#TBTArkade – As previsões das chegadas das marcas de consoles no Brasil na EGM de abril de 2003

18 de julho de 2019
#TBTArkade - As previsões das chegadas das marcas de consoles no Brasil na EGM de abril de 2003

Se hoje é bem comum contarmos com games legendados e dublados, além da presença dos grandes nomes no país, pelo menos durante a década passada, a história era um tanto diferente. Se, nos anos 90, Tectoy e Playtronic garantiam games Sega e Nintendo, com direito a algumas iniciativas bem interessantes, em 2003, tudo mudou.

Apesar de a Tectoy seguir representando a Sega (e o faz até hoje), a companhia japonesa saiu do ramo de games em 2001. E, no início daquele ano, a Gradiente, que seguiu representando a Nintendo após o fim da Playtronic, teve seu contrato encerrado, e não renovado. Assim, os brasileiros ficaram com Playstation 2, Xbox, e Gamecube sem nenhuma representação nacional.

Mas, a revista EGM #13 de abril de 2003, trouxe a informação da ausência da representação de todos os consoles da época em nosso país, de maneira otimista. Com o título “A Reta Final”, Renato Villegas abordou os três grandes nomes da época a respeito da chegada das empresas ao Brasil, além de falar com third-parties que já estavam estabelecidas por aqui.

Gradiente Playstation? Isso existiu!

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Uma questão muito curiosa atrapalhou a Sony em suas primeiras investidas para chegar ao mercado nacional. Mesmo sem interesses urgentes de iniciar uma Playstation Brasil, é natural que uma empresa registre nomes, com interesses futuros. A questão é que o nome Playstation já estava registrado, mas pela Gradiente.

A Gradiente alegou, na época, que o nome Playstation foi registrado para ser usado naquele computador famoso (e desejado por algumas pessoas) da marca, que trazia, além do PC, TV, Home Theater e DVD. Mas ele acabou recebendo o nome Oz. Lembre-se também que, anos depois, a mesma Gradiente foi se meter na justiça contra a Apple, por ter registrado no Brasil, antes da empresa de Steve Jobs, a marca iPhone.

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Sim, existiu um “Gradiente iPhone”

Mas com a Sony, a situação foi um pouco mais branda. De acordo com a reportagem da época, já havia acontecido um acordo, faltando apenas resolver as questões burocráticas. De qualquer forma, a matéria extraiu duas informações importantes. A primeira, é a de que, naquele momento, não havia nada concreto para o Playstation no país.

E, a segunda foi a certeza de que, em caso da empresa chegar ao Brasil, ela chegaria por meios próprios, e não com parcerias, ou importações. De fato, as duas informações se mostraram reais. A Sony trouxe o Playstation 2, oficialmente no Brasil, apenas em 2009. Nove anos após o seu lançamento original. O Playstation 3 chegou no ano seguinte, quando começou, aos poucos, a oferecer jogos dublados e localizados. E, apenas com o Playstation 4, em 2013, que a empresa “chegaria de vez”.

Hoje a empresa fabrica consoles no país, e oferece praticamente todos os serviços globais no país. Promoções na PSN e o programa Playstation Hits oferecem jogos a preços mais baixos. E a sua presença constante em eventos como a BGS, além da venda de produtos licenciados, mantém a marca bem próxima a seus fãs.

Nintendo: desde aquela época “ajustando sua forma de atuar no Brasil”

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Sim, o Gamecube foi, por um curto período, produzido e divulgado no Brasil pela Gradiente

Após o fim da “era Playtronic/Gradiente“, a Nintendo começou a atuar no Brasil como sempre fez: com parcerias de importação. Inclusive, a Big N se movimentou rapidinho na época. Pois Legend of Zelda: Wind Waker e Pokémon Ruby e Sapphire estavam batendo na porta do lançamento. Urgência resolvida, a empresa foi então, arrumar um jeito de manter seus games no país.

