Arkade VR: Eolia tem a musicalidade de Ionia, mas também seus defeitos

28 de setembro de 2022
Arkade VR: Eolia tem a musicalidade de Ionia, mas também seus defeitos

Lançado com exclusividade para o Meta Quest 2 no início de setembro, Eolia é o segundo lançamento da ROTU Entertainment no mesmo universo de Rhythm of the Universe: Ionia, game lançado em 2021 para PC, Quest 2 e PSVR. Com a mesma proposta de trazer experiências musicais interessantes e imersivas do seu antecessor, Eolia tem um novo mundo e uma nova protagonista que agora precisa impedir que uma tempestade destrua tudo.

Com um tempo de duração bem curtinho, Eolia lembra, em vários aspectos, Ionia, mas com alguns avanço no que tange jogabilidade e visuais. Infelizmente, Eolia também traz muito dos problemas e defeitos que Ionia apresentou lá em 2021, com pouco sendo reparado ou melhorado de lá para cá. Mas sobre tudo isso vamos falar detalhadamente nessa análise completa, então vem comigo.

Arkade VR: Eolia tem a musicalidade de Ionia, mas também seus defeitos

Na pele de Conga Dholak

Como citado anteriormente, a protagonista de Eolia é completamente diferente de Ionia, assim como o mundo no qual a história se passa. As terras ricas em flora de Ionia (que lembravam bastante o filme Avatar) dão lugar para um mundo desértico repleto de areia e rochas (que lembram por sua vez Duna). Aqui, entramos na pele de Conga Dholak, uma menina curiosa que explora o mundo enquanto aprende sobre seus costumes e regras.

Assim como visto no game anterior, aqui temos um mundo rico em detalhes e com uma mitologia profunda baseada na musicalidade das coisas. E logo de início, através de um sonho, somos colocados para explorar essa musicalidade de formas bem distintas, enquanto aprendemos o básico dos controles de movimentação e interação com o mundo.

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Mais uma vez temos as famigeradas mãozinhas voadoras que quebram bastante a imersão. Além do fato da movimentação possuir algumas paredes invisíveis incômodas que vão na direção oposta de boa parte dos cenários apresentados, estes muito amplos e abertos. Daí o jogo acaba causando uma sensação de “vitrine” muito comum nos primeiros games em realidade virtual, lá de 2016.

Após o sonho que inicia a jornada, logo somos apresentados ao deserto e à vila de Kundar, onde a maior parte do game se passa. Ao contrário do que víamos no primeiro game, Eolia possui muito mais interações com NPCs, diálogos e opções de resposta. Dando um pouquinho mais de profundidade à uma jogatina que ná verdade é bem pouco profunda, enquanto a mensagem principal do enredo permanece a mesma do jogo anterior.

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Hand tracking nada funcional

Uma das principais inovações de Eolia em relação ao primeiro jogo (e talvez o motivo da sua exclusividade para o Quest 2) é a implementação da tecnologia de hand tracking. A mesma tecnologia de captura de movimento de mãos da qual falamos em Table of Tales há algum tempo. Entretanto, aqui a tecnologia não vai tão bem assim em sua aplicação por diversos motivos diferentes.

Nos primeiros momentos é muito legal ver sua mão mapeada dentro do jogo. Principalmente porque, ao contrário do que vemos em Table of Tales, sua mão não é translúcida, dando uma imersão bem legal (mesmo para mãozinhas voadoras). Mas passada meia hora dentro do jogo com essa tecnologia você logo vê que ela é meio problemática.

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Pois Table of Tales é um jogo estático, no qual você move peças em um tabuleiro dinâmico. Eolia é um game de ação com puzzles, onde você precisará se movimentar, saltar por plataformas e interagir de diversas maneiras com diversos elementos do mapa. E isso por si só já cria muito mais barreiras e dificuldades para a jogatina com hand tracking. Se ficar cansativo, talvez seja o caso de voltar aos controles tradicionais.

Por exemplo, para se mover, você precisa apertar o polegar e o dedo indicador da mão esquerda enquanto a mão direita faz o mesmo para você girar em seu eixo e abrir o menu. Colocando as duas mãos com a palma para cima você abrirá seu diário e poderá interagir com os menus. O problema é que estes são comandos muito complexos e pouco instintivos que, ao serem feitos durante a dinâmica da jogatina, simplesmente parecem obtusos e não funcionam no conjunto.

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Saltar entre plataformas com o hand tracking é pavoroso.

A musicalidade nos puzzles

Felizmente, mesmo que Eolia cometa vários erros do seu antecessor e até alguns erros novos (como no caso do hand tracking), ele acerta no mesmo ponto que Ionia: a musicalidade. O design de som do jogo é impecável, bem como seus puzzles musicais que são bem inteligentes e interessantes de serem explorados.

Assim como Ionia, os diálogos são totalmente dublados e cheios de personalidade nas vozes. Isso é interessante pois, mesmo que Eolia possua erros de level design e visuais incômodos que dão uma sensação de vitrine, esses diálogos e interpretações ajudam um pouquinho o jogo a se sair melhor no quesito imersão, mesmo que esteja longe de ser um dos melhores nesse aspecto.

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Mas o carro chefe do jogo é a relação que ele estabelece com a música. Passando a ideia de que tudo pode ser música, tudo depende da forma pela qual observamos isso. É uma reflexão muito válida e cheia de bases científicas muito interessantes, mas que acaba se perdendo um pouco na superficialidade do jogo em aspectos tão basais. Não fosse essa interferência “técnica”, o jogo poderia ser muito melhor aproveitado nesse quesito.

Entre erros e acertos

Eolia patina bastante entre erros aceitáveis e qualidades questionáveis. O game tenta a todo momento introduzir uma variedade de elementos de jogabilidade que hora são úteis e interessantes, hora são desconexos e desnecessários. Isso sem falar na complexidade de algumas mecânicas que simplesmente as tornam desnecessárias.

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Essa complexidade exagerada também é notada na ambientação da história. São muitos nomes, localidades e mitologias às quais pouco importam de fato já que você vai passar menos de cinco horas imerso de fato naquele universo. Daí muito do que teoricamente seria interessante para agregar profundidade ao enredo acaba se tornando só excesso de informação que acaba não levando a luga nenhum.

Por fim ainda temos problemas no game tanto no quesito “bugs” como em “falha no desenvolvimento” mesmo. O diário, por exemplo, é vago demais na maior parte do tempo, tornando a obtenção de um direcionamento algo mais próximo do acaso do que um elemento inserido de forma consciente no game. Ao mesmo tempo, passei por uma situação conturbada logo no início do jogo, onde eu pegava um cantil da mão de um NPC e ele voltava a aparecer infinitamente, me obrigando a fechar o jogo.

Ainda a sensação de “poderia ser mais”

Eolia acaba ficando em um limbo muito estranho em seu saldo final. Ao mesmo tempo que é uma produção interessante em termos de ideias e proposta, possui uma execução tão questionável quanto o de seu jogo-irmão. Esse é um caso no qual o hand tracking seria totalmente dispensável em troca de algumas melhorias de execução do projeto como um todo.

Mas, no fim das contas, não consigo achar Eolia um jogo absolutamente terrível. Ele tem seus acertos e funciona muito bem como uma experiência musical, mesmo que breve. Mas o caminho do estúdio para trazer um jogo verdadeiramente memorável ainda tem algumas etapas a serem superadas. Eolia é melhor que Ionia, mas nada além disso.

Eolia foi lançado em 1 de setembro de 2022 com exclusividade para o Meta Quest 2. Ainda não há previsão do game chegar para outras plataformas.

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