Os 30 anos da vitória lendária de Senna em Donington Park, com direito ao troféu do Sonic

11 de abril de 2023
Os 30 anos da vitória lendária de Senna em Donington Park, com direito ao troféu do Sonic

Há exatos 30 anos atrás, Ayrton Senna provava, mais uma vez, porque foi um dos melhores pilotos da história da Fórmula 1. A sua famosa habilidade na chuva foi maior, naquele domingo, do que o poder de sua concorrente, a Williams, e fez a famosa McLaren vermelha “estragar” uma festa na qual a SEGA, patrocinadora da corrida e do time de Grove, tinha preparado.

Mas, ao “estragar”, a SEGA acabou ficando mais feliz com o resultado, pois foi o piloto brasileiro quem acabou levantando o já lendário troféu em forma de Sonic, sacramentando uma parceria de sucesso iniciada dois anos antes, e ainda entregando a oportunidade perfeita de parceria entre piloto e personagem, já que a McLaren havia vetado a SEGA como patrocinadora da equipe, segundo o livro A Morte de Ayrton Senna.

Donington, pra princípio de conversa, nem faria parte daquela temporada. Foi adicionada de última hora, para substituir a cancelada corrida em Autópolis, no Japão. Além disso, foi a primeira e última vez que o circuito foi palco de uma corrida, um antigo campo de pouso da RAF na II Guerra, mas reativado nos anos 70. Por isso, a pista britânica recebeu o nome de Grande Prêmio da Europa. Ou, comercialmente falando, XXXVIII Sega European Grand Prix.

Os 30 anos da vitória lendária de Senna em Donington Park, com direito ao troféu do Sonic
Donington Park, atualmente

Esta temporada também estava sendo especial para Ayrton Senna. Campeão em 1991, o tricampeão apenas assistiu, em 1992, Nigel Mansell e sua Williams “de outro mundo” serem os maiores da Fórmula 1. Para o ano de 1993, a McLaren tinha buscado responder a todos os aparatos da sua rival, com um MP4/8 com controle de tração, controle de largada, acelerador drive by wire, suspensão ativa, freios ABS e vários aparatos eletrônicos.

Seu problema, no entanto, estava no motor. Sem a Honda, parceira vitoriosa do passado, entrava em cena o motor Ford Cosworth, que tinha menos potência dos que as Renault de Williams e Benetton. A Benetton, inclusive, vinha em ascensão, construindo com Michael Schumacher uma equipe que viria a ser vitoriosa no futuro.

Os 30 anos da vitória lendária de Senna em Donington Park, com direito ao troféu do Sonic
O MP4/8 não foi o melhor carro de Senna, mas foi quem tirou o melhor de Senna

Mas mesmo em meio a limitações, Senna fez corridas memoráveis com o “terceiro carro do grid”. Prost venceu na África do Sul, na estreia da temporada, e Senna respondeu com uma corrida antológica em Interlagos, onde venceu na chuva, com direito a invasão da torcida na pista, e um “resgate” do piloto, que fez a “volta da vitória” pendurado na porta do Safety-Car.

A terceira corrida, então, teria um grande significado para Senna, pois estava em uma pista nova para todos os pilotos, e alguma carta na manga teria de ser usada, pois o brasileiro sabia que o título naquele ano só viria com um “algo a mais” que só ele poderia oferecer, já que o carro não corresponderia às suas expectativas. E de fato não correspondeu, pois conseguiu apenas a quarta colocação no grid, atrás das duas Williams e da Benetton de Schumacher.

As condições estavam muito distantes das esperadas para uma “corrida épica”: apenas 50 mil pessoas estavam no local, já que a maioria esmagadora esperava mesmo era o tradicional GP da Inglaterra, em Silverstone. O tempo estava horrível e tudo indicava para mais uma vitória fácil das Williams. Mas a chuva mudaria um pouco as coisas. Senna tinha talento comprovado em pista molhada, e Prost era o total oposto desta condição.