Na matéria, a Big N deixa bem claro que a intenção principal da empresa é garantir que os jogos estejam nas prateleiras. E nada mais. Como disse Steve Singer, na época gerente-geral da Nintendo na América Latina, “a Nintendo é muito conservadora, e não assumiria um risco desses”. Ou seja: nada de Nintendo do Brasil. Nem nos anos 90, nem na época da matéria, e muito menos hoje.

A Nintendo, historicamente, só trabalha, fora do “eixo” Japão-EUA-Europa, com parcerias, ou importações. Videogames Nintendo só foram fabricados e vendidos no Brasil devido a união de Gradiente com Estrela. Que formavam, assim, a famosa Playtronic. Depois disso, até houve uma presença maior da Nintendo. Participando de eventos como o Anime Friends, ou nas primeiras edições da BGS. Mesmo sem ter lançado o console por aqui, o Wii U foi uma das atrações da feira em 2012.

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O Wii U, antes do lançamento, foi uma das atrações da BGS 2012.

Hoje, mesmo com petições pedindo maior atenção da Nintendo no Brasil, a ideia é de que nada mude. A empresa chegou a participar, de maneira discreta, da última BGS. Mas ainda não dá pra imaginar, pelo menos a curto prazo, uma presença maior da empresa no país. O que temos hoje, já é bem mais do que o aguardado: parceria com a Americanas na venda de games via cartões de código. E um site em português, que cobra seus jogos em reais.

Xbox: o Brasil já era alvo certo!

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Em 2003, o Xbox não era, no Brasil, o videogame mais popular. Muita gente, tirando os gamers mais ativos, nem sabia direito que a Microsoft tinha um console. Mas, desde aquela época, já existia algo que consolidaria a marca no país: uma comunidade forte. Em 2003, os brasileiros já eram o sétimo país em usuários cadastrados na Xbox Live. Considerando a nossa internet naquela época, é um dado pra se enxergar com muito carinho.

Os brasileiros, naquela época, pagavam em dólar pelo serviço, e tinham que lidar com problemas de conexão dos mais variados. Mesmo assim, já era comum encontrar brasileiros pela rede. Entretanto, naquela época, a Microsoft decidiu lançar seu primeiro console no México. Talvez, seja a proximidade aos EUA, que baratearia alguns custos, ou a intenção de usar o país como local de testes, viabilizou a iniciativa.

Mas a Microsoft já queria atuar no Brasil. Alegava, porém, que precisava ter certezas de lucro, para chegar de vez. A empresa gastou muito dinheiro com pesquisas, para entender o consumidor local. Por isso, explicou para a matéria, que já havia traduzido a dashboard do console para o português. Assim, haveria duas frentes de trabalho. A primeira, trabalharia em caráter mais urgente, para lançar o Xbox entre o fim de 2003 e o ano de 2004. E a segunda turma, estudaria maneiras de trazer o próximo console (o Xbox 360) desde o seu lançamento.

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A presença do Xbox no Brasil mudou pra valer o modelo de negócios de games no Brasil

Foi a segunda iniciativa que prevaleceu. O Xbox 360 foi lançado em 2005, e chegou apenas um ano depois no Brasil. O console trouxe a explosão definitiva da Xbox Live, ficou extremamente mais acessível usá-la no país e, aquela sétima maior comunidade do mundo se fortaleceu ainda mais. Tal iniciativa praticamente obrigou todas as outras empresas a buscarem medidas para atuar no país, cada uma a sua maneira.

O Xbox no Brasil significou uma nova fase dos games no país. Com uma presença forte e, graças aos serviços, uma migração da pirataria para os jogos originais, seus jogadores, através da Live, se organizaram de tal modo, que até hoje, a própria Microsoft tem um trabalho de comunicação bem próxima a seus jogadores, garantindo, assim, uma próxima e rara relação marca-consumidor.

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