Análise Arkade: O ressurgimento de The Walking Dead (Season 4 Ep. 3) “Brinquedos quebrados”

17 de janeiro de 2019

Análise Arkade: O ressurgimento de The Walking Dead (Season 4 Ep. 3) “Brinquedos quebrados”

No ano passado a Telltale Games encerrou suas atividades de forma abrupta, demitindo aproximadamente 225 funcionários e cancelando praticamente todos os seus projetos atuais e vindouros.

A temporada final de The Walking Dead foi um dos trabalhos descontinuados antes de sua conclusão. Porém, Robert Kirkman, criador da franquia The Walking Dead, resolveu por meio de sua empresa, Skybound Entertainment, finalizar o jogo e concluir a jornada de Clementine.

Após todos esses problemas, o episódio três, intitulado “Brinquedos quebrados” foi lançado, com o retorno de alguns desenvolvedores originais da Telltale. Mas será que depois de todos esses problemas esse penúltimo capítulo consegue desenvolver uma história satisfatória? É o que vamos descobrir agora em nossa análise.

Essa cópia de review nos foi cedida gentilmente pela Skybound Games e corresponde a experiência no PC (Steam). Já falamos sobre os episódios “Chega de fugir” e “Vinde as criancinhas” caso você queira recapitular os momentos pivotais da história.

A humanidade em pauta

No início há uma recapitulação lembrando tudo que ocorreu nos episódios anteriores e logo em seguida já temos que interrogar um prisioneiro, Abel, membro de outro grupo com o qual estamos em conflito.

Nesse momento podemos ter atitudes que inevitavelmente vão continuar a moldar a personalidade de nosso pupilo, A.J, e como de costume a abordagem da situação pode ocorrer de forma mais humana ou agressiva.

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A recapitulação é feita por meio de cenas estáticas.

Abel está perto de sua morte e não quer se transformar em zumbi, nesse momento o tema principal do capítulo é debatido: a misericórdia. Toda a narrativa dessa última temporada é guiada para que possamos educar A.J. da melhor forma possível dentro das péssimas possibilidades que temos.

A introspecção é outro aspecto que se destaca porque o tom que permeia o episódio é o de “batalha final”, logo, todos podem morrer e isso faz com que existam muita conversas e discussões sobre os traumas dos personagens. Entretanto, a forma como essas questões de humanidade são inseridas no gameplay é extremamente formulaica.

Na segunda temporada do jogo temos algumas situações que funcionam, por exemplo: quando Kenny e Jane estão brigando no fim do episódio 5, é devastador ter que escolher em quem atirar. Essa emoção genuína ocorre porque estamos a muito tempo com esses personagens ao nosso redor e eles são extremamente carismáticos, mais que isso, são amigos que estão do nosso lado.

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O gráfico se mantém bonitos nas mãos da Skybound Games.

Na temporada 3 e agora na final season o peso desse tipo de escolhe inexiste porque quando somos levados ao extremo e temos que tomar uma decisão que pode matar um personagem, não há dois lados carismáticos que nos façam questionar emotivamente o que é certo.

Existe apenas um vilão, normalmente maniqueísta, que pode morrer agora por meio de uma decisão do jogador ou depois de uma forma aleatória ou sem emoção. Quando Lilly, da 1ª temporada, reaparece, não há brecha para empatia porque ela é uma vilã essencialmente má e com poucas camadas.

Quando chega o momento de matá-la ou poupa-la não faz tanta diferença para o jogador porque não há uma construção de personagem que justifique uma reflexão mais pesada. Não basta apenas trazer personagens do passado para dar substância para a história atual e, também por essa razão, as questões morais e de humanidade falham como elemento de narrativa.

Jogabilidade confusa

O episódio “Brinquedos quebrados” possivelmente é o mais incômodo em termos de jogabilidade de toda a franquia de games até agora. A Skybound Games usou o mesmo motor gráfico e os mesmos assets, provavelmente adquiridos na Telltale, mas muitos fatores são insatisfatórios.

Primeiramente, a pouca liberdade de exploração de cenários que tínhamos agora está muito, mas muito menor, ínfima. É praticamente um gameplay guiado, com exceção do fim que adiciona um pouco mais de ação. A dublagem continua a mesma e mantém o bom nível.

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Caminhar entre os zumbis pode ser complicado (quando a jogabilidade não nos ajuda).

A câmera me incomodou muito, pois se movia rápido demais e me causou um pouco de motion sickness (enjoo de movimento). A velocidade do movimento é visivelmente maior em comparação com os dois episódios anteriores, então é possível que faltou um pouco de otimização nesse quesito.

Outros dois aspectos negativos são a mira imprecisa e a dificuldade do jogo em traduzir o que ele quer ao jogador. Na sequência final do capítulo há algumas cenas de combate contra zumbis nas quais temos que atirar com nosso arco e flecha e é praticamente impossível ter um resultado minimamente satisfatório.

Em outro momento temos que andar entre uma horda de zumbis e o jogo nos dá uma informação para termos sucesso, porém, é difícil acionar o gatilho que nos faz prosseguir. Ou seja, você faz o que o jogo manda, mas há quase um elemento de aleatoriedade ali. Além disso, a localização em português do Brasil contém alguns erros, poucos, mas estão presentes.

 Conclusão

Talvez eu tenha elencado mais pontos negativos que positivos, mas de uma forma geral esse terceiro episódio manteve o nível dos dois anteriores. Possivelmente pela pressa no desenvolvimento algumas otimizações no gameplay não aconteceram, mas o que me incomodou ocorreu na parte final, ou seja, foram aproximadamente duas horas de um construto mediano e as vezes acima da média e uns 30 minutos de frustração.

Aliás, tem um momento nostálgico bem legal para os fãs da 1ª temporada.

O terceiro capítulo da temporada final de The Walking Dead foi lançado em 15 de janeiro para PC, PlayStation 4, Xbox One e Switch. O episódio final será lançado em 26 de março, segundo o menu do próprio jogo.

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