CCXP23 – Junji Ito fala sobre games, terror e arte

2 de dezembro de 2023

Junji Ito, um ídolo no mangá de terror, reservou um tempo durante sua estada na CCXP 2023 para conversar com a imprensa, em uma coletiva de cerca de 40 minutos. Junto da Pipoca & Nanquim, que garantiu a presença do mangaká nesta coletiva, ele respondeu a várias perguntas, num bate-papo feito na base “pergunte o que quiser”.

E este “pergunte o que quiser” rendeu perguntas sobre vários assuntos, que foram desde a relação das bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki em sua arte, até a sua amizade com Hideo Kojima, que rendeu uma participação no frustrado Silent Hills.

Sempre sereno e tranquilo, Junji Ito começou a conversa já agradecendo o carinho do brasileiro, em sua segunda visita, afirmando que o nosso país servirá de inspiração com uma nova história com Tomie. O que é um desafio, afinal estamos falando de levar bons valores brasileiros para o terror.

Segundo Ito, o brasileiro é um povo apaixonado. Por isso, incorporar algo extremamente positivo para o terror é um grande desafio. Ele disse não ter pensado em como levar isso de forma direta para uma obra, mas afirmou que vai pensar em como adaptar tudo isso no futuro.

Ele também respondeu perguntas sobre games. Mesmo dizendo não ser muito bom com jogos, ele citou quando foi convidado para fazer os monstros de Silent Hills, momento este o qual ele guarda boas lembranças, mesmo com o projeto não tendo continuado.

Disso tudo, se manteve a amizade com Hideo Kojima, que é “uma pessoa divertida” para Ito, por causa de seu sotaque da região de Osaka, que é diferente de Tóquio. Ele citou que Kojima sempre lhe manda seus novos jogos, e que mesmo sem se verem frequentemente, nutrem grande amizade e respeito mútuo.

Mesmo assim, Ito deixou claro que gostaria sim de trabalhar com videogames, mesmo sem saber se teria habilidades para isso. Curiosamente, existe um jogo recente, feito por entusiastas do Game Boy, que conta com muitas influências do mangaká.

Já sobre as bombas atômicas, foi perguntado a ele se o que aconteceu naqueles dias de agosto de 1945 o influenciou de alguma forma, como acontece com outras produções. Ito disse que sabe que é bem comum o uso deste fato histórico nas ficções, não só japonesas, como o Godzilla, como também nas produções ocidentais, mas ele diz buscar outras formas de contar suas histórias, “fugindo” um pouco do que é mais comum, como personagens sendo criados ou modificados por radiação, usando o exemplo da bomba atômica.

Foram 40 minutos de muita atenção, para cada palavra, de um grande nome do mangá. Pessoas como Junji Ito são aquelas que, quando falam, há um silêncio não só respeitoso, mas interessado, em cada palavra dita. Pois há a certeza, que de alguma forma, haverá sabedoria nelas, prontas para serem absorvidas.

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