Análise Arkade: Valheim, um sandbox nórdico desafiador e cheio de possibilidades

16 de fevereiro de 2021
Análise Arkade: Valheim, um sandbox nórdico desafiador e cheio de possibilidades

Games sandbox de sobrevivência são muito populares principalmente entre jogadores de PC. Mas desde Minecraft muita coisa mudou nesse gênero, e grandes títulos se destacaram pelo seu nível de dificuldade. E assim temos Valheim, o novo jogo da Iron Gate AB que está dando o que falar, justamente pela sua ambientação e seus desafios.

O sucesso do jogo está sendo surpreendente: lançado no comecinho de fevereiro, o game já vendeu mais de 2 milhões de cópias na Steam. Considerando que o estúdio responsável pelo jogo é composto por basicamente 5 pessoas, esse é um marco bem impressionante, e comprova que o jogo anda chamando bastante a atenção.

Análise Arkade: Valheim, um sandbox nórdico desafiador e cheio de possibilidades

Valheim: o mundo dos exilados

Ambientado na mitologia nórdica, Valheim não foge dos clichês do gênero, mas executa-os muito bem. Além disso, temos uma atenção primorosa dos desenvolvedores para os sistemas de física, clima e ambientação do jogo. Tudo é muito instintivo e divertido, mesmo que você morra consideráveis vezes no processo.

Na história do jogo, Odin, o famigerado “Pai de todos” da cultura nórdica criou um décimo mundo, que serviria de exílio para todos os seus inimigos. Essa espécie de mundo-prisão foi criado à parte dos nove reinos da cultura nórdica tradicional, e justamente por isso, passou muito tempo à margem da vigia dos deuses… com isso, os exilados aproveitaram para se organizarem em uma rebelião contra os deuses.

Aapós ficar sabendo que seus inimigos estavam crescendo em força e poder nesse reino exilado, o pai de Thor resolveu enviar humanos de Valhalla para este mundo exilado. Uma vez mortos, esses guerreiros poderiam reviver inúmeras vezes até cumprir o objetivo de acabar com os inimigos de Odin.

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Este reino é justamente Valheim, que dá nome ao jogo. E nós, jogadores, somos os guerreiros enviados por Odin para construir um exército e obliterar os inimigos do Pai de Todos. A premissa é até muito bem pensada para dar um contexto interessante ao cerne da experiência — de construir bases do zero e ficar cada vez mais forte –, enfrentando criaturas horrendas e tentando sobreviver de diversas formas.

Mas claro que o foco do jogo não é exatamente a narrativa, que tem um intuito muito maior de ser apenas um pano de fundo mesmo. Mas, com certa constância recebemos comandos de um dos corvos de Odin, que foi para Valheim também para ajudar os guerreiros do deus nórdico. E serve para nos lembrar da razão pela qual fomos enviados até ali.

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Desbravando um novo mundo

Valheim é um jogo que se mostra desafiador de diversas formas. Seja pelas criaturas que podem te matar com qualquer deslize seu, ou através da exploração do mundo, que é bem confusa. Essa confusão não é um defeito do jogo, pois visivelmente é proposital. É fácil se perder no mundo do jogo se você não prestar atenção para onde está indo.

Parte disso se dá pela construção exuberante e detalhada dos relevos, vegetação e demais detalhes dos biomas do jogo. É muito comum encontrar barrancos, declives, rochas e florestas de vegetação verdadeiramente densa. Arbustos e pedras podem te atrapalhar a se locomover, bem como barrancos fazem você cair e não conseguir voltar pelo mesmo lugar.

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O mundo do jogo segue a lógica de Minecraft, com um mundo gerado proceduralmente com alguns objetivos a serem completados através da sua exploração. O mapa é incrivelmente grande e difícil de se explorar, com criaturas muito fortes aparecendo após algumas centenas de metros. Além disso, você sofre dano por frio intenso, pode morrer de fome e precisa dormir para melhorar seus status.

Todas essas mecânicas são muito bem-vindas a um jogo de sobrevivência, uma vez que a todo momento o jogo está te mostrando que você não é forte. Você é mortal e caso morra, vai ter prejuízo. Isso porque suas habilidades são levemente perdidas quando você morre, além da tradicional mecânica dos seus equipamentos ficarem todos em seu corpo, precisando que você o encontre onde morreu para recuperá-los.

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Explorar durante a noite pode não ser uma escolha muito sábia

Crescer e construir

O sistema de crafting e grinding de Valheim são bem interessantes. Nada de reinventar a roda aqui: temos elementos de Ark: Survival Evolved e Conan Exiles tanto no sistema de construção de equipamentos como na construção de bases. Entretanto, é importante ser dito que Valheim é muito mais polido que seus dois concorrentes de peso, apresentando muito menos bugs de construção e com muito mais possibilidades criativas que os demais.

Lembrando um pouco o sistema de grinding da franquia The Elder Scrolls, seus atributos não são melhorados com pontos a serem distribuídos. Na verdade, cada habilidade do personagem é melhorada utilizando-a. Assim, quanto mais nadar, correr ou saltar, melhor você ficará nessas atividades. O mesmo vale para combates com uma arma específica, coletar recursos com uma ferramenta específica e várias outras coisas.

