Análise Arkade: Strayed Lights, uma curiosa mistura de Journey com Asura’s Wrath

4 de maio de 2023
Análise Arkade: Strayed Lights, uma curiosa mistura de Journey com Asura's Wrath

Prepare-se para dominar a arte do parry em um jornada estilosa e subjetiva em Strayed Lights, jogo que combina belo visual com um sistema de combate único, confira nossa análise.

A história é por sua conta

Strayed Lights é um daqueles jogos sem diálogos, ou qualquer linha de narrativa. Ou seja, a história é bastante subjetiva, e está aberta à interpretação do jogador.

Começamos o jogo controlando uma criaturinha de luz que, aparentemente, acabou de nascer. Porém, seu ciclio de vida é bem acelerado, e após alguns passos desajeitados, ela já tornou-se o que podemos chamar de uma criatura jovem.

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Os primeiros passos

No controle dessa criatura vamos — segundo a descrição oficial do jogo –, enfrentar “criaturas gigantes corrompidas, deturpadas por suas emoções” enquanto “desvendamos a história de sua luz recém-nascida em uma jornada mística”. Tudo isso em meio à “natureza selvagem e as ruínas enquanto seus demônios internos tentam impedir seu progresso”.

Confuso, eu sei. Mas, Strayed Lights é aquele tipo de jogo que, tal qual Journey e tantos outros que foram influenciados por ele, nos leva por uma jornada sem palavras. Porém, ao contrário dos outros jogos, que costumam ser contemplativos e pacíficos, aqui o combate é uma parte importante da experiência.

Parries coloridos

Strayed Lights traz um sistema de combate fortemente sustentado por sua mecânica de parry, aka a “aparada”, o ato de defender no momento exato. Porém, há um twist: todas as criaturas do jogo podem alternar entre duas cores; amarelo e azul.

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Alguns inimigos até que são… “fofinhos”?

Isso também vale para o nosso personagem: ao toque de um botão (L1 no PS5), alternamos entre as duas cores. O segredo é realizar o parry (R1) no timing certo e estando da cor certa. Em outras palavras, esteja amarelo para se defender de ataques dos inimigos amarelos, e azul para bloquear ataques azuis. Há um terceiro tipo de ataque (roxo) que não pode ser defendido. Nesses casos, o segredo é usar a esquiva para sair do caminho.

Atacar os inimigos diretamente acaba sendo algo secundário durante boa parte das batalhas. A dinâmica dos combates consiste em acertar o timing dos parries — e a cor deles — para “quebrar a postura” dos inimigos. Não há uma barra de vida, apenas um medidor de stagger, que se enche com parries bem executados. Quando este medidor enche, o adversário está rendido, e podemos absorvê-lo.

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Confira abaixo o gameplay de uma batalha contra chefe para entender como esse troca-troca de cores funciona:

Embora essa ideia de cores não seja realmente nova — jogos como Outland e até mesmo Guacamelee 2 já brincaram com isso –, acho que essa é a primeira vez que vejo um jogo que atrela este elemento ao parry. Isso torna os combates muito dinâmicos e empolgantes, ainda que transforme Strayed Lights em um jogo que demanda reflexos rápidos e muita atenção.

Intenso e estiloso

Embora tenha uma vibe introspectiva e atmosférica, Strayed Lights também tem uma pegada intensa e exagerada que sem dúvida vai agradar aos fãs de animes ou de um certo clássico injustiçado da Capcom: Asura’s Wrath.

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Isso não te lembra Asura’s Wrath?

Digo isso porque os combates, especialmente contra chefes, são muito cinematográficos. Strayed Lights sem dúvida não é um jogo de alto orçamento, mas compensa isso com uma direção de arte e uma “cinematografia” bastante inspiradas, que não devem nada para os grandes títulos.

Visualmente, o jogo é simples, mas muito bem resolvido, com belos cenários e um clima de fantasia, com céus em tons de violeta e belos campos floridos. O contraste das cores amarelo x azul e as pequenas partículas luminosas que se desprendem durante os combates são detalhes que enriquecem muito a experiência audiovisual.

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Olha esse cenário *-*

No PS5, o jogo também faz um bom trabalho com o DualSense. Não é nada tão elaborado como Astro’s Playroom, mas as diferenças sutis na vibração e os gatilhos responsivos contribuem muito com a imersão.

No departamento sonoro, o game também não decepciona, mesclando bons efeitos sonoros com uma trilha sonora orquestrada que combina muito bem com a proposta. Vale ressaltar que o jogo conta com menus em português brasileiro e um bem-vindo Photo Mode.

Conclusão

Não há muitos jogos como Strayed Lights por aí. Ao combinar uma jornada introspectiva ao estilo Journey com um sistema de combate muito particular, ele oferece uma experiência autêntica e diferenciada, que consegue ser tão empolgante quanto misteriosa.

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Particularmente, eu gostaria de um pouco mais de contexto, um pouco mais de “lore”. Nem todo jogo aberto a interpretações é fácil de ser interpretado. Poderia ser algo bem subjetivo, como as descrições dos colossi de Shadow of the Colossus — mais um jogo que pode ter sido inspiração para este, especialmente pela vibe solitária e melancólica.

Eu só queria entender um pouco melhor o que estou fazendo quando absorvo a essência cristalizada dos inimigos. Isso é uma coisa boa? Eu sou realmente o “mocinho” dessa história? Porque, sejamos sinceros, quase não há diferença visual entre nosso protagonista e os adversários que enfrentamos.

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Enfim, isso não é um demérito, é a forma como o pessoal do Embers Game Studio resolveu não contar sua história. Se, narrativamente, as coisas podem ficar um pouco confusas, mecanicamente o jogo manda muito bem, e deve agradar especialmente aos aficionados por um bom sistema de parry.

Strayed Lights está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5 (versão analisada), Xbox One, Xbox Series e Nintendo Switch.

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