Análise Arkade – F1 22 mantém qualidade, mas busca atrair mais jogadores casuais

3 de julho de 2022
Análise Arkade - F1 22 mantém qualidade, mas busca atrair mais jogadores casuais

A Fórmula 1 nunca viveu dias tão positivos. A categoria tem conseguido, ano após ano, deixar de ser um produto de entretenimento “para pessoas ricas” e tem conquistado os mais jovens, que torcem para os pilotos e contagiam as redes sociais em dias de corridas. E são muitos os elementos que jogam a favor deste cenário.

Podemos destacar vários elementos: o Drive to Survive, série da Netflix que mostra os bastidores da categoria; a presença maior da categoria em redes sociais, em especial o Instagram e o TikTok; Lewis Hamilton, que além de ser heptacampeão mundial, tem carisma suficiente para atrair fãs em todo o mundo; outros pilotos mais jovens, como Lando Norris, George Russell ou Charles Leclerc (que inclusive estampam a capa do F1 22); e os games, com o game tradicional da Codemasters e o programa de Esports.

Neste contexto, F1 22 é a mais nova investida no mundo dos games para somar nesta tarefa de se conectar com um público maior. Apesar da desenvolvedora britânica desenvolver games da Fórmula 1 desde 2009, as expectativas para a edição deste ano eram grandes. Além de novas pistas, como a de Miami, que fez sua estreia nesta temporada, trata-se também do primeiro game cujo ciclo foi totalmente feito sob o “guarda-chuva” da EA.

A tutela da companhia, que volta a ter uma série de games da F1 após a investida que durou de 1999 a 2003, fez com que o game mantivesse a sua essência no gameplay, mas ganhasse novas ideias que buscam manter o jogo ativo na comunidade, da mesma forma que outros games da EA Sports, como a franquia FIFA. Chegou a hora, assim, de observarmos mais de perto o que o novo game da F1 tem para oferecer.

O mesmo jogo de sempre, mas um pouco mais simplificado e com novidades pontuais

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O game continua o mesmo das últimas edições. Como esperado, o gameplay é basicamente o mesmo, seja para jogadores casuais ou para jogadores mais dedicados. Os sistemas de assistência continuam disponíveis, para serem ativados, desativados ou regulados de acordo com as necessidades do jogador. O F1 22 também conta com inteligência artificial que consegue se adaptar ao jogador, o que ajuda jogadores menos experientes a se adaptar mais com o game.

Inclusive, a sensação que tive ao jogar o game é a de que a EA/Codemasters buscaram simplificar as coisas, para que os jogadores possam acessar elementos mais avançados do game de forma simples. Logo no começo do jogo, é perguntado se você quer o gameplay “casual, intermediário ou avançado”, adaptando o jogo para você, e a IA faz o resto do trabalho. Mas é claro que é possível ajustar tudo manualmente, como sempre.

O rádio também foi simplificado, com comandos mais rápidos de serem acessados, e que trazem informações úteis, como estado de pneus, diferença de outros pilotos e até o pedido para entrada nos boxes. Os menus de rádio sempre foram confusos e atrapalhavam mais do que auxiliavam. Desta vez, embora ainda não esteja no ponto ideal, já melhorou muito.

Outro exemplo de mudança sutil, que faz a diferença, é nos programas de treinos do modo campanha. As atividades já tradicionais de fazer ritmo de corrida, treinar o bom uso de pneus ou de energia agora são mais simples de se entender e fazer. Isso significa que, desta vez, os jogadores casuais poderão aproveitar o game de uma forma mais tranquila, o que inclui até as crianças, que não sofrerão com o game, caso utilizem as assistências.

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Assistências estas que estão mais completas e realmente fazem a diferença na hora de jogar. Elas são as mesmas de sempre (ajuda de freio, ajuda de tração, indicação na pista ou câmbio automático), porém dá pra notar que estão melhor calibradas, sendo relevante para quem não está acostumado com este tipo de jogo e não quer só guiar o carro para o muro.

Mas os veteranos também contam com novidades pontuais. Por parte da F1 real, o game agora oferece o sprint de classificação, o Safety-Car e até falhas em pit-stops, tentando oferecer uma experiência mais próxima da realidade de uma corrida. Por parte da Codemasters o game teve o seu mesmo gameplay de sempre melhorado, mesmo que bem pouco se comparado ao game do ano anterior. E ainda oferece, para quem tem PC, gameplay em Realidade Virtual.

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O gameplay também sofreu influências pela “nova Fórmula 1“. Com carros diferentes em relação ao ano passado, o que inclui design novo, mudanças aerodinâmicas e maior peso, há uma maior rigidez na hora de controlá-los. Os pilotos nesta temporada sofreram nas primeiras corridas, para se adaptarem a esta nova era, o que fez o game também responder um pouco diferente ao jogo do ano anterior.