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Essa mecânica que lembra também o nostálgico Tibia Online é um fator muito interessante e imersivo de Valheim. Seu crescimento é gradativo e vai necessitar que você se aprimore de forma prática em várias situações. Claro que essa imersão não é regra com tais mecânicas, afinal, se você andar pelo mapa saltando que nem um coelho ou agachando que nem uma rã são formas de treinar habilidades também.

No que tange as construções, outro fator muito interessante é poder modificar o terreno da forma que achar necessária com uma mecânica que lembra bastante o controle de terreno de No Man’s Sky. Assim, usando uma enxada você pode nivelar o terreno, fazer trincheiras, construir plantações ou aclives.

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Sistema de física que aumenta o desafio

Você já teve a sensação, em algum jogo, de cortar uma árvore, o tronco cair na sua direção e acabar te matando pois você não imaginou que isso poderia te causar dano? Pois é, a mecânica que já foi utilizada em outros games sandbox aqui está muito bem polida. Os troncos cortados das árvores caem seguindo um sistema de física bem realista, causando dano em outras árvores, em construções, criaturas e até em você!

Assim como a gravidade influencia nas árvores, seus saltos, golpes, corrida, escalada e natação também são bem realistas, o que torna essas mecânicas bem mais imersivas e desafiadoras. Porém, a partir do momento que você começa a entender as regras desse mundo, pode soltar a imaginação e começar a utilizar tais mecânicas ao seu favor, ao invés de morrer ou tomar prejuízos pra elas.

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Já tive uma casa toda derrubada por ter destruídas as paredes que sustentavam-na por completo. Em compensação, em outro momento do jogo, consegui usar a física da queda das árvores para derrubar três árvores inteiras cortando apenas uma. Tudo vai depender exatamente da sua aptidão em dominar os sistemas e regras de Valheim.

Juntamente à física do jogo, temos um sistema de clima muito realista que complementa essa imersão e desafio. Tempestades dificultam consideravelmente a visibilidade, além de te deixar encharcado e com frio. Neblinas te deixam quase cego, assim como a iluminação noturna pode ser bem difícil. Entrar em uma embarcação e navegar se torna um desafio à parte levando em consideração as mudanças de clima.

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Combates a lá souls-like

Outro elemento digno de elogios é o sistema de combate de Valheim. Lembrando bastante alguns souls-like como o game independente Outward, seus combates são desafiadores e pesados, sempre bastante apoiados no esquema de defesa/esquiva e no uso coordenado da estamina. No início do jogo, basta você ter a imprudência de encarar dois javalis ao mesmo tempo para sentir o gostinho da morte bem rápido.

Mesmo que pareça um pouco vazio no início, o mapa do jogo é bem povoado, mas levando em consideração sempre essa dificuldade dos combates. Para evitar a aglomeração de muitas criaturas em um determinado local, impossibilitando a superação do desafio de algum modo. Nessa proporção, quanto maiores os inimigos, consequentemente mais desafiadores eles se tornam.

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As dungeons do jogo podem ser verdadeiramente claustrofóbicas

O jogo ainda possui vários ótimos incentivos a combates. Não é tão incomum encontrar dungeons labirínticas com mortos-vivos ou outras criaturas para explorar. Essas masmorras podem se mostrar bem perigosas a partir de um determinado ponto que você avança no jogo. Tanto pelo seu design confuso e apertado quanto também pelas criaturas que podem viver por lá.

Ao lado de todo esse mundo para ser desbravado, temos também o objetivo “principal” do jogo, que é completar determinadas tarefas para que possa invocar uma das quatro bestas que funcionam como os bosses do game. Cada um está localizado em uma determinada região do jogo, obrigando o jogador a explorar o mapa para conseguir encontrá-las.

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Um ótimo apanhado do gênero

Valheim não é exatamente o mais criativo dos jogos do seu gênero. Porém, conseguiu unir muito bem as melhores mecânicas dos games de sobrevivência com sandbox mais influentes do mercado. Além disso, seu visual é muito bonito, mesmo que não seja muito rico em detalhes ou texturas. Seu maior diferencial talvez seja justamente a ambientação nórdica, que mesmo bem comum na indústria atualmente, não estava presente diretamente em nenhum jogo desse gênero até então.

Entretanto, fica aqui um último comentário importante caso você esteja pensando em adquirir Valheim. Opte por jogar com seus amigos (então, convença-os a comprar também), ou então dedique-se a realmente colonizar um mundo solo. Isso porque o jogo ainda não possui servidores oficiais como outros de seu gênero como Ark e Conan. Desse modo, fica quase impossível encontrar um mundo sem senha para jogar online com desconhecidos.

Valheim foi lançado em Early Access no dia 2 de fevereiro de 2021 e está disponível somente para PC. Para esta análise, rodamos o game em um notebook gamer com processador i5-9300, 24GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 de 4GB e SSD.

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