Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

14 de janeiro de 2017

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Um clássico faroeste do Super Nintendo ganhou uma repaginada recentemente, e chegou em uma versão turbinada ao Playstation 4! Vem ver o que achamos de Wild Guns Reloaded, jogo de 2016 com a maior cara de 1994!

Contextualizando

Quando se fala em “jogo de faroeste para Super Nintendo, Sunset Riders é o primeiro nome que certamente virá à cabeça da maioria. Mas Wild Guns — lançado em 1994 pela Natsume para o mesmo console — também fez bastante sucesso na época, especialmente por seu estilo de gameplay diferenciado.

Ao contrário dos jogos de tiro tradicionais que eram em sua grande maioria side scrollers do tipo run ‘n gun, Wild Guns trouxe uma mecânica meio arcade, que colocava os inimigos “no fundo” da tela de fases que se dividem em arenas, com um chefe (geralmente gigante) no final. Você controla a mira livremente pela tela, mas deve ficar de olho no seu personagem (que se move em um plano 2D no rodapé da tela) para se esquivar dos tiros inimigos.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Mais de 20 anos depois do lançamento do game original, a mesma Natsume se reuniu para ressuscitar Wild Guns. O jogo que chegou ao Playstation 4 recentemente é extremamente fiel às suas origens, mas traz alguns conteúdos novos que agregam valor ao jogo.

Pistoleiros, cachorros e robôs

Wild Guns se passa em uma versão alternativa do Velho Oeste que nós conhecemos. Os caubóis de bota e chapéu, as carruagens e os saloons com porta vai e vem estão todos lá, mas dividem espaço com robôs, aeronaves e máquinas de guerra que ficam no meio termo entre o futurista e o steampunk.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Neste cenário pouco convencional, somos reapresentados a Clint e Annie, pistoleiros que retornam do game original e continuam exatamente como eram nos anos 90. Porém, agora eles têm mais dois companheiros: Doris, uma dama grandalhona que só trabalha com granadas e Bullet, um simpático cãozinho que entra em cena acompanhado de um drone de batalha bem invocado.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Juntos, os 4 heróis irão encarar meia dúzia de fases — a maioria já presente no jogo de Super Nintendo, mas há algumas novas — enfrentando hordas de pistoleiros, robôs e (claro) chefes gigantes, enquanto recuperam joias e sacos de dinheiro roubados. Não há realmente uma história, e o jogo parte direto para ação. Há multiplayer para 4 jogadores, mas até nisso o jogo é roots: o coop é somente local, ou seja, nada de partidas online com os amigos.

Uma experiência bem old school

Não é só no visual que Wild Guns Reloaded se manteve fiel ao jogo de 1994: o gameplay, os efeitos sonoros, a trilha sonora, tudo emula com perfeição o que tínhamos na época, trazendo um “feeling” bastante nostálgico ao game. Porém, na minha opinião isso agrega pontos positivos e negativos ao jogo.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Como ponto positivo mais óbvio, temos, é claro, a nostalgia. Desde o primeiro momento até o rolar dos créditos, Wild Guns Reloaded parece um jogo de Super Nintendo. Jogando no modo normal, a dificuldade é até aceitável, mas quem está acostumado com energia que se regenera sozinha, checkpoints e outras mamatas talvez sofra um bocado, pois apenas um tiro te mata: se perder todas as vidas é Game Over, e usar um Continue te elimina automaticamente dos rankings online, além de recomeçar a fase perdida do zero.

As mecânicas parecem meio datadas hoje em dia, já que temos dois analógicos no controle, pois você usa o mesmo direcional para mover o personagem e a mira pela tela. Se mantiver o botão de tiro (quadrado), o personagem fica parado e você só move a mira, e o botão de pulo (X) assume a função de dash/rolamento para escapar dos tiros inimigos. Também há um botão de habilidade especial (triângulo) e o botão de tiro também pode ser usado para jogar um laço, que imobiliza os inimigos ou limita seus movimentos por alguns segundos.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Pessoalmente, acho que poderia haver uma configuração de botões mais atual, que usasse ambos os analógicos (um para mirar outro para mover o personagem), algo como um twin stick shooter, saca? Mas, está claro que a Natsume quis manter o gameplay “puro” e, embora ele cause certa estranheza, não dá para negar que ainda funciona bem e agrega valor nostálgico ao jogo.

