada).

Uma resposta para “Análise Arkade: revisitando Red Dead Redemption, agora no Nintendo Switch”

  • 13 de setembro de 2023 às 05:55 -

    Nicola Venanci

  • O primeiro Red Dead é menos um “simulador de faroeste” e mais um “jogo de videogame sobre faroeste”.
    É exatamente isso que me afastou de RDR2 e outros jogos que tentam “imitar” a vida real. Quanto mais perto de um simulador eles ficam , mais long eu passo. RDR2 tecnicamente é primoroso, mas é um saco como jogo de vídeo game, não é pra mim, de real já basta minha vida kkkkkkk. Nesse sentido, o primeiro RDR pra mim é mil vezes melhor que o segundo, mais direto e sem aquele fator simulação que me afasta de alguns jogos.

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