Análise Arkade: Disney Illusion Island, um MetroidVania 2D delicioso

3 de agosto de 2023
Análise Arkade: Disney Illusion Island, um MetroidVania 2D delicioso

Não é bom quando um joguinho chega assim, do nada, e conquista o coração da gente? Disney Illusion Island é exatamente isso: chegou de mansinho e é, sem dúvida, um dos melhores MetroidVanias 2D dos últimos anos!

Heróis nem tão heróicos

Disney Illusion Island abre com Mickey e seus amigos (Minnie, Donald e Pateta) se reunindo em uma ilha para um piquenique ao qual todos foram convidados. Porém, logo fica claro que o convite era fake. Eles foram reunidos por Toku, líder dos Hokuns, povo que busca ajuda de “heróis lendários” para recuperar três livros dotados de grande poder.

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Quando percebem que nunca foram heróis de verdade, Mickey e sua turma aceitam o desafio de ajudar os pequenos e indefesos Hokuns. A missão envolve viajar para os quatro cantos da ilha, e visitar três diferentes biomas a fim de recuperar os Tomos.

É uma história simples e descompromissada, mas que ganha força pelo carisma dos personagens. Os diálogos são muito divertidos, e, embora o humor seja bem inocente, conseguiu me arrancar boas risadas — especialmente pelo onipresente mal humor do Pato Donald.

Gameplay delicioso

Disney Illusion Island traz exatamente o que é esperado de um bom MetroidVania: um mapa enorme e totalmente interconectado, com muitos lugares que só poderão ser acessados depois que você tiver uma habilidade ou equipamento específico.

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Isso é só um pedaço do mapa

Tais habilidades são bastante clichês, mas muito bem executadas e incorporadas ao gameplay. Por exemplo: tem o pulo na parede, o pulo duplo, o mergulho e a capacidade de planar. Coisas que a gente já fez em um milhão de outros jogos, mas que seguem sendo extremamente satisfatórias aqui.

Com isso, quero deixar claro que Disney Illusion Island não reinventa a roda. Ele é um MetroidVania bem tradicional, que se apoia em mecânicas bem tradicionais. Mas ele faz tudo o que se propõe tão bem, com tanto capricho, que só por isso ele já se destaca dentro de um nicho bem explorado.

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Isso se deve ao gameplay primoroso de Disney Illusion Island. O controle dos personagens é simplesmente delicioso, com um nível de responsividade e polidez que remete aos melhores jogos do Super Mario — ou a Rayman Legends, que me parece ter sido uma das inspirações do talentoso DLala Studios — mesma galera que cuidou do revival dos Battletoads há uns anos.

Um MetroidVania pacífico

Opinião polêmica aqui: atualmente, temos muitos MetroidVanias com sistemas de combate inspirados por Dark Souls. E isso, para quem não gosta de Souls-likes (como eu) é um saco. Eu gosto de MetroidVanias desafiadores por seu level design e pela precisão que ele exige nos controles — como o perfeito Ori and the Blind Forest — não por seus combates frustrantes.

Sei que existem ótimos MetroidVanias-Souls-likes por aí — caso de Hollow Knight e Blasphemous, por exemplo. Mas, isso acabou tornando-se meio que o padrão em se tratando de MetroidVanias. Justamente por isso, curtir um MetroidVania SEM combate foi um deleite.

Disney Illusion Island é 100% focado em plataforma e exploração. E as mecânicas que ele nos dá para fazer isso são impecáveis. O simples ato de mover o personagem pelo cenário, pular de uma parede a outra e desbravar cada cantinho do enorme mapa (que é repleto de segredos) é muito prazeroso.

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Não há nenhum tipo de combate direto aqui: os inimigos devem ser evitados — não podemos nem pular na cabeça deles. Mesmo as batalhas contra chefes (que são ótimas) são indiretas: precisamos evitar seus ataques enquanto ativamos certos mecanismos pela arena para algo causar dano a eles.

Entendo que um jogo sem combate pode não agradar a todos. Mas, particularmente, eu me interesso cada vez mais por jogos pacíficos, cujos verbos principais não são “atacar” e “matar”. E, neste escopo, Disney Illusion Island é simplesmente sublime.

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Talvez ele não tenha combate para ser um jogo family friendly — afinal, são personagens da Disney, e ele tem multiplayer local para 4 players. Seja qual for o motivo, combate não faz falta aqui. Pular, mergulhar e explorar já é bom demais.

Capricho até nos mínimos detahes

Disney Illusion Island é um jogo lindíssimo. Sua estética remete ao estilo mais moderno das animações da Disney, que é um pouco mais estilizada, mas mantém a identidade visual dos personagens intacta.