Confira abaixo meu gameplay da primeira fase jogando com o cãozinho Bullet, personagem que rapidamente tornou-se o meu favorito por uma razão que explico na sequência:

O que eu gosto no Bullet é que, por ele ser “2 em 1” (cachorro e drone), ele se move de forma mais independente que os demais. Repare que os tiros do drone têm um raio de ação, e o cachorro fica livre para andar, mesmo com a mira travada. Os demais heróis ficam “travados” enquanto atiram. É uma diferença sutil, mas tornou o gameplay dele mais interessante, na minha opinião.

Audiovisual

Bom, nem tem o que dizer aqui, né? Pelas imagens e vídeos que coloquei aqui, ficou bem óbvio que temos aqui um jogo que honra e respeita seu passado, abusando da nostalgia para entregar uma experiência muito próxima da que tínhamos no Super Nintendo.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Falando bem francamente, acho que, salvo pelas novas fases e personagens, praticamente tudo se mantém essencialmente idêntico ao jogo dos anos 90, inclusive o visual dos chefes e até mesmo seus padrões de ataque. Ok, tudo agora está em Full HD, a qualidade do áudio é melhor, as cores são mais vibrantes e alguns power ups são novos, mas no geral o que temos aqui é um jogo de Super Nintendo rodando no Playstation 4.

O que nos leva a um tópico que pode ser um tanto mal visto, mas como gamer antes de jornalista, eu faço questão de esclarecer…

O preço da nostalgia

Na minha infância, alguns jogos de Mega Drive e Super Nintendo pareciam enormes, mas quando voltei a jogá-los “depois de velho”, percebi como eles eram curtos. É o caso de Comix Zone, Sunset Riders… e de Wild Guns, que mesmo em sua versão Reloaded é super curtinho.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

Sem exagero, se você não morrer muito, é possível ir do começo ao fim do jogo em cerca de 40 minutos. O tamanho do arquivo instalado não tem nem 180 MB (menor do que muito jogo de celular atual). Ainda que ele seja divertido para rejogar com os amigos e tal, é um jogo extremamente curto, e o preço dele (30 dólares) definitivamente é bem salgado para uma experiência tão breve.

Cada fase dura cerca de 5 minutos, se muito. Se duvida, confira mais um gameplay meu, mais uma fase completa, novamente jogando com o cãozinho Bullet:

Não vou “cagar regra” nem qualificar um jogo pelo tempo que ele leva para ser zerado, mas acho que esse não é um bom custo-benefício. Penso que, por metade do preço, é possível comprar Overcooked e se divertir a valer em um dos melhores multiplayers “de sofá” dos últimos tempos. Ou ainda, por 20 dólares pode-se comprar Inside ou Unravel, alguns dos melhores games que joguei em 2016, que duram ali suas 4 ou 5 horas, e oferecem experiências muito mais memoráveis.

Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia

É o tal do preço da nostalgia que mencionei ali em cima. A Natsume claramente está apostando na nostalgia da galera “das antigas” para precificar um game que é, em muitos aspectos, exatamente igual ao que jogamos na década de 90. Na ponta do lápis, 30 dólares hoje em dia são quase 100 reais, o que eu acho bem caro para um jogo tão curto.

Conclusão

Apesar de tudo o que eu falei aí em cima, eu sei que para quem é “das antigas” é difícil resistir a um game tão retrô, tão respeitoso ao material original. Wild Guns marcou a infância de muita gente, e essa galera provavelmente vai curtir reviver esta experiência nesta versão Reloaded, por mais curta e limitada que seja.

Se esse for o seu caso, vai fundo. Só esteja ciente de que o preço da nostalgia é um pouco salgado, e se uma experiência retrô é o que você procura, sempre pode religar o Super Nintendo e curtir o Wild Guns original. Não tem cachorro com drone, nem troféus e nem uma ou outra fase nova, mas de resto oferece praticamente o mesmo conteúdo.

Wild Guns Reloaded foi lançado em 20 de dezembro de 2016, exclusivamente para Playstation 4. O jogo está todo em inglês.

Uma resposta para “Análise Arkade: Wild Guns Reloaded cobra um preço alto pela nostalgia”

  • 19 de janeiro de 2017 às 15:33 -

    mikemwxs

  • Ainda tô chorando por esse jogo não sair para PC… :-(

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