Análise Arkade: Imp of the Sun, um MetroidVania inspirado na cultura peruana

5 de abril de 2022
Análise Arkade: Imp of the Sun, um MetroidVania inspirado na cultura peruana

Tem MetroidVania novo na área: Imp of the Sun é um jogo que busca inspiração na cultura peruana para contar a história de um diabrete que deve impedir um eclipse eterno! Confira nossa análise!

Salvando o Sol

Imp of the Sun nos coloca na pele de uma criaturinha — que parece um macaquinho — mágica chamada Nin. O diabrete foi criado pelo próprio Sol, que está se apagando e usou suas últimas forças para dar vida ao personagem.

Nin tem uma missão: impedir que o Sol se apague em definitivo e mergulhe o mundo na escuridão. Para evitar que este eclipse eterno aconteça, ele vai ter que viajar pelos quatro cantos do mundo, enfrentando inúmeros perigos até encontrar Quatro Guardiões, cujos poderes devem ajudar a restabelecer o Sol.

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A trama é relativamente simples, mas ganha pontos por se basear em uma cultura não muito vista nos videogames, que é a peruana. Como Guacamelee e Mulaka — que abraçam diferentes elementos da cultura mexicana — aqui temos um jogo que oferece um bom mergulho nos mitos e lendas do Peru.

MetroidVania sem fronteiras

Imp of the Sun é aquele tipo de MetroidVania que te deixa totalmente livre desde o princípio. Você sabe que sua missão é encontrar os Quatro Gurdiões, mas não há uma ordem certa para se fazer isso. Você é quem decide como vai progredir.

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Por um lado, isso é muito interessante, pois permite que cada jogador tenha uma experiência levemente diferente dos demais. Por outro, cria um “problema de navegação”: talvez você acabe dando de cara com uma área que ainda não pode acessar, pois não possui alguma habilidade que lhe permitiria passar.

Exemplo prático: enquanto jogava, adentrei umas catacumbas super escuras, habitadas por monstros invisíveis que eu não podia atacar. Dei meia volta, fui para outro lugar, e só depois ganhei uma habilidade que me permitia irradiar luz, iluminando o ambiente — e revelando os inimigos. Se algo desse tipo acontecer contigo, o jeito vai ser ir para outro canto e voltar depois.

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É simplesmente impossível avançar nessa escuridão

Embora essas idas e vindas possam causar certa frustração, é algo meio que inerente a MetroidVanias não lineares. Felizmente, o level design do jogo busca inspiração em Souls para oferecer uma saída elegante: estamos o tempo todo liberando passagens e escadas que servem como atalhos, encurtando as distâncias entre as diferentes áreas do vasto mapa do jogo.

Ori + Guacamelee

Como este é o primeiro jogo do estúdio Sunwolf Entertainment, é meio natural que eles busquem inspiração em alguns dos melhores e mais influentes MetroidVanias dos últimos tempos. E, duas inspirações muito claras são as séries Ori e Guacamelee.

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As influências de Ori são mais notáveis na locomoção: algumas das habilidades que desbloqueamos ao longo do jogo são bastante similares às que vimos em Ori and the Blind Forest e sua sequência. Com leves alterações: Nin tem um “dash multidirecional” no ar, enquanto Ori usava inimigos e projéteis para se catapultar.

Outra coincidência: no primeiro Ori, precisávamos criar nossos próprios checkpoints, sacrificando um pouco de nossos energia para habilidades. Aqui, precisamos usar nossa “barra de mana” para nos curarmos. Porém, a energia de Nin vem do sol, ou seja, em lugares cobertos ou muito escuros, sua energia não se recupera sozinha — apenas perto de tochas e fogueiras. Ou seja, é preciso usar esta habilidade com sabedoria.

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Ficar perto das tochas recupera os poderes de Nin

Guacamelee, por sua vez, é referenciado no sistema de combate baseado em arenas. De vez em quando, as laterais da tela vão se fechar, e precisaremos dar cabo de um bando de inimigos para prosseguir. O combate não é nem de longe tão denso e variado quanto no jogo dos luchadores, mas o título da Drinkbox sem dúvida foi uma inspiração.

A verdade é que Imp of the Sun não alcança a excelência de nenhum dos jogos nos quais se inspira, mas isso não quer dizer que ele seja ruim. É só que, tanto Ori quanto Guacamelee são jogos excelentes, muito bem polidos e executados. O patamar que ambos estabelecem é bem alto, de modo que a comparação talvez nem seja justa. E, convenhamos, tem muito jogo “nota 7 de 10” por aí que é muito bom. Imp of the Sun poderia se enquadrar nesta categoria.

Audiovisual

Visualmente, Imp of the Sun também parece uma mistura dos jogos supracitados: o design do protagonista lembra um bocado o de Ori, ao passo que os inimigos e cenários carregam uma vibe semelhante à de Guacamelee. Alguns NPCs, como a caveira que salva o jogo e oferece fast travel, são realmente simpáticos!

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Isso não é um problema, uma vez que, novamente, ambos são referências estilísticas muito competentes. O protagonista, Nin, traz excelentes animações, algo que, infelizmente, não podemos dizer dos inimigos, que se movimentam de forma mais robótica e menos fluída. Isso pode até atrapalhar nos combates, visto que a hitbox parece meio inconstante.

O character design brilha de verdade nos chefes: todos estilosos e imponentes — podendo ser divindades humanoides ou gigantes de pedra que ocupam boa parte da tela. As boss battles são intensas e exigem que o jogador domine as nuances do combate e a nobre arte de conseguir um respiro para se curar.

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O visual dos chefes é incrível!

No Switch, o jogo roda bem, mas ocasionalmente apresenta quedas bruscas de framerate que comprometem a experiência — mesmo quando não há nada grandioso acontecendo, como ao tentar apressar um diálogo, por exemplo. Não sei dizer se isso também acontece em outras plataformas, mas fica o aviso.

O departamento sonoro faz bonito ao trazer composições que soam como legítimas canções peruanas, enaltecendo este lado mais cultural do jogo. O game não possui muitas vozes, mas seus efeitos sonoros aumentam a imersão e combinam com toda a apresentação proposta.

Conclusão

Imp of the Sun é mais um MetroidVania que, com o perdão do trocadilho, busca seu lugar ao Sol em um nicho que cresceu bastante nos últimos anos — e viu nascerem franquias que se tornaram referências do gênero.

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Ele não vai roubar o trono dos maiores do gênero, mas acredito que esta nem seja sua ambição. Os desenvolvedores se inspiraram em grandes games, mas não tentam superá-los — e isso não precisa ser um problema. O que temos aqui é um jogo bom, que não é excelente, mas também está longe de ser um desastre.

O que a aventura de Nin oferece são umas 7 ou 8 horas de diversão honesta. E o jogador ainda leva “de brinde” um passeio pela cultura peruana. No fim das contas, só este aspecto cultural já faz a experiência valer a pena.

Imp of the Sun foi lançado em 24 de março, e está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

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