David Letterman visita a Ucrânia e conversa com Volodymyr Zelenskyy em seu show na Netflix

David Letterman, lenda dos talk-shows na TV dos Estados Unidos, atualmente tem um show na Netflix, onde já entrevistou pessoas como Barack Obama, Lewis Hamilton e Malala Yousafzai. E, em uma edição especial de seu programa atual de entrevistas, que foi disponibilizada nesta segunda (12), o apresentador visitou a Ucrânia, para conversar com o presidente do país, Volodymyr Zelenskyy.

O motivo da visita é o óbvio: Letterman foi ouvir mais sobre a guerra que o país vive contra a Rússia, em um conflito que se estende desde fevereiro deste ano, quando as primeiras forças russas invadiram o território ucraniano. Letterman viajou à Ucrânia e foi entrevistar o presidente em uma estação de metrô de Kiev, “o lugar mais seguro da cidade”.

Os metrôs, nas guerras do século XX e XXI, servem como abrigos para a população, pois como geralmente estão no subsolo, acabam abrigando as pessoas em meio a bombardeios inimigos. O local também foi escolhido para a segurança do presidente Zelenskyy. Na conversa, Letterman fala com o presidente Zelenskyy e com o homem Zelenskyy, em assuntos que vão desde a situação do povo ucraniano, passando pelas relações com a Rússia, até o dia a dia do presidente em meio a este cenário.

A entrevista aconteceu sob barulhos de trens, que transportavam passageiros normalmente, e até um som de sirene, emitido em situações de alerta, como aviso para a população se manter atenta, em casos de possíveis bombardeios ou outros tipos de ataques inimigos.

Letterman também visitou o centro de Kiev, onde viu blindados e outros veículos de guerra “expostos” na praça central da cidade, como um “lembrete” para os cidadãos da capital de que a guerra ainda não acabou. Kiev chegou a ser cercada no início do conflito, mas sua população sofreu muito menos do que pessoas que vivem nas regiões onde os conflitos foram mais selvagens, como nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, além de outros locais, como Kherson e Mariupol, talvez a cidade mais castigada neste conflito, até o momento.

Nós falamos, no começo do conflito, sobre o Museu do Videogame de Mariupol, que continha centenas de unidades que representavam a história dos games no país e no mundo, que foi um dos muitos prédios destruídos na cidade. E contamos também a história de ZeplaHQ, streamer nascida nos EUA, mas que no início do conflito estava em Kiev, e fugiu da cidade após a sua comunidade da Twitch avisá-la da gravidade da situação.

Outro momento pontuado no vídeo fala sobre o humor. Zelenskyy, antes de ser presidente, era humorista, e além de perguntas ao próprio, Letterman também visitou um show local de stand-up, onde o tema “guerra” domina as piadas. Ele conversou com alguns ucranianos, ouvindo deles os seus pontos de vista sobre o conflito.

Além de lembrar de outro ponto importante neste conflito: o sistema ferroviário, que serviu para levar milhares de ucranianos para países vizinhos, como a Polônia, Romênia ou a Moldávia. Foi falado sobre a sua importância e o papel de seus funcionários, que são vistos no país como “a segunda força armada”, já que eles garantem o transporte dos civis que precisam abandonar suas casas, além de transportar itens importantes para a sobrevivência de quem ficou, como comida, por exemplo.

No final, há um bate-papo virtual, cinco semanas após a entrevista, que aconteceu no final de outubro desde ano. Na conversa, o tema foi os recentes bombardeios russos em estações de energia, que deixou milhares de ucranianos sem energia elétrica, em meio ao inverno, onde entre várias questões, os aquecedores são fundamentais em um país que tem um inverno rigoroso.

Também foi falado sobre as questões envolvendo armas nucleares, e foi questionado de Vladimir Putin, o presidente russo, teria, em algum momento, a intenção de “apertar o botão vermelho”. O vídeo de 40 minutos traz uma conversa simples, mas profunda, levando o ponto de vista de Zelenskyy, e um pouco do povo ucraniano, mostrando um pouco do que as pessoas, as que não tem nada a ver com interesses e conflitos de poderosos, estão passando com este conflito.

Praças com blindados destruídos, carros de pessoas comuns que foi explodido enquanto famílias tentavam fugir do conflito, fotos de pessoas, entre soldados e civis, mortos neste quase um ano de guerra e um brilho diferente no olhar do ucraniano, que ainda consegue ver esperança no meio do conflito, mostram uma realidade a qual muitos de nós jamais viveremos um dia. A de lidar com uma situação tão cruel como uma guerra, tendo que, do dia para a noite, lidar com questões como abandonar tudo e fugir com segurança, ou mesmo participar, de alguma forma, de resistência, como a população que trabalha em postos voluntários para fabricar coquetéis molotov contra o inimigo.

O especial já está disponível desde segunda (19) na Netflix.