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As animações, todas desenhadas à mão, são muito detalhadas e charmosas. Ainda que todos os personagens sejam iguais em termos de gameplay, cada um se mexe de um jeito, manifesta suas habilidades de uma maneira única. A Minnie, por exemplo, plana graciosamente segurando uma sombrinha, enquanto o Pateta faz isso abraçado a um tubo de mostarda (?!) e o Donald “bate as asas” segurando duas penas enormes.

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Pateta e seu tubo de mostarda

Acho que, em termos de visual, a única escorregada do jogo é o tamanho dos personagens. Eles podem ficar muito pequenos na tela, caso a câmera esteja mais afastada. Isso não chega a incomodar quando jogamos na TV, mas estamos falando de um exclusivo do Nintendo Switch, o que torna jogar em modo portátil um pouco confuso.

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Repare como o Mickey está pequenino nesta imagem

O level design é primoroso, e consegue utilizar todas as habilidades de forma muito orgânica e bem integrada aos ambientes. O mapa é enorme, mas há checkpoints a rodo, de modo que você nunca perde mais do que um ou dois minutos de progresso em caso de falha. O único ponto negativo no mapa é a falta de um sistema de fast travel — que até existe, mas só é liberado na reta final do jogo.

A trilha sonora orquestrada é agradável e variada, e tem bem a vibe dos desenhos animados da Disney. Os efeitos sonoros também são ótimos, e combinam perfeitamente com essa ideia de “estamos controlando um desenho animado”.

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As vozes dos personagens são exatamente as mesmas que a gente conhece, o que é primordial para manter o carisma dos personagens. Eles só falam de verdade em poucas cutscenes, mas os gritos e interjeições que rolam durante o gameplay são um charme extra.

Infelizmente, esse é mais um exclusivo da Nintendo que chega sem localização para o nosso idioma. O que é uma pena, pois, como eu já disse, o humor bobinho dos diálogos super funcionaria em português. Porque a Nintendo se dá ao trabalho de localizar um remake do Kirby, mas não faz o mesmo com jogos melhores e mais relevantes? Jamais saberemos.

Conclusão

Já disse lá no começo do texto e repito: Disney Illusion Island é um dos melhores MetroidVanias 2D dos últimos anos — ao lado de Guacamelee 2 e da série Ori. Leve, divertido e extremamente gostoso de jogar, ele cativa o jogador desde os primeiros minutos, e mantém um ritmo impecável ao longo de toda sua duração.

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Eu demorei pouco mais de 10 horas para terminar o jogo ao londo de três dias, e me diverti do início ao fim. O jogo nunca ficou chato ou cansativo: mesmo quando estava só buscando os colecionáveis que faltavam para fazer 100% do mapa, eu ainda estava adorando a experiência.

Os jogos da Disney marcaram a infância de muita gente, em clássicos como Ducktales, Castle of Illusion e Quackshot. Mas, é fato que Mickey e sua turma deram uma sumida nos últimos tempos (sem contar Kingdom Hearts). Justamente por isso, é ótimo ver que eles estão de volta, melhores e mais divertidos do que nunca.

Análise Arkade: Disney Illusion Island, um MetroidVania 2D delicioso

Disney Illusion Island é delicioso, 100% recomendável e totalmente imperdível para quem tem Nintendo Switch. Que venha uma sequência logo, pois eu quero mais de tudo o que ele me entregou!

Disney Illusion Island foi lançado em 28 de julho, exclusivamente para o Nintendo Switch. O jogo está 100% em inglês.

3 Respostas para “Análise Arkade: Disney Illusion Island, um MetroidVania 2D delicioso”

  • 3 de agosto de 2023 às 16:17 -

    Felipe Barbosa

  • Ótima análise! Eu tinha me interessado por esse jogo antes mesmo de saber que ele era um Metroidvania, agora sabendo e que ainda é muito bom por sinal, quero muito jogá-lo! Pena eu ainda não ter um Switch para isto :/

  • 4 de agosto de 2023 às 05:00 -

    Charles

  • A jogabilidade,design das fases me faz pensar que eles se inspiraram no Rayman Origins

    • 4 de agosto de 2023 às 10:30 -

      Rodrigo Pscheidt

    • O feeling da jogabilidade, da movimentação, é muito similar ao de Rayman. Não duvido que Rayman Origins e Rayman Legends tenham sido grandes inspirações para os desenvolvedores.

      Aliás, um MetroidVania do Rayman seria incrível, hein? Já quero! *-*

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