Por exemplo, é preciso ser mais gentil com o acelerador, na retomada em uma curva, pois o carro de 2022 tem aerodinâmica diferente, que “suga” os carros conforme andam mais rápido. Quem jogou com os carros clássicos dos anos anteriores se adaptará mais rápido, pois o gameplay do F1 22 poderia ser explicado, de forma simplista, como uma mistura dos carros clássicos, mais rígidos e exigentes, com os carros atuais, mais modernos e com recursos extras de pilotagem.

Lembrando também que temos os carros da F2, que acabam, mais uma vez, servindo de “tutorial” ou “carros de aprendizado” para quem quer explorar o máximo do game.

A ideia de oferecer mais do que correr

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O gameplay de F1 22 é tão óbvio quanto o fato de que todo ano, teremos um jogo novo da categoria. É apenas acelerar, acelerar e acelerar, independente dos modos de jogo disponíveis. Mas a Codemasters, nitidamente com sugestões da EA, buscou trazer novas ideias para o jogador, para que ele possa aproveitar um tempo extra no game, fora das pistas.

Um exemplo é o F1 Life. Como o game deste ano não tem o modo história (o Breaking Point), o game apresentou uma espécie de “rede social”. O modo permite que o jogador possa personalizar perfumarias no game, como a roupa fora das pistas e áreas de estar. Podemos até dizer, que de um modo simplista, o game trouxe um pouquinho do The Sims.

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O modo não muda em nada a experiência de corrida, mas sabemos que há pessoas que gostam de personalizar tudo o que é possível em um game, e pela simplicidade do modo, que é movido pelo desejo de “ostentar”, tal modo poderá seguir nos próximos anos. A ideia aqui é a de “viver como um piloto”, tendo um mínimo de experiência de fora das pistas.

O porém aqui é que, embora não seja nada de mais apresentar este modo social, um item importante, presente nos games passados, é ausente aqui: os carros clássicos. Ainda há espaço para apresentar inúmeros carros icônicos da categoria, mas em 2022, pelo menos na estreia do game, eles não estão presentes. Talvez seja “culpa” de Sebastian Vettel, que coleciona carros e deve ter comprado todos.

Mas para compensar, o game estreia o Pirelli Hot Laps. O novo modo permite que os jogadores de F1, ocasionalmente, troque os possantes por carros exóticos, que existem no mundo real da categoria. Obviamente, os carros são de montadoras ligadas, de forma direta ou indireta, com o circuito: Ferrari, Mercedes/AMG, Aston Martin e McLaren. É um modo que, embora não revolucionário, ao menos soma algo de novo ao título.

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O My Team continua em 2022, mas com uma novidade interessante, em comparação com os anos anteriores: dá pra começar a sua campanha com um aporte financeiro enorme, o que garante saldo para investir, logo de cara, em uma boa equipe. E o game ainda oferece os modos que já vinham dos outros anos: tomada de tempo, Grandes Prêmios isolados, e o modo online, que é conectado ao F1 Esports Series.

Mais do mesmo, mas ainda assim um jogo excelente de corrida

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Como jogo de simulação de corrida, F1 22 não decepciona. Continua oferecendo desafio e o melhor gameplay disponível atualmente, graças aos ótimos esforços da Codemasters, que podemos ver em outros games, como Dirt 5 ou Grid Legends. Mas em 2022, podemos reparar que, apesar do game lapidar o seu gameplay e não deixar os veteranos de lado, o foco principal está no jogador casual.

Os novos modos de jogo, como o F1 Life e os carros de luxo, as melhorias na acessibilidade e a simplificação de diversos elementos fazem com que o game seja mais amigável a novos jogadores. O simples fato da capa do jogo não contar com os campeões da categoria, e sim com os jovens talentos (Leclerc, Norris e Russell), que são queridos pelos fãs, também mostra essa ideia de dizer que o game pode ser mais amigável.

O game foi sim alterado no gameplay, muito disso por causa das novas regras da categoria, mas apenas os mais dedicados perceberão tais mudanças. Mas, no geral, tudo o que tivemos de melhor nos últimos anos seguem por aqui, fazendo F1 22 ser um dos bons games de corrida disponíveis neste ano.

F1 22 já está disponível, para consoles PlayStation, consoles Xbox e PC. Nos computadores o game conta com suporte para a Realidade Virtual.

2 Respostas para “Análise Arkade – F1 22 mantém qualidade, mas busca atrair mais jogadores casuais”

  • 3 de julho de 2022 às 22:42 -

    Helinux

  • Dukralho a analise, gostei!!!! Sobre as Redes Sociais, em termos de divulgação…realmente tem se tornado uma grande parceria sobre determinados games e matérias sobre F1!!!! Valeu!!!!

  • 4 de julho de 2022 às 12:10 -

    Montanaro

  • Belíssima análise de um grande especialista no assunto. Mandou bem uma vez mais, Junior!

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