Talvez o único que poderia desafiar o tri-campeão em pista molhada seria Schumacher, que já tinha mostrado ser bom nestas condições. Mas a prova começou e com ela a escrita da lenda. Senna largou mal, foi de quarto pra quinto, mas avançou pra cima de Schumacher e deu-lhe o troco, retomando o quarto lugar. Karl Wendlinger, o próximo, viu o capacete amarelo e decidiu “permitir” a ultrapassagem, já que sua Sauber pouco poderia fazer naquela hora.

Os próximos eram as duas Williams. Primeiro foi Hill, que no spray de chuva foi engolido por Senna, sem nenhuma chance de revidar. E Prost, mesmo com um carro superior, cedeu na hora da freada, não podendo fazer muito em relação a um Senna possesso, que terminaria a primeira volta da prova em primeiro lugar, passando quatro carros de uma só vez.

A melhor primeira volta da história da Fórmula 1, de acordo com muita gente, foi tão épica, que ainda houve um segundo show de um brasileiro na mesma volta, infelizmente não registrado da forma correta, pois em 1993 o aparato de uma transmissão não era tão completo como hoje em dia, em que podemos ver uma corrida inteira no cockpit do piloto que quisermos. Mas Rubens Barrichello, em sua Jordan, saltou de 12º para quarto lugar.

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O jovem piloto, também ótimo na chuva (conquistaria sua primeira vitória num aguaceiro em 2000), chegou a ficar em segundo, com as condições da pista fazendo-o pensar até que estava em primeiro, quando Senna queria ultrapassá-lo como retardatário e o jovem pensava que estava na frente da McLaren. Mas problemas no combustível fez com que o sonho de Barrichello ter o seu primeiro pódio na carreira terminasse a seis voltas do fim.

Para Senna a história foi diferente. Não contente com a primeira volta antológica, e de dominar a prova, chegando a impressionantes 1:23.799 de diferença para Damon Hill, o segundo colocado, ele ainda faria a volta mais rápida da prova, passando por dentro da área de pit stop. Ele entrou nos boxes, mas a sua equipe ainda não estava pronta para a troca de pneus. Como naquele tempo não havia os limites de velocidade que são regra hoje em dia, ele simplesmente passou reto, em alta velocidade, somando assim a melhor volta da corrida.

Em Donington, a curva para se entrar nos boxes é menor do que a curva da reta final. Isso fez com que o brasileiro “cortasse caminho”, garantindo o tempo 1min18s029, um segundo a mais do que Hill. Tudo isso foi o suficiente para ser o “escolhido” por Sonic, para ser erguido ao final da prova. A SEGA estava em expansão na Europa, por isso investiu pesado na Fórmula 1, tanto na Williams, onde até os sapatos dos pilotos eram vermelhos, quanto nesta corrida em especial.

O troféu de Sonic, parte dos esforços de marketing da SEGA, ficou com a McLaren, sendo que foi apenas em 2018 que a equipe falou sobre o troféu, encontrando-o em um depósito do time. A equipe exibiu o troféu no Twitter, e dois anos depois, o lendário troféu foi colocado na galeria de troféus na sede da equipe, em Woking.

Senna não tinha o melhor carro em 1993, e por isso não teve motor suficiente para desafiar Prost, que foi campeão daquele ano. Mas para muitos, mesmo os que não o consideram como melhor piloto da categoria, é fácil entender que, por essa e muitas outras vitórias em um 1993 conturbado, onde Senna queria voltar a vencer e dava seus jeitos, tanto no volante quanto nos bastidores, que o tricampeão fez, de fato, a melhor temporada de sua vida, que o confirmou entre os melhores de todos os tempos. Ou o melhor, para quem pensa assim. E pode ter certeza, que tem muita gente que pensa desta forma.

Uma resposta para “Os 30 anos da vitória lendária de Senna em Donington Park, com direito ao troféu do Sonic”

  • 11 de abril de 2023 às 20:54 -

    Helinux

  • Bons tempos de antigamente!!!! Até hoje fico imaginando como seria ver Senna, Nigel Mansell, Prost nos carros de hoje…seria muito bom!!!! Valeu!!!!

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