Análise Arkade – Narcos: Rise of the Cartels apresenta a série da Netflix em game de estratégia

22 de novembro de 2019
Análise Arkade - Narcos: Rise of the Cartels apresenta a série da Netflix em game de estratégia

Narcos estreou na Netflix em 2015. Focada em mostrar o submundo das drogas, os primeiros anos focaram na vida de Pablo Escobar, em sua ascensão e queda, como o “rei da cocaína” na Colômbia. Atualmente, a série está em sua quarta temporada, com sua história se desenvolvendo junto ao cartel mexicano.

Assim, acharam por bem, aproveitar o bom conteúdo que a série levantou sobre Escobar, e desenvolver um game a respeito. Tal game surge de uma iniciativa da Netflix, que busca promover seus shows com games. Stranger Things, por exemplo, conta com dois games, um para a segunda, e outro para a terceira temporada.

Entretanto, ao invés de focar em um game de ação, a Kuji, junto com a Curve Digital, decidiram levar o mundo de Narcos para um game de estratégia, bem parecido com XCOM. Se isso deu certo, ou não, é o que você confere agora.

Uma guerra às drogas com elementos de estratégia

Análise Arkade - Narcos: Rise of the Cartels apresenta a série da Netflix em game de estratégia

Apesar de ser justificável, é estranho ver Narcos sendo tratado como um jogo de estratégia. A vida de Pablo Escobar era intensa e cheia de atitudes extremas. Dignas, por exemplo, de um game como GTA. Scarface, que apresenta um protagonista tão insano quanto o líder do crime colombiano, ganhou um clone interessante para o Playstation 2.

Será que levar a história da série para a ação, mesmo que em forma de um game “linear” como Splinter Cell, não seria melhor? Pois bem, o que teremos no jogo, afinal, são missões com objetivos variados, do tipo, “pegue evidências”, “destrua as drogas”, “resgate um refém”, ou “mate todos os bandidos”, sem nenhum desenrolar se aproveitando da trama do seriado.

O seriado, licenciado, só aparece por aqui em cenas antes de algumas missões. Serve mais para dar clima ao contexto, do que para levar o jogador a “jogar a série”. Não há narrativa em Narcos (o jogo), e tudo o que você fará no game, é apenas “time A” contra “time B”. Mais para a frente, dá pra trocar de lado, e jogar com o “time Narcos“. Mas, para frustração geral, são as mesmas missões, só invertendo os lados.

Você tem os cenários, inspirados na Colômbia da série, que oferecem boas possibilidades. Como entrar em casas, acampamentos, e onde mais o mapa permitir, oferecendo interessantes locações, que, pelo menos estes, passam o clima da série. Há lugares para se proteger, e um mapa razoavelmente grande apresenta diversos lugares para buscar abrigo, ou para avançar contra seus inimigos.

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Assim, você entrará num mapa, verá os inimigos e os objetivos, fará as missões, e seguirá assim até o fim do jogo. Entre as missões, um sistema muito limitado de gerenciamento de time, dá as opções simples de recrutar novos soldados, curá-los, e dar pontos de evolução, que desbloqueiam funções novas. E só. Uma diferença por aqui está na movimentação do time. Cada turno te permite mexer em apenas um personagem, e não na tropa inteira. Mas isso não faz muita diferença, no fim da história.

Não há mais nada além disso. Não há criatividade nas missões, muito menos ligações delas com o mundo em questão do jogo, com agentes do governo dos EUA e soldados colombianos lutando contra o cartel de drogas de Escobar. Limitaram o rico conteúdo deste contexto a “duas equipes” que se distribuem em um mapa, trocando tiros.

Mas já que é um game de estratégia, vamos conferir

Análise Arkade - Narcos: Rise of the Cartels apresenta a série da Netflix em game de estratégia

A mecânica em Narcos: Rise of the Cartels é bem simples. Você tem um cenário e seu esquadrão. O jogo termina ou quando você cumpre o objetivo, ou quando o seu líder morre. Há um elemento interessante, que é a combinação de movimentos, permitindo, com as habilidades de cada personagem, que ele possa se locomover para mais longe, atirar e recarregar a arma, ou se posicionar e dar a seus aliados a chance de contra-ataque.

Os contra-ataques aparecem quando o personagem, habilitado com esta função, vê um inimigo na sua linha de tiro. E funciona em caráter de shooter em terceira pessoa. Uma pena que este sistema funciona de maneira muito limitada. Nas screens do game, e na sua propaganda, é falado que há um shooter em terceira pessoa, para somar ao gameplay. Mas, na prática, a sensação que tive foi a de propaganda enganosa.

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Pois não é bem um shooter. Seja no contra-ataque, ou em uma oportunidade de tiro extra, você simplesmente vê seu personagem em uma visão em terceira pessoa, com uma mira controlada pelo analógico direito, e um botão de tiro. Muito limitado, e distante da dinâmica de um game de tiro real.

Outra questão curiosa por aqui, é o convite ao “descanso”. No game, você paga para manter sua unidade, mas pode descansar seu personagem ferido, e recuperar pontos de energia, ao custo de um turno parado. Isso te fará ficar parado com seu personagem, sendo agressivo para chegar perto de um objetivo, mas se mantendo cauteloso na recuperação. O “lado bom”, é que os inimigos, na grande maioria dos casos, “repete” a sua operação, ficando parados, com a mesma cautela.

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Mas, se o seu personagem ficar ferido, tudo bem. O sistema de gerenciamento de recursos por aqui é “infinito”. Pois, mesmo que você gaste tudo, sempre será depositado mais recursos em sua conta, o que torna o sistema inútil. Sua única “limitação” é a de não acessar em algum momento alguma missão que teria algum custo para ser realizada, mas que você levantará recursos para jogá-la na próxima oportunidade.

No fim, temos um game de estratégia bem simples. Não oferece nada de novo para os jogadores, e apresenta, em determinado momento, uma grande dose de repetição. Os objetivos são sempre os mesmos, e a proposta de se jogar com o time dos bandidos, que poderia trazer diferenças no gameplay, no fim, é a mesma coisa.

Uma boa ideia, mas com execução limitada

Mutant Year Zero, um game que compartilha de vários elementos de gameplay com Narcos, consegue oferece drama em seu jogo estratégico. Em caráter de “jornada”, seus personagens avançam pelo mundo, se fortalecendo, e encarando cenários diferentes e criativos. Narcos é muito limitado neste sentido, oferecendo os mesmos lugares, e as mesmas tarefas.

O jogo não consegue agradar nem o fã da série, uma vez que todos os elementos do show só estão ali como cosméticos, do mesmo jeito que muitos games limitados baseados em filmes lançados décadas atrás. No fim, o game baseado na série da Netflix consegue repetir a máxima de jogos de anos atrás: “games baseados em filmes são ruins”.

Uma pena, pois o universo de Narcos é muito interessante. Mesmo a série da Netflix, que usou de liberdades de narrativa para contar a história de Pablo Escobar, sem estar presa 100% aos fatos, oferece conteúdo suficiente para um game que explorasse bem tudo o que vimos no show. Mesmo que fosse um game de estratégia, é possível sim incluir mais elementos narrativos, para colocar o jogador dentro da situação do programa.

E, como game, é algo muito simples. É até bem acessível para quem não costuma jogar games de estratégia com frequência. Mesmo assim, suas opções são bem limitadas, e há muita repetição. A sensação que tive, após jogar o game é a de que a ideia é boa, mas poderia ter sido melhor executada. Quem sabe, em um próximo game?

Narcos: Rise of the Cartels, está disponível para Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch, e PC.

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