Análise Arkade – Power Rangers: Battle for the Grid não honra os 25 anos da série

2 de abril de 2019

Análise Arkade - Power Rangers: Battle for the Grid não honra os 25 anos da série

Os Power Rangers estão de volta ao mundo dos games em Power Rangers: Battle for the Grid! Confira o que achamos do game em mais uma análise Arkade completíssima!

25 anos de Power Rangers… #sqn

Power Rangers: Battle for the Grid é um jogo produzido para celebrar os 25 anos da franquia. Eu só assisti os Power Rangers “clássicos” — aqueles com Tommy Ranger Verde, Rita Repulsa, e tal — mas sei que há um punhado de outras iterações da série, com Rangers ninjas, espaciais, samurais, piratas, e por aí vai.

Não precisa pensar muito para constatar que, ao longo destes 25 anos, seria fácil arrumar pelo menos uns 40 personagens minimamente relevantes para integrar o elenco de um jogo, entre heróis e vilões. Soa promissor, certo? Pois é, mas o jogo sequer arranha a superfície de todo esse legado. Se liga na tela de seleção de personagens:

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O jogo traz APENAS 9 PERSONAGENS selecionáveis

Triste, né? Há apenas 9 personagens selecionáveis em Power Rangers: Battle for the Grid. E isso não só é decepcionante, como também é um desperdício de toda a matéria-prima que serviu de base para o game. Obviamente, o jogo já tem Season Pass disponível ( e é da Season 1, ou seja, vem mais por aí), e vai trazer mais personagens para quem quiser pagar mais para obter futuros conteúdos.

Sendo justo, os produtores usaram o Twitter para avisar que estão cientes desta “falta de conteúdo” (era para o jogo ter um Modo História, por exemplo, que simplesmente não está aqui), e de que isso deve ser resolvido com o tempo. Porém, isso não é realmente uma solução, servindo apenas para deixar a (má) impressão de que o jogo foi feito meio nas coxas e lançado apressadamente.

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As lutas rolam naquele esquema 3 x 3

Essa escassez de personagens fica ainda mais evidente por este ser um jogo de luta em trios, no estilo The King of Fighters. O principal modo de jogo single player — que é o Modo Arcade — traz apenas 7 lutas, e mesmo assim você invariavelmente vai enfrentar os mesmos oponentes mais de uma vez, simplesmente porque não há personagens suficientes para formar equipes que não se repitam. É bem chato isso.

Gameplay simples, mas funcional

Power Rangers: Battle for the Grid é mais um jogo de luta preocupado em ser acessível e amigável para pessoas menos versadas no gênero. Tal qual Blade Strangers — ou mesmo Super Smash Bros. Ultimate — o jogo abre mão de “meias luas” e outros comandos mais complexos no direcional para adotar um sistema simplificado, com um botão de “skill” que ativa os diferentes ataques especiais de cada personagem quando utilizado em conjunto com o direcional.

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Tommy x Goldar

Por exemplo: jogando no Switch, o skill button é o B, então, pressionar B + → resulta em um golpe, enquanto B + ← executa outra ação completamente diferente, geralmente envolvendo as armas e poderes de cada personagem. Temos outros 3 botões de ataque, responsáveis por socos, chutes e outros ataques melee comuns.

Ainda que haja uma simplicidade latente, é fato que mecanicamente o jogo funciona muito bem. A jogabilidade é ágil, os golpes se encadeiam com muita fluidez e as animações dos personagens deixam tudo ainda mais legal, com golpes cheios de coreografias e firulas bacanas.

Confira um pouquinho de gameplay abaixo:

Pessoalmente, eu prefiro jogos que demandem um pouco mais de técnica do jogador (não por acaso, meu fighting game 2D preferido é Skullgirls), mas não se pode negar que o que temos aqui é um feijão com arroz bem temperadinho, que cumpre seu papel e torna bem fácil “jogar bonito” através de combinações simples de botões.

No rodapé da tela, temos uma barra de especial que é usada de forma semelhante a que vemos na série Street Fighter: queimando apenas um segmento dela, você aplica uma versão melhorada de um golpe comum. Ao consumir 2/3 deste medidor, usa-se a habilidade única de cada herói. Mesmo estes ataques saem de forma simples e descomplicada — basta apertar 2 botões ao mesmo tempo.

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A cauda do Dragonzord “brocando” um inimigo

Por fim, temos a possibilidade de “summonar” Megazords para causar dano massivo com golpes de espada e pisões. Os bichões nunca aparecem por inteiro na tela, vemos apenas partes deles em seus ataques. Só é possível recorrer a esta técnica uma vez por luta — o ataque só fica disponível depois que um integrante do seu trio é abatido. Novamente, a falta de variedade se destaca: temos apenas 3 opções robôs gigantes, sendo 2 Zords e 1 versão gigante do vilão Goldar.

Audiovisual

Produzido em cima da versátil engine Unity, Power Rangers: Battle for the Grid é um jogo muito bem resolvido em aspectos audiovisuais: os personagens são bem modelados e detalhados, não devendo muito para jogos de luta 2.5D com mais pedigree. A NWayproduziu um mobile game dos Power Rangers, e isso sem dúvida contribuiu positivamente com o know how deles em relação à franquia como um todo.

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Os “ults” de cada personagem tem show offs bem legais

Novamente, porém, são as ausências que mais incomodam: além de trazer apenas 9 personagens selecionáveis, Power Rangers: Battle for the Grid traz apenas 4 cenários — 5, se considerarmos aquela famosa sala vazia de treinamento. Não há muitas vozes, mas os sons de pancadaria são decentes. Há uma crueza na apresentação do jogo como um todo — seus menus, a falta de cutscenenes, ou mesmo de uma galeria que passeie pela história dos Rangers.

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A interface do jogo como um todo é bem simplória

A trilha sonora é um tanto genérica, e tem a pachorra de não trazer a lendária “Go, Go, Power Rangers“, música que marcou a infância de milhões de pessoas. É possível reconhecer as notas do refrão dela meio orquestradas em algumas telas de loading, mas esse é o tipo de música que deveria estar presente na íntegra, com vozes, guitarras, e tudo mais.

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A ausência de uma faixa tão icônica simboliza o quão carente de “recheio” é este Power Rangers: Battle for the Grid. Para um jogo que supostamente comemora os 25 anos dos heróis, ele deixa tanta coisa de fora que é praticamente um desrespeito ao legado da marca Power Rangers e a tudo de bacana que ela trouxe à cultura pop.

Conclusão

Power Rangers: Battle for the Grid é um jogo de luta competente em suas mecânicas, mas falha por trazer tão pouco conteúdo para um jogo que deveria honrar 25 anos de história, mas está bem longe de fazer isso. Sem Modo História, com poucos personagens e poucas arenas, ele realmente deixa a impressão de ser um produto incompleto, um beta teste sendo vendido como jogo final.

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Como na série de TV, Rangers não sangram, soltam faíscas! XD

Então se por um lado eu gostei do gameplay de Power Rangers: Battle for the Grid, por outro eu fiquei extremamente frustrado com quão pouco conteúdo ele traz. E se eu, que nem sou o maior fã dos Power Rangers, senti isso, imagino como ficarão p#tos os verdadeiros fãs dos Rangers, que provavelmente estavam ansiosos por esse lançamento.

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Até o Goldar ficou pistola com a falta de conteúdo do game

Fico curioso para ver como o pessoal da NWay vai consertar isso — e mais importante: quanto disso será gratuito, e não comercializado via DLCs e Season Passes — e quanto tempo vai levar para o game trazer o mínimo que se espera de um jogo completo. Por enquanto, fica difícil recomendar Power Rangers: Battle for the Grid, mas ficarei de olho para ver como os updates farão dele o jogo robusto que os personagens mereciam.

Power Rangers: Battle for the Grid está sendo lançado esta semana para Playstation 4. Na semana passada, o game chegou ao Xbox One e ao Nintendo Switch (versão analisada). A versão PC deve chegar na metade do ano. